quarta-feira, 27 de agosto de 2025

O silêncio cúmplice da imprensa diante da aberração jurídica

Foto: Gerada por IA

Por Gleisson Coutinho

O Brasil vive um dos momentos mais sombrios de sua história recente. Não pela ausência de leis, tampouco pela falta de instituições, mas pelo desvirtuamento daquilo que deveria ser o pilar da República: a Constituição. O que se vê hoje é um verdadeiro espetáculo de arbitrariedades, decisões judiciais travestidas de legalidade, mas carregadas de viés político e ideológico.

Diante desse cenário, a imprensa brasileira, que deveria ser o primeiro bastião de resistência em defesa da democracia, cala-se. Não noticia, não analisa, não confronta. Esse silêncio não é apenas omissão é conivência. Um jornalismo que se omite diante de um país sendo deformado pelo abuso de poder perde sua função social e caminha para a irrelevância.

Ao fingir normalidade, a mídia se coloca ao lado daquilo que um dia também a atingirá. Pois, ao alimentar a cobra do autoritarismo judicial, será fatalmente picada por ela. O jornalismo que hoje escolhe a conveniência do silêncio será, em breve, vítima da mesma mordaça que ajudou a legitimar.

Falo isso com o coração partido. Não como militante, não como torcedor de lados políticos, mas como cidadão que enxerga a Constituição sendo diariamente reinterpretada para caber em projetos pessoais e ideológicos. O Supremo Tribunal Federal, órgão máximo de justiça do país, deveria ser guardião da Constituição; no entanto, em muitas ocasiões, atua como legislador e censor, extrapolando sua função.

Estamos em tempos difíceis. A democracia não morre de um golpe imediato, mas sim de pequenas rachaduras, legitimadas pelo silêncio daqueles que deveriam denunciá-las. Hoje, esse silêncio vem do jornalismo brasileiro. Amanhã, poderá ser do cidadão comum.


Fonte: A Redação