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Foto: Gerada por IA |
Por Gleisson Coutinho
O Brasil vive um dos momentos mais sombrios de sua história
recente. Não pela ausência de leis, tampouco pela falta de instituições, mas
pelo desvirtuamento daquilo que deveria ser o pilar da República: a
Constituição. O que se vê hoje é um verdadeiro espetáculo de arbitrariedades,
decisões judiciais travestidas de legalidade, mas carregadas de viés político e
ideológico.
Diante desse cenário, a imprensa brasileira, que deveria ser o primeiro bastião de resistência em defesa da democracia, cala-se. Não noticia, não analisa, não confronta. Esse silêncio não é apenas omissão é conivência. Um jornalismo que se omite diante de um país sendo deformado pelo abuso de poder perde sua função social e caminha para a irrelevância.
Ao fingir normalidade, a mídia se coloca ao lado daquilo que
um dia também a atingirá. Pois, ao alimentar a cobra do autoritarismo judicial,
será fatalmente picada por ela. O jornalismo que hoje escolhe a conveniência do
silêncio será, em breve, vítima da mesma mordaça que ajudou a legitimar.
Falo isso com o coração partido. Não como militante, não
como torcedor de lados políticos, mas como cidadão que enxerga a Constituição
sendo diariamente reinterpretada para caber em projetos pessoais e ideológicos.
O Supremo Tribunal Federal, órgão máximo de justiça do país, deveria ser
guardião da Constituição; no entanto, em muitas ocasiões, atua como legislador
e censor, extrapolando sua função.
Estamos em tempos difíceis. A democracia não morre de um
golpe imediato, mas sim de pequenas rachaduras, legitimadas pelo silêncio
daqueles que deveriam denunciá-las. Hoje, esse silêncio vem do jornalismo
brasileiro. Amanhã, poderá ser do cidadão comum.
Fonte: A Redação