sábado, 28 de agosto de 2021

Raio-X: Anestesista Cleudson Montali é condenado a mais de 104 anos de prisão

Julgado em Penápolis, médico terá que pagar, ainda, multa de R$ 947 mil; investigação apura possíveis desvios em contratos na área de saúde


Apontado pela Justiça como líder da organização criminosa acusada de desviar o dinheiro público destinado a área da saúde, o médico anestesista Cleudson Garcia Montali foi condenado a 104 anos, dois meses e ainda 20 dias de prisão. A decisão é da Justiça de Penápolis. Ele ainda responde a processo em outras cidades, como Birigui.

A decisão, que ainda é de primeira instância e poderá ser reformada em outros julgamentos, também condenou o médico a pagar uma indenização de R$ 947 mil aos cofres públicos locais. Nesta ação, o médico acabou sendo inocentado de acusações como fraude processual e movimentação de propriedade de bens.

Montali e outras pessoas respondem a processos por possíveis práticas dos crimes de organização criminosa, peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e fraude à licitação no âmbito da Operação Raio X.

Por meio da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Birigui e Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pacaembu, Cleudson Montali celebrou contratos de gestão mediante licitações fraudulentas com o poder público para administrar a saúde de diversos municípios e desviando parte do dinheiro repassado por força do contrato de gestão às referidas Organizações Sociais.

ESQUEMA

As investigações descobriram um esquema de desvio de dinheiro público sofisticado por meio de contratos de gestão não apenas no município de Birigui, mas em diversos municípios do estado de São Paulo e também em outros estados. A organização criminosa, mediante acordos previamente firmados com as prestadoras de serviços contratadas, desviou grande parte das quantias repassadas às Organizações Sociais, ora por meio de superfaturamentos, ora por meio de serviços não executados, sempre mediante emissão de notas frias.

Os atos criminosos teriam ocorrido de maneira reiterada, sendo que parte do dinheiro desviado foi objeto de lavagem de dinheiro. Além dos crimes citados, as investigações apontaram também que os alvos da operação teriam praticado crimes de corrupção ativa e passiva, além de falsidades ideológicas.

A investigação, que durou dois anos e culminou com a prisão de mais de 50 pessoas, apontou que as organizações sociais de Cleudson cresceram rapidamente e fecharam contratos em 27 cidades de quatro estados: Pará, Paraíba, Paraná e São Paulo.

Conforme a investigação, a quadrilha, que tinha a participação de políticos, desviou R$ 500 milhões, que deveriam ter sido investidos em hospitais e no tratamento da Covid-19. Em muitas das vezes, os políticos estariam envolvidos para ajudar na primeira fase do esquema, o fechamento de contratos com o poder público.

Fonte: Folha da Região