A CPI da Saúde definiu que Marli e
Santana serão confrontados na segunda-feira, dia 15 agosto, às 10h na Câmara
Legislativa
A
acareação entre o vice-governador, Renato Santana, e a presidente da SindSaúde,
Marli Rodrigues, está marcada. Ao traçar o cronograma de depoimentos dos
principais personagens no escândalo dos grampos, a CPI da Saúde definiu que
Marli e Santana serão confrontados na segunda-feira, dia 15 agosto, às 10h na
Câmara Legislativa. ...
Em
função das contradições nos depoimentos, o presidente da comissão, deputado
distrital Wellington Luis (PMDB), classifica a acareação como prioridade na
investigação. “Respeito é uma via de mão dupla. Não vou chamar de reunião
conjunta. Então o termo é acareação mesmo. Fomos surpreendidos com novas
gravações que deixaram claro que eles mentiram. Por que sonegam informações?
Fiquei muito decepcionado. Eles mentiram em frente dos parlamentares”, afirmou.
Santana
e Marli são os principais personagens nas polêmicas gravações que levantaram a
suspeita de um esquema de corrupção
dentro do governo Rollemberg, com raízes da
Secretaria de Saúde. A gravação dos áudios foi coordenada por Marli.
Depoimentos
Mas
antes da acareação, os deputados esperam colher o depoimento de outro
personagem do caso. A princípio, a CPI convocou o ex-subsecretário de
Infraestrutura e Logística da pasta da Saúde, Marcos Júnior. Segundo Marli, ele
teria desenhado o fluxograma da propina dentro do governo. Júnior assumiu a
autoria do rascunho, mas negou que fosse o detalhamento de um esquema de corrupção.
Segundo ele, o desenho mostraria as indicações políticas dentro do governo.
Ontem
a comissão recebeu a informação de que Júnior teria entrado com um Habeas
Corpus para ter o direito de ficar calado. Os parlamentares prometeram recorrer
judicialmente. Caso não consigam ouvir o ex-subsecretário, decidiram convocar o
jornalista Caio Barbieri, que teria apoiado Marli na produção das gravações. Em
função do escândalo, Barbieri foi exonerado pelo governo.
Ainda
sem provas concretas
Em
tom de despedida, o deputado distrital Roosevelt Vilela (PSB) voltou a
enfatizar que até o momento não foram apresentadas provas concretas do caso.
Suplente, o parlamentar deixará a Casa em função da volta de Joe Valle (PDT) na
próxima semana.
Membro
fiel da base governista, Vilela defendeu o mantra de que o escândalo seria na
verdade um ataque político contra o governo, e principalmente, contra o projeto
de contratação de Organizações Sociais (OSs) para serviços na Saúde. “Não tenho
bola de cristal. Mas até agora não tivemos nada de concreto na CPI”, afirmou.
O
parlamentar destacou que Marli apresentou várias contradições no primeiro
depoimento. “Gente, em português claro: Essa muher é uma fofoqueira. Não quero
desrespeitar niguém. Se algo for provado, vamos punir exemplarmente”, disparou.
Mesmo
assim, dentro do governo o caso vem gerando desgate. Ao invés de tocar
projetos, dezenas de técnicos e estrategistas estão gastando tempo em esforços
na CPI.
Cadê
a documentação?
A
CPI havia pedido o compartilhamento de provas ao Ministério Público do DF. Na
reunião de ontem, os distritais receberam a informação de que o órgão teria
repassado a documentação para o Ministério Público Federal. Até ontem a CPI não
teria recebido nada do MP. Por isso, a comissão decidiu fazer a solicitação do
conteúdo para o MPF.
Calendário
No
dia 18 de agosto, a CPI decidiu convocar o ex-secretário de Saúde, Fábio
Gondim. Em uma gravação feita por Marli, o antigo gestor da pasta fez diversas
críticas ao governo, chegando a declarar que existe um “meio podre” dentro da
secretaria.
A
comissão decidiu ouvir o atual subsecretário de Infraestrutura e Logística da
secretaria, Marcello Nóbrega, e o ex-diretor do Fundo de Saúde, Ricardo
Cardoso. As oitivas serão individuais. Conforme as possibilidades, uma em 19
outra em 25 de agosto.
O
escândalo gerou uma rachadura na aliança entre PSB e PSD. Apesar das lideranças
dos partidos negarem oficialmente, membros das duas legendas estão em estado de
guerra. Nas gravações, Santana faz abertamente avaliações e comentários duros
contra o governador e o GDF.
O
GDF estuda retaliações. Uma delas é criar a Secretaria das Cidades e entregá-la
para o PSB. A pasta será responsável pela coordenação das administrações
regionais. O espaço era desejado pelo PSD desde a corrida eleitoral em 2014.
Fonte:
JORNAL DE BRASÍLIA