quinta-feira, 7 de abril de 2016

Ministro aposentado do STJ destaca avanços no projeto do novo Código de Processo Penal

Hamilton Carvalhido participou, nesta quarta-feira (6), da primeira audiência da comissão especial sobre o novo código

Projeto de lei (PL 8045/2010), de autoria do Senado, que dispõe sobre o novo Código de Processo Penal, avança ao implantar um sistema processual acusatório. A afirmação é do ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça Hamilton Carvalhido. O assunto foi debatido durante a primeira audiência pública da comissão especial que analisa projeto de lei (8045/10) sobre novo código.
Na prática, a mudança significa que o juiz deixa de ser responsável por investigar e colher provas e passa a se preocupar apenas com o julgamento do caso. Com a alteração, o réu passa a ser visto como sujeito de direitos e não apenas como objeto do processo. Na visão de Carvalhido, a medida tira o caráter autoritário do sistema judiciário.
"O Brasil reclama há muito tempo a substituição de um código de matiz, de origem autoritária, por um código de processo penal ajustado àquilo que a gente chama de princípios e exigências do Estado democrático
de direito. Então nós precisamos superar essa herança autoritária e ajustarmos esse nosso código de processos às exigências de um verdadeiro Estado democrático de direito."
Mas o ex-procurador regional da República Eugênio Pacelli de Oliveira alertou que é preciso desconstruir a ideia de que o Código Penal irá resolver todas as questões de segurança.
"Eu posso até aumentar o número de cadeias, aumentar o número de penitenciárias, punir mais. Isso não vai diminuir mesmo a quantidade de crimes. Acho que a primeira decisão é: nós não vamos resolver criminalidade com direito penal. Nós devemos melhorar a aplicação da lei, de tal modo que os inocentes não sejam tão perturbados e que os culpados sejam efetivamente punidos."
O Código de Processo Penal dispõe sobre trâmites legais do julgamento de um crime. O atual código é de 1941. O relator na comissão, deputado João Campos, do PRB goiano, avaliou positivamente os trabalhos da primeira reunião.
"Penso que nós estamos inaugurando com muito acerto os trabalhos relacionados com a reforma do Código de Processo Penal nesta Casa. As manifestações iniciais dos nossos convidados enriqueceram muito e já de plano nós temos muitas contribuições."
A comissão ainda irá ouvir a Advocacia-Geral da União, a Controladoria-Geral da União, a Defensoria-Pública da União e o Ministério Público da União.

Reportagem – Ana Gabriela Braz