quinta-feira, 17 de março de 2016

Arruda depõe por 2 h e nega suborno no escândalo do mensalão do DEM

Ex-governador do DF é acusado de pagar para testemunha negar fatos. Político foi preso em 2010 por 'atrapalhar investigações', segundo Justiça.

O ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM e atualmente no PR) prestou depoimento nesta quinta-feira (17) em um dos processos da Operação Caixa de Pandora. Durante duas horas, ele se defendeu das acusações de que tentou subornar o jornalista Edson Sombra, uma das principais testemunhas do escândalo do mensalão do DEM.

De acordo com o Ministério Público, um emissário de Arruda (Antônio Bento) entregou R$ 200 mil – a mando do político – em uma lanchonete do Sudoeste para que ficasse calado. Ao todo, o MP diz que o ex-governador ofereceu R$ 1 milhão e uma linha de crédito do BRB para que Sombra mentisse à polícia e dissesse que tudo o que tinha sido delatado por Durval Barbosa era inventado.
A Justiça entendeu que as tratativas eram uma forma de tentar atrapalhar as investigações. Em 2010, todos os envolvidos foram presos e ficaram dois meses na cadeia.
No depoimento, Arruda disse que tudo foi inventado porque "contrariou interesses" enquanto esteve à frente do governo. Declarou ainda
que um bilhete para Sombra, uma evidência apontada como prova, foi retirada do contexto.
Também são acusados de corrupção de testemunha e falsidade ideológica o ex-distrital Geraldo Naves, o ex-secretário de Comunicação, Rodrigo Arantes, o ex-secretário particular de Arruda, Rodrigo Arantes, o ex-conselheiro do Metrô, Antônio Bento, e o ex-presidente da fundação da CEB, Haroldo Brasil.

Mensalão do DEM

O suposto esquema do mensalão do DEM de Brasília foi descoberto depois que a PF deflagrou, em novembro de 2009, a operação Caixa de Pandora, para investigar o envolvimento de deputados distritais, o então governador Arruda e o vice dele, Paulo Octavio (sem partido, ex-DEM), e outros integrantes do GDF. Octavio e Arruda sempre negaram envolvimento com o suposto esquema de propina.
Embora não haja vídeos que apontem o elo do ex-governador Joaquim Roriz com o suposto esquema, ele também foi processado porque era o governador em 2003, quando começaram os repasses a Arruda, segundo o delator Durval Barbosa. De acordo com a Justiça, há indícios da participação de integrantes do governo.
Arruda chegou a ser preso, deixou o DEM para não ser expulso e foi cassado pela Justiça Eleitoral. Paulo Octávio renunciou ao cargo para defender-se das acusações. Durante meses, o DF esteve ameaçado de intervenção federal, devido ao suposto envolvimento de deputados distritais, integrantes do Ministério Público e do Executivo com o esquema denunciado por Durval Barbosa.


Fonte: G1