
Sete
em cada 10 moradores do Distrito Federal estão insatisfeitos com a Câmara
Legislativa. Segundo pesquisa do Instituto Exata de Opinião Pública (Exata OP),
69,5% dos brasilienses estão insatisfeitos com o desempenho dos deputados
distritais. Em outras palavras, a cada 10 cidadãos, praticamente, declaram-se
decepcionados com os parlamentares, seja pela falta de fiscalização,
desperdício de dinheiro público ou ineficiência.
Ataxa
de reprovação popular foi medida em pesquisa do Instituto Exata de Opinião
Pública (Exata OP). No dia 29 de julho, pesquisadores colheram as opiniões de
600 pessoas. A reprovação concreta da população mostra que ainda falta muito
para que os distritais façam por merecer os votos conquistados, aos
olhos dos
brasilienses. De fato, ao longo das últimas legislaturas, a Câmara coleciona
crises e escândalos e não conseguiu emplacar agendas positivas sólidas junto à
população.
Para
mapear a percepção popular, os entrevistadores perguntaram: “Com relação aos
trabalhos dos deputados distritais, o (a) senhor(a) estão...? Sem poupar
queixas, 39,2% das pessoas ouvidas sentenciaram que estão totalmente
insatisfeitas. Na sequência, 30,3% afirmaram estar pouco satisfeitos com a
performance política dos legisladores. O desgaste público é consequência dos
sucessivos escandâlos envolvendo o Poder Legislativo a partir de desvios de
conduta dos distritais.
Somente
25,8% dos entrevistados declararam estar razoavelmente contentes em relação aos
trabalhos dos distritais. E para o vexame do Legislativo, ínfimos 1,3% dos
entrevistados disseram estar muito satisfeitos. Ou seja, a atual cepa de
parlamentares não consegue garantir que nem mesmo um cidadão do Distrito
Federal esteja plenamente satisfeito com os rumos e atividades políticas da
Câmara.
Impeachment
e Petrobras
Ao
longo das últimas semanas, a parceria entre o Exata OP e o Jornal de Brasília
vem detalhando as principais percepções políticas dos brasilienses. As
pesquisas apontaram que a maioria da população já é favorável à abertura de
processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff em função do
escândalo do Petrolão; a maior parte dos brasilienses considera que Dilma e o
ex-presidente Lula sabiam do esquema de corrupção na Petrobras antes das
investigações da Operação Lava Jato; e a tese da redução da maioridade penal
encontra respaldo em 75,1% da população.
Hora
de fiscalizar e poupar
O caminho
para que os eleitores fiquem satisfeitos com a Câmara não passa pela
apresentação de projetos no plenário. Segundo a pesquisa de opinião pública do
Exata OP, o que os brasilienses mais cobram dos deputados distritais é maior
fiscalização do governo e economia com as despesas internas da Câmara.
De
acordo com a pesquisa, ficou claro que a população espera, principalmente, que
os distritais estejam de olho e acompanhem de perto os rumos do Palácio do
Buriti. A população deseja que os distritais não deixem que o governo local
desperdice recursos públicos, não ceda a tentações da corrupção e que cumpra as
promessas, tanto aquelas que foram feitas durante a eleição, quanto as novas
que surgem no cotidiano do governo.
Peso
da austeridade
O
segundo ponto estratégico nas percepções do povo é a valorização da austeridade
e do respeito com o dinheiro público. Entre os 600 entrevistados de todos os
segmentos sociais, 32,5% defenderam que a postura mais relevante para um
deputado distrital é a economia com as gastos legislativos em todos os
sentidos, passando pela verba de gabinete e a verba indenizatória.
O
desempenho dos parlamentares no plenário com a apresentação de projetos fica em
terceiro plano, com destaque para apenas 29,2% dos entrevistados. Ou seja,
apesar da importância dos distritais na elaboração, atualização e discussão das
leis do DF, o que a população realmente espera é que eles sejam fiscais e
exemplos de postura ética e política.
Neste
semestre, o Buriti pretende levantar um série de projetos polêmicos e aumentos
de impostos na Câmara, como reajustes do IPTU e da Taxa de Limpeza Pública. A
pesquisa indica que o aumento de gastos não é prioridade.
Só
depende dos distritais
Mesmo
com a alarmante taxa de descontentamento, a população reconhece que a Câmara é
importante. Destrinchando a pesquisa de opinião, 75,1% dos brasilienses não têm
dúvidas da relevância do Legislativo. Isso significa que sete em cada 10
cidadãos avaliam que Câmara tem papel estratégico para o DF.
A
maior parte dos entrevistados avalia que a Câmara é muito significativa no
xadrez político e social da capital. Em números, 38,8% das pessoas ouvidas
fizeram esta avaliação. Em segundo lugar, 36,3% brasilienses acham que o
Legislativo é importante.
Espaço
para reconstruir
Apenas
12% dos entrevistados classificaram a Câmara como pouco relevante. Por fim,
11,2% responderam que o Legislativo não tem importância para o DF.
Considerando
a série histórica de crises legislativas, estas taxas são reveladoras. Indicam
que há espaço para a reconstrução da imagem da Câmara.
Para
sepultar os apelidos de “Casa dos Horrores” e “Puxadinho do Buriti”, os
distritais não dependem do Ministério Público, Tribunal de Justiça ou outras
instituições protagonistas do DF. A partir da expressiva avaliação de
importância do Legislativo, os parlamentares dependem dos próprios esforços.
Ainda
pouco conhecida
A
distância entre a Câmara e a população é considerável. Conforme a pesquisa de
opinião pública, quatro em cada 10 brasilienses têm pouco conhecimento das
atividades e atribuições de um parlamentar.
Segundo
o levantamento, 38,3% dos entrevistados disseram ter pouco conhecimento sobre o
que faz e quais são as atividades de um deputado e 6,2% confessaram não ter
nenhum conhecimento.
Do
outro lado da moeda, seis em cada 10 brasilienses sabem quais são as
funções dos parlamentares. Nesse sentido, 48,5% afirmaram ter conhecimento
suficiente, enquanto outros 6,2% alegaram ter muito conhecimento sobre o
Legislativo.
Celina
quer autocrítica e aproximação
Em
busca da aprovação da opinião púbica, a Câmara Legislativa deverá intensificar
as ações de aproximação e comunicação com a população. A estratégia pelo
reforço do projeto Câmara em Movimento e a realização mais visitas técnicas de
fiscalização dos principais problemas do DF, a exemplo de hospitais públicos
sucateados e ruas esburacadas. Na avaliação da presidente da Câmara, deputada
distrital Celina Leão (PDT), a “bronca das ruas tem fundamento”, em função do
histórico de polêmicas e crises do Poder Legislativo.
“Nós
passamos por vários processos que, realmente, colocaram a Câmara Legislativa em
uma posição muito ruim”, comentou Celina. Segundo ela, a reprovação dos
brasilienses seria ainda mais profunda se a Casa não tivesse começado a mudar
de postura no semestre passado com ações de transparência, fiscalização e
questionamento a agenda do GDF, principalmente nos debates em relação a aumento
de impostos.
“Se
essa pesquisa fosse feita alguns meses atrás o resultado iria ser muito pior
para a Câmara”, julgou a presidente. Celina afirmou que nunca teve dúvidas
sobre a relevância da fiscalização. “Sempre falei isso, desde o começo do
mandato. É para isso que existe este Poder. Eu sempre falei isso para o
governador Rodrigo Rollemberg: eu nunca vou abrir mão da minha função
fiscalizatória. As pessoas cobram isso da gente”.