A intenção é ouvir o que ele tem a dizer sobre
corrupção na estatal a partir de 1997.
O relator da CPI da Petrobras, deputado Luiz
Sérgio, do PT do Rio de Janeiro, defende a convocação do ex-gerente executivo
de Engenharia da empresa Pedro Barusco. Barusco é um dos delatores da Operação
Lava-jato e disse à Polícia Federal que o esquema de corrupção na estatal teria
começado em 1997. A CPI foi instalada nesta quinta-feira com a finalidade de
investigar irregularidades cometidas apenas a partir de 2005.
"Ocorreram declarações como a do Barusco, que
fez a delação premiada e afirmou que muito antes do governo do presidente Lula
já cometia esses delitos. Como ele está no foco da investigação seria de bom
tamanho que ele pudesse
explicar como se deu isso anterior ao governo
atual."
Mas para que o delator seja interrogado, os membros
da comissão têm antes que aprovar requerimento neste sentido. Os requerimentos
só poderão ser apresentados à CPI a partir da próxima segunda-feira (2). E a
primeira reunião para votar esses pedidos vai ocorrer na quinta-feira da semana
que vem. Nesse dia, Luiz Sérgio vai apresentar seu plano de trabalho, ou seja,
vai dizer como pretende conduzir as investigações.
A convocação de Barusco é defendida pelo deputado
Afonso Florence, do PT da Bahia.
"Se há um réu confesso que diz que começou a
prática de corrupção nos anos 90, vamos precisar essa informação e que, se
confirmada, a retroatividade será condição fundamental para que a investigação
seja profunde."
O deputado Antonio Imbassahy, do PSDB da Bahia, não
quis antecipar os requerimentos que serão apresentados pela oposição e disse
que não se opõe a ampliar o período de investigação, desde que haja provas de
que havia um esquema de corrupção durante o mandato do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso parecido com o que o Ministério Público investiga atualmente,
referente ao período de mandato dos presidentes Lula e Dilma.
"Na medida em que haja a comprovação de que
houve uma quadrilha organizada nos moldes do que houve no governo do PT, tem
que retroagir."
A comissão foi instalada nesta quinta, com a
eleição do presidente, deputado Hugo Motta, do PMDB da Paraíba. Motta concorreu
com o deputado Ivan Valente, do PSOL de São Paulo, que se apresentou como
candidato no início da sessão e apresentou questão de ordem pedindo o
afastamento de todos os integrantes da comissão que receberam doações de
campanha das empresas investigadas pela Operação Lava-Jato. A questão de ordem
foi negada e a maioria dos deputados presentes argumentou que doações legais
não poderiam ser criminalizadas.
O próprio relator da CPI, deputado Luiz Sérgio,
admitiu ter recebido doações de empreiteiras investigadas na Operação Lava-jato
e negou que isso vá influir em seu trabalho.
"O fato de ter recebido recursos, como manda a
legislação, das empresas não me coloca na condição de advogado delas."
Na próxima quinta Luiz Sérgio vai dizer se pretende
criar sub-relatorias para a comissão.
Reportagem
— Antonio Vital
Fonte:
RADIOAGÊNCIA