sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Relator da CPI da Petrobras quer convocar delator Pedro Barusco

A intenção é ouvir o que ele tem a dizer sobre corrupção na estatal a partir de 1997.
O relator da CPI da Petrobras, deputado Luiz Sérgio, do PT do Rio de Janeiro, defende a convocação do ex-gerente executivo de Engenharia da empresa Pedro Barusco. Barusco é um dos delatores da Operação Lava-jato e disse à Polícia Federal que o esquema de corrupção na estatal teria começado em 1997. A CPI foi instalada nesta quinta-feira com a finalidade de investigar irregularidades cometidas apenas a partir de 2005.
"Ocorreram declarações como a do Barusco, que fez a delação premiada e afirmou que muito antes do governo do presidente Lula já cometia esses delitos. Como ele está no foco da investigação seria de bom tamanho que ele pudesse
explicar como se deu isso anterior ao governo atual."
Mas para que o delator seja interrogado, os membros da comissão têm antes que aprovar requerimento neste sentido. Os requerimentos só poderão ser apresentados à CPI a partir da próxima segunda-feira (2). E a primeira reunião para votar esses pedidos vai ocorrer na quinta-feira da semana que vem. Nesse dia, Luiz Sérgio vai apresentar seu plano de trabalho, ou seja, vai dizer como pretende conduzir as investigações.
A convocação de Barusco é defendida pelo deputado Afonso Florence, do PT da Bahia.
"Se há um réu confesso que diz que começou a prática de corrupção nos anos 90, vamos precisar essa informação e que, se confirmada, a retroatividade será condição fundamental para que a investigação seja profunde."
O deputado Antonio Imbassahy, do PSDB da Bahia, não quis antecipar os requerimentos que serão apresentados pela oposição e disse que não se opõe a ampliar o período de investigação, desde que haja provas de que havia um esquema de corrupção durante o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso parecido com o que o Ministério Público investiga atualmente, referente ao período de mandato dos presidentes Lula e Dilma.
"Na medida em que haja a comprovação de que houve uma quadrilha organizada nos moldes do que houve no governo do PT, tem que retroagir."
A comissão foi instalada nesta quinta, com a eleição do presidente, deputado Hugo Motta, do PMDB da Paraíba. Motta concorreu com o deputado Ivan Valente, do PSOL de São Paulo, que se apresentou como candidato no início da sessão e apresentou questão de ordem pedindo o afastamento de todos os integrantes da comissão que receberam doações de campanha das empresas investigadas pela Operação Lava-Jato. A questão de ordem foi negada e a maioria dos deputados presentes argumentou que doações legais não poderiam ser criminalizadas.
O próprio relator da CPI, deputado Luiz Sérgio, admitiu ter recebido doações de empreiteiras investigadas na Operação Lava-jato e negou que isso vá influir em seu trabalho.
"O fato de ter recebido recursos, como manda a legislação, das empresas não me coloca na condição de advogado delas."
Na próxima quinta Luiz Sérgio vai dizer se pretende criar sub-relatorias para a comissão.
Reportagem — Antonio Vital


Fonte: RADIOAGÊNCIA