Entrou em vigor medida do Confaz
que atualizou valor de referência do combustível no DF em 8,5%. Brasilienses já
encaram valor de R$ 3,54 em alguns postos do DF desde a meia-noite. Empresários
do setor já temem novos aumentos
.
Abastecer o carro fica ainda mais caro para os brasileiros a partir desta
segunda-feira (23/2). O preço dos combustíveis passa pelo segundo reajuste do
ano em menos de um mês, conforme reportagem do Correio havia adiantado na sexta-feira
(20/2). Já na madrugada de hoje, alguns postos do Distrito Federal cobravam R$
3,54 por litro de gasolina, um aumento de 2,60% em relação ao preço anterior,
de R$ 3,45. O etanol saltou de R$ 2,55 para R$ 2,74, uma alta de 7,45%.
Frentistas afirmaram que os novos preços já entraram em vigor à meia-noite.
Alguns postos ainda mantêm o preço antigo, mas devem ser reajustados ao longo
do dia. Logo, os brasilienses que fizerem uma boa pesquisa ainda conseguem
encontrar o combustível no valor antigo.
Desde a segunda-feira passada, entrou em vigor decisão do Conselho Nacional de
Política Fazendária (Confaz), presidido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
e formado pelos secretários de Fazenda, que atualizou o valor de referência para
a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas
refinarias em 15 estados e no Distrito Federal. Com isso, o litro da gasolina
teve acréscimo
no preço final.
A nova mexida nas tabelas
dos postos é reflexo da elevação do PIS/Cofins anunciada no início de
fevereiro, que gerou efeito cascata sobre o ICMS. Como o imposto é estadual, o
impacto varia conforme a unidade da Federação. A Secretaria de Fazenda do DF explicou
que a mudança na alíquota do imposto que incide sobre o faturamento das
distribuidoras, o custo médio ao consumidor ficou defasado e precisou ser
ajustado. Com isso, o preço médio ponderado ao consumidor final (PMPF) em
Brasília, que entrou em vigor na última segunda-feira, subiu de R$ 3,19 para R$
3,47, um salto de 8,5%.
Em Mato Grosso do Sul, o PMPF sofreu a maior variação do país, corrigido em
14,11% para a gasolina, 25,45% para o álcool e 27% para o diesel. Por conta dos
ajustes, o consultor técnico do sindicato dos distribuidores (Sinpetro-MS),
Edson Lazaroto, estima que o litro da gasolina pode ficar de R$ 0,11 a R$ 0,15
mais caro. “Os postos ainda não repassaram o reajuste, mas os donos não têm
como absorver isso”, alertou. A expectativa do setor é de que até a próxima
semana a elevação chegue parcialmente às bombas de combustíveis.
O diretor regional em Uberaba (MG) dos representantes de distribuidoras, José
Antônio do Nascimento Cunha, já comprou gasolina R$ 0,08 mais cara na semana
passada, mas teme que o repasse integral do aumento assuste ainda mais o
consumidor. “Minha venda caiu 20% desde janeiro em relação a igual período de
2014. Se aumento muito, vou acumular mais prejuízos”, analisou. Segundo ele, o
cenário está disseminado em todo o estado e pode piorar. “Em 1º de março,
teremos aumento de R$ 0,06 na gasolina, puxado pelo ICMS. Depois, dia 16,
haverá nova pauta da Confaz e o preço da gasolina deve subir de novo”,
completou.
A dificuldade em saber o impacto do PMPF nos postos é que o ICMS incide sobre
os volumes vendidos ao consumidor. “O Confaz calcula um preço médio praticado
pelo mercado sobre o qual o imposto pode ser recolhido ainda na refinaria.
Assim, se o dono do posto cobrar menos do que o estipulado, vai perder
dinheiro”, explicou o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento e
Tributação (IBPT), João Elói Olenike.
Para o advogado Rui Coutinho, ex-presidente do Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade), a incidência do ICMS sobre um valor que já inclui o
PIS/Cofins é uma deturpação do sistema tributário. “É uma barbaridade”, opinou.
Outros especialistas, contudo, ponderam que os postos já podem ter aumentado o
combustível com uma margem superior à prevista pela Petrobras no início de
fevereiro, de R$ 0,22 para gasolina e R$ 0,15 para o diesel, justamente
prevendo esse fato.
Perguntada sobre a possível arrecadação extra com o ICMS, a Receita informou
que as respostas cabem ao Confaz. O conselho, por sua vez, comunicou que as
questões deveriam ser respondidas pelas secretarias de Fazenda.
Fonte:
Correio Braziliense