sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Para Arruda: Juiz é suspeito

Defesa do ex-governador pede a anulação das ações julgadas por Álvaro Ciarlini, titular da 2ª Vara de Fazenda Pública do DF, na Operação Caixa de Pandora, por suposta contaminação do processo. ...

José Roberto Arruda: caso o STJ aceite o recurso, duas ações de improbidade administrativa que envolvem o ex-governador podem ser anuladas.

Álvaro Ciarlini analisa as ações de improbidade da Caixa de Pandora.

José Roberto Arruda, candidato do PR ao Governo do Distrito Federal, recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) com o argumento de que o juiz Álvaro Ciarlini, responsável por sua condenação por improbidade em primeira instância, seria suspeito para julgar todos os processos relacionados à Operação Caixa de Pandora. Caso a Corte acate os argumentos da defesa de Arruda, pelo menos duas ações de improbidade
que envolvem o ex-governador serão anuladas. A decisão pode beneficiar também todos os réus condenados na Operação Caixa de Pandora, Eurides Brito (PMDB), Júnior Brunelli (sem partido) e os deputados Aylton Gomes (PR), Benedito Domingos (PP) e Rôney Nemer (PMDB), julgados por Ciarlini.

A defesa de Arruda pede a ampliação de uma decisão tomada em maio pelo próprio STJ, em benefício de Leonardo Prudente. O ex-deputado distrital, que também responde a processo por suposto envolvimento no escândalo, recorreu ao STJ alegando que Ciarlini estaria agindo com parcialidade na análise do caso. A defesa argumentou que o magistrado teria demonstrado interesse em favorecer o Ministério Público do Distrito Federal, autor da ação, e o STJ acatou as alegações.

Arruda, que foi condenado por improbidade por Álvaro Ciarlini em primeira instância, seria julgado em segundo grau em 25 de junho. Mas os advogados do ex-governador recorreram ao STJ para pedir a paralisação do andamento do processo. O embasamento do pedido foi justamente a decisão tomada pela Corte no processo de Leonardo Prudente. 
Na véspera do julgamento, o ministro do STJ Napoleão Nunes Maia Filho suspendeu o julgamento da 2ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do DF. “Deve o trâmite da ação de improbidade movida contra o requerente José Roberto Arruda ser pronta e imediatamente paralisado”, determinou o ministro. Mas o Ministério Público recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), e o então presidente da Corte, Joaquim Barbosa, revogou a decisão do STJ e liberou a análise do caso de Arruda em segunda instância no Tribunal de Justiça do DF e dos Terrirórios.

Suspensão

Nesta semana, a defesa de Arruda entrou com embargos de declaração sob a alegação de que Álvaro Ciarlini seria suspeito para julgar todas as ações de improbidade que têm o ex-governador como réu. O fundamento é de que, se pesam dúvidas quanto à suspeição do magistrado em relação a Prudente e as ações contra Arruda tratam do mesmo tema, a decisão deve ser ampliada, segundo a avaliação do advogado Edson Smaniotto.

“Uma vez constatado interesse subjetivo por parte do juiz Álvaro Ciarlini pela causa da Caixa de Pandora, não se pode pensar em outra consequência senão a declaração de suspeição do magistrado para processar e julgar todos as ações que tenham como causa a tal operação”, acrescentou Smaniotto. 

Procurado pela reportagem, Álvaro Ciarlini não quis se manifestar sobre os recursos de Arruda ao STJ. Para o Ministério Público, Ciarlini é um juiz diligente e tem agido com isenção, respeitando os prazos legais.


"Uma vez constatado interesse subjetivo por parte do juiz Álvaro Ciarlini pela causa da Caixa de Pandora, não se pode pensar em outra consequência senão a declaração de suspeição do magistrado”

Edson Smaniotto,
advogado de José Roberto Arruda



Fonte: Por HELENA MADER, Correio Braziliense - 15/08/2014 - - 08:10:53