Arruda é um pré-candidato pré-sub judice
A entrada do ex-governador José Roberto Arruda (PR)
na disputa ao Palácio do Buriti deu um norte a direita. Ao mesmo tempo que foi
um baque em pré-candidaturas que disputam o mesmo eleitorado. E bagunçou a
eleição. Arruda é um pré-candidato pré-sub judice. ...
A primeira vítima é a deputada distrital Eliana
Pedrosa (PPS). A parlamentar há três anos se prepara para disputar o Buriti. A
candidatura de Arruda esvazia o projeto de Eliana. Assim, ela vai disputar o
Senado. E será candidata ao GDF em 2018. Ou torcer e esperar uma impugnação de
Arruda pela Justiça Eleitoral.
Eliana vinha crescendo nas últimas pesquisas. Estava
bem posicionada. As chances de ser eleita eram claras. Mas não tem densidade
eleitoral para
disputar com Arruda. O nome do ex-governador ainda é muito
forte.
Arruda tem a seu favor o apoio do ex-governador
Joaquim Roriz (PRTB). A deputada distrital Liliane Roriz (PRTB) será sua vice.
Arruda e Roriz são duas paixões do eleitor brasiliense. Principalmente o de
baixa renda e o da Classe C. O mote de campanha “Sou Roriz, voto Arruda” tem
tudo para pegar.
A chapa tem o apoio ainda do PTB, do senador Gim
Argello. O próximo passo é atrair PSDB, PPS, DEM e PP. Os tucanos têm três
pré-candidatos. Os deputados federais Luiz Pitiman e Izalci Lucas, além do
ex-presidente da legenda, Márcio Machado, estão disputam.
Aécio Neves, candidato a Presidência da República,
terá a palavra final das candidaturas regionais. Arruda tenta atrair o PSDB,
mas Aécio não aceitar dividir palanque com o ex-governador, preso durante a
Operação Caixa de Pandora. Fica ruim para sua candidatura.
O PPS de Eliana tem afinidade com Arruda desde o
tempo em que era presidido pelo deputado federal Augusto Carvalho, hoje no
Solidariedade. A própria Eliana foi secretária de estado no governo Arruda. Mas
o presidente nacional da sigla, Roberto Freire, não quer nem saber do
ex-governador.
Será fácil Eliana fechar com o PSDB ou migrar para
uma coligação com o senador Rodrigo Rollemberg (PSB), também candidato ao
Palácio do Buriti. Caso Arruda fique pelo caminho e Liliane assuma a
candidatura ao governo, a aliança com o PPS e até com o PSDB fica mais fácil de
acontecer.
O DEM, do ex-deputado Alberto Fraga, está fechado com
Eliana. Não descarta também apoiar Arruda. Tudo pode ser conversado e acertado.
E o tempo conspira a favor. Tudo dependerá se Arruda poderá ser ou não
candidato.
O PP tem como principal nome o ex-governador Paulo
Octávio. O partido atualmente faz parte da base aliada de Agnelo. A legenda
adiou a decisão sobre posicionamento nas Eleições 2014. Vai esperar a montagem
das chapas ou lançar candidato próprio. Assim valoriza o passe e costura os
melhores acordos.
A cúpula do PT acusou o golpe. O que antes era o
melhor cenário de disputa para a reeleição Agnelo Queiroz, virou um pesadelo. O
assunto na cidade é a candidatura de Arruda. E a estratégia petista mudou.
O PT vai usar da influência de estar no poder para
tirar Arruda da disputa. O governador procurou o ministro-chefe da
Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para pedir uma forcinha.
Além de pressão no judiciário, outra frente será acionada. Jornalistas e órgãos
de imprensa pendurados ao Palácio do Planalto vão cair em cima do Arruda. A
fábrica de dossiês está em pleno vapor.
Se a operação para tirar Arruda surtir efeito,
Liliane será alçada a condição de candidata. Arruda será vitimizado e fará o
seu teatro nos palanques em favor da herdeira da família Roriz. Ele é bom
nisso. E o eleitor adora uma vítima. Acha que pode fazer justiça votando
naquele que se diz perseguido.
O povo vota com a emoção e não com a razão. Ou com a
ração. Mas esse não é o caso do Distrito Federal. Arruda e Roriz causam emoção
ao eleitor. Tem empatia e falam a linguagem dele. Agnelo precisa aprender isso.
Deixar a racionalidade de lado. A razão nem sempre é certa. Tem variáveis. Cada
um tem a sua. E numa eleição, a emoção fala mais alto.
Fonte:
Ricardo Callado - Blog do Callado - 22/03/2014