Mesmo insatisfeitas, associações não vão se posicionar contra
assembleia. Comandante da PM diz considerar negociações 'assunto encerrado'.
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Policiais durante reunião em que decidiram não acatar proposta do GDF (Foto: Isabella Formiga/G1)... |
Representantes de sete associações de policiais
militares e bombeiros do Distrito Federal anunciaram nesta quarta-feira (19)
que vão entregar ao governador Agnelo Queirz uma carta repudiando a forma como
foram concluídas as negociações com a categoria, que pedia reajuste salarial e
reestruturação da carreira. Apesar da insatisfação, os líderes afirmaram que
não vão se posicionar contra o resultado.
“Estamos entristecidos e nos sentido desvalorizados e
traídos”, disse o presidente da Associação de Subtenentes e Sargentos, Ricardo
Pato. O grupo se reuniu pela manhã em Taguatinga.
A categoria fez duas assembleias nesta terça para
discutir a oferta do GDF, de reajuste escalonado de 22% no salário, ao longo de
três anos, e de
mudanças nos auxílios moradia e transporte.
A primeira reunião, em frente ao Palácio do Buriti,
havia terminado com recusa à proposta. Os PMs informaram que rejeitaram a
proposta porque queriam que o aumento ocorresse de forma linear, beneficiando a
todos igualmente. A segunda, pela tarde, ocorrida na tarde de terça no Clube de
Oficiais da PM, a categoria aceitou sem contestações a proposta de reajuste
feita pelo GDF.
Nesta quarta, o GDF publicou dois decretos que
estabelecem os novos valores para os auxílios alimentação e moradia dos
militares, na ativa e aposentados. Para o primeiro, o valor previsto é de R$ 850 a partir de 1º de maio.
Já para o segundo, o pagamento ocorrerá em três etapas, sempre em setembro, a
partir deste ano.
"Assunto superado"
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel
Anderson Moura, afirmou considerar “superado” o processo de negociações com a
categoria, que chegou a fazer operação tartaruga durante três meses para pedir
reajuste salarial e reestruturação da carreira. "Para nós está muito
tranquilo, esse assunto já está superado", disse.
O coronel também afirmou considerar ter maior
validade a segunda reunião, fechada para apenas 70% do efetivo - entre
oficiais, subtenentes e sagentos, na qual a proposta foi acatada.
"Temos um grupo de soldados e cabos que estão
demonstrando alguma insatisfação. Mas fizemos uma reunião ontem com todos os
oficiais, subtenentes e sargentos, que seriam quase 70% do efetivo, que são os
grandes beneficiados com o reajuste do governo", disse.
Policiais militares do DF votam a favor de proposta
de reajuste do GDF em assembleia realizada na tarde desta terça (18) (Foto:
Ricardo Moreira/G1)
"Todo mundo recebeu reajuste. Mas eles
[insatisfeitos] têm que entender que existe uma carreira e a gente tem que
privilegiar os mais antigos. Ele vai passar o maior tempo como subtenente, que
é o fim da carreira. Soldado é o começo", completou o comandante.
Segundo Moura, mesmo aberta para todos os militares,
a primeira reunião não teve validade "porque reuniu muita gente que não é
da corporação". "Não posso deixar que pessoas alheias à corporação
falem por nós e tragam prejuízos à polícia. Havia apenas 2 mil pessoas lá, um
número insignificante. E a maioria era de candidatos reprovados e que querem
entrar na PM."
Nova reunião
Membro da base aliada do governo na Câmara, o
deputado Patrício (PT) convocou uma reunião com os praças da Polícia Militar na
Casa nesta quinta-feira. "Não dá para viver, na capital federal, uma
ditadura. Fizeram uma assembleia, com 10 mil homens e mulheres, que vota
contra. Depois, faz-se uma reunião com secretário e comandantes, ligados ao
governo, e dizem que vale."
O distrital, que é cabo da PM, disse considerar a
situação "uma afronta à democracia". Ele afirmou que vai atuar para
barrar as votações de projetos do GDF na Câmara, até que o governo retome as
negociações com a categoria.
Fonte:
Portal G1 DF - 19/02/2014 - - 14:29:34