quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

PMs anunciam carta de repúdio a decretos do GDF sobre reajustes

Mesmo insatisfeitas, associações não vão se posicionar contra assembleia. Comandante da PM diz considerar negociações 'assunto encerrado'.


Policiais durante reunião em que decidiram não acatar proposta do GDF (Foto: Isabella Formiga/G1)...
 Representantes de sete associações de policiais militares e bombeiros do Distrito Federal anunciaram nesta quarta-feira (19) que vão entregar ao governador Agnelo Queirz uma carta repudiando a forma como foram concluídas as negociações com a categoria, que pedia reajuste salarial e reestruturação da carreira. Apesar da insatisfação, os líderes afirmaram que não vão se posicionar contra o resultado.

“Estamos entristecidos e nos sentido desvalorizados e traídos”, disse o presidente da Associação de Subtenentes e Sargentos, Ricardo Pato. O grupo se reuniu pela manhã em Taguatinga.

A categoria fez duas assembleias nesta terça para discutir a oferta do GDF, de reajuste escalonado de 22% no salário, ao longo de três anos, e de
mudanças nos auxílios moradia e transporte.


A primeira reunião, em frente ao Palácio do Buriti, havia terminado com recusa à proposta. Os PMs informaram que rejeitaram a proposta porque queriam que o aumento ocorresse de forma linear, beneficiando a todos igualmente. A segunda, pela tarde, ocorrida na tarde de terça no Clube de Oficiais da PM, a categoria aceitou sem contestações a proposta de reajuste feita pelo GDF.

Nesta quarta, o GDF publicou dois decretos que estabelecem os novos valores para os auxílios alimentação e moradia dos militares, na ativa e aposentados. Para o primeiro, o valor previsto é de R$ 850 a partir de 1º de maio. Já para o segundo, o pagamento ocorrerá em três etapas, sempre em setembro, a partir deste ano.

"Assunto superado"
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Anderson Moura, afirmou considerar “superado” o processo de negociações com a categoria, que chegou a fazer operação tartaruga durante três meses para pedir reajuste salarial e reestruturação da carreira. "Para nós está muito tranquilo, esse assunto já está superado", disse.

O coronel também afirmou considerar ter maior validade a segunda reunião, fechada para apenas 70% do efetivo - entre oficiais, subtenentes e sagentos, na qual a proposta foi acatada.

"Temos um grupo de soldados e cabos que estão demonstrando alguma insatisfação. Mas fizemos uma reunião ontem com todos os oficiais, subtenentes e sargentos, que seriam quase 70% do efetivo, que são os grandes beneficiados com o reajuste do governo", disse.


Policiais militares do DF votam a favor de proposta de reajuste do GDF em assembleia realizada na tarde desta terça (18) (Foto: Ricardo Moreira/G1)

"Todo mundo recebeu reajuste. Mas eles [insatisfeitos] têm que entender que existe uma carreira e a gente tem que privilegiar os mais antigos. Ele vai passar o maior tempo como subtenente, que é o fim da carreira. Soldado é o começo", completou o comandante.

Segundo Moura, mesmo aberta para todos os militares, a primeira reunião não teve validade "porque reuniu muita gente que não é da corporação". "Não posso deixar que pessoas alheias à corporação falem por nós e tragam prejuízos à polícia. Havia apenas 2 mil pessoas lá, um número insignificante. E a maioria era de candidatos reprovados e que querem entrar na PM."

Nova reunião
Membro da base aliada do governo na Câmara, o deputado Patrício (PT) convocou uma reunião com os praças da Polícia Militar na Casa nesta quinta-feira. "Não dá para viver, na capital federal, uma ditadura. Fizeram uma assembleia, com 10 mil homens e mulheres, que vota contra. Depois, faz-se uma reunião com secretário e comandantes, ligados ao governo, e dizem que vale."

O distrital, que é cabo da PM, disse considerar a situação "uma afronta à democracia". Ele afirmou que vai atuar para barrar as votações de projetos do GDF na Câmara, até que o governo retome as negociações com a categoria.


Fonte: Portal G1 DF - 19/02/2014 - - 14:29:34