terça-feira, 17 de dezembro de 2013

PPS mostra as armas ao PSB

Se não pegar, PSDB agradece


A velha foice dos comunistas, despida da ferrugem e com o brilho de quem está prestes a enfrentar muitas batalhas, foi apresentada a Eduardo Campos, governador de Pernambuco, por seu conterrâneo Roberto Freire, presidente do PPS. Da mesa de negociação fluiu o odor socialista. A palavra de ordem é aliança com o PSB. Mas como o tempo urge, a mesma foice pode mirar outras coligações. E pousar suavemente no ninho do PSDB. ...

É assim que podem ser resumidas as longas horas de conversa, nesta segunda-feira 16, entre Freire e Campos. Foram muitos encontros, desde o café da manhã, no Recife, quintal do governador que se apresenta como candidato à sucessão da
presidente Dilma Rousseff. E Freire deixou claro. Na impossibilidade de acordos pontuais, a alternativa será apoiar o tucano Aécio Neves.

Roberto Freire viajou a Recife na companhia de Eliana Pedrosa, presidente do PPS no Distrito Federal. A parlamentar foi apresentada ao governador não como postulante, mas como candidata viável ao Palácio do Buriti em 2014. Esse é um dos pontos que Freire não negocia. Eliana será a futura governadora de Brasília e esperamos contar com o apoio do PSB. Palavras do presidente pepessista.

Resumindo: ou o PSB apoia de imediato a candidatura de Eliana na capital da República, ou perde o apoio dos ex-comunistas em nove estados (onde Eduardo Campos terá palanque individual) e no Brasil como um todo, para respaldar o nome do governador de Pernambuco. Eduardo sinalizou que precisa de tempo. Abriu a guarda. E Freire apresentou mais duas faturas: apoio também no Amazonas e no Maranhão.

A conversa entre os dois foi longa, com direito a intervalos e a participação de assessores diretos. Começou no salão de eventos do Recife Praia Hotel, na paradisíaca praia de Boa Viagem; passou pelo restaurante Leite, tradicional reduto de políticos, e voltou, sob o olhar curioso de uma Lua Cheia, à orla do mar. Mas acordo, que é bom, não saiu.

A relutância de Eduardo Campos em se manifestar acerca de uma coligação imediata deixa Roberto Freire e seus seguidores em estado de alerta. No PPS muita gente vê o governador de Pernambuco como cria do lula-petismo amplamente combatido pelos ex-comunistas. Pior. Muitos entendem que o PSB é um clone do PT que não abre espaço aos aliados.

No frigir dos ovos, ficou claro o indicativo de apoio do PPS a Eduardo Campos. Mas o PSB prefere caminhar como as lentas águas dos rios Capibaribe e Beberibe. Pretende deixar tudo para um minicongresso programado para abril. Uma decisão que deve ser homologada em junho pela convenção partidária. É muito tempo. E fica aberto o espaço para o PSDB, onde Aécio Neves dá saltos cada vez maiores.

A lógica na mudança de rumos do PPS, eventualmente abandonando a jangada de Eduardo Campos para embarcar no transatlântico do candidato tucano, passa por mais de uma dezena de diretórios regionais pró-Aécio. Afinal, tem muito seguidor de Roberto Freire que depende de governos do PSDB. Por essas e outras hpá quem garanta que do alto do ninho, aviste o barco da aliança PPS-PSB fazer água. É o caso de Brasília, Amazonas e Maranhão.

Outra preocupação reinante no PPS são as visíveis dificuldades de Eduardo Campos em administrar Marina Silva e sua Rede, que se propõe a abrigar uma esquerda respeitada e não oportunistas de ocasião. É certo que a Rede daria equilíbrio a uma virtual aliança PPS-PSB, mas quem conhece a ex-ministra do Meio Ambiente sabe que ela não se passaria por alçapão para prender pássaros livres em gaiolas inconvenientes.


Fonte: Portal Notibras - 17/12/2013