Se não pegar, PSDB agradece
A velha foice dos
comunistas, despida da ferrugem e com o brilho de quem está prestes a enfrentar
muitas batalhas, foi apresentada a Eduardo Campos, governador de Pernambuco,
por seu conterrâneo Roberto Freire, presidente do PPS. Da mesa de negociação
fluiu o odor socialista. A palavra de ordem é aliança com o PSB. Mas como o
tempo urge, a mesma foice pode mirar outras coligações. E pousar suavemente no
ninho do PSDB. ...
É assim que podem ser
resumidas as longas horas de conversa, nesta segunda-feira 16, entre Freire e
Campos. Foram muitos encontros, desde o café da manhã, no Recife, quintal do
governador que se apresenta como candidato à sucessão da
presidente Dilma
Rousseff. E Freire deixou claro. Na impossibilidade de acordos pontuais, a
alternativa será apoiar o tucano Aécio Neves.
Roberto Freire viajou a
Recife na companhia de Eliana Pedrosa, presidente do PPS no Distrito Federal. A
parlamentar foi apresentada ao governador não como postulante, mas como
candidata viável ao Palácio do Buriti em 2014. Esse é um dos pontos que Freire
não negocia. Eliana será a futura governadora de Brasília e esperamos contar
com o apoio do PSB. Palavras do presidente pepessista.
Resumindo: ou o PSB apoia
de imediato a candidatura de Eliana na capital da República, ou perde o apoio
dos ex-comunistas em nove estados (onde Eduardo Campos terá palanque
individual) e no Brasil como um todo, para respaldar o nome do governador de
Pernambuco. Eduardo sinalizou que precisa de tempo. Abriu a guarda. E Freire
apresentou mais duas faturas: apoio também no Amazonas e no Maranhão.
A conversa entre os dois
foi longa, com direito a intervalos e a participação de assessores diretos.
Começou no salão de eventos do Recife Praia Hotel, na paradisíaca praia de Boa
Viagem; passou pelo restaurante Leite, tradicional reduto de políticos, e
voltou, sob o olhar curioso de uma Lua Cheia, à orla do mar. Mas acordo, que é
bom, não saiu.
A relutância de Eduardo
Campos em se manifestar acerca de uma coligação imediata deixa Roberto Freire e
seus seguidores em estado de alerta. No PPS muita gente vê o governador de
Pernambuco como cria do lula-petismo amplamente combatido pelos ex-comunistas.
Pior. Muitos entendem que o PSB é um clone do PT que não abre espaço aos aliados.
No frigir dos ovos, ficou
claro o indicativo de apoio do PPS a Eduardo Campos. Mas o PSB prefere caminhar
como as lentas águas dos rios Capibaribe e Beberibe. Pretende deixar tudo para
um minicongresso programado para abril. Uma decisão que deve ser homologada em
junho pela convenção partidária. É muito tempo. E fica aberto o espaço para o
PSDB, onde Aécio Neves dá saltos cada vez maiores.
A lógica na mudança de
rumos do PPS, eventualmente abandonando a jangada de Eduardo Campos para
embarcar no transatlântico do candidato tucano, passa por mais de uma dezena de
diretórios regionais pró-Aécio. Afinal, tem muito seguidor de Roberto Freire
que depende de governos do PSDB. Por essas e outras hpá quem garanta que do
alto do ninho, aviste o barco da aliança PPS-PSB fazer água. É o caso de
Brasília, Amazonas e Maranhão.
Outra preocupação reinante
no PPS são as visíveis dificuldades de Eduardo Campos em administrar Marina
Silva e sua Rede, que se propõe a abrigar uma esquerda respeitada e não
oportunistas de ocasião. É certo que a Rede daria equilíbrio a uma virtual
aliança PPS-PSB, mas quem conhece a ex-ministra do Meio Ambiente sabe que ela
não se passaria por alçapão para prender pássaros livres em gaiolas
inconvenientes.
Fonte:
Portal Notibras - 17/12/2013