segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Pedro Henry tem desabafado com amigos sobre espera para cumprir pena

Já Costa Neto aparenta tranquilidade.

 

Sem saber ao certo quando e como poderão ser presos por suas respectivas condenações no julgamento do mensalão, os deputados federais Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) vivem sentimentos distintos. Costa Neto tenta aparentar tranquilidade, segundo pessoas próximas, mas se prepara para ser preso. Já Henry tem desabafado com os amigos sobre a angústia de “espiritualmente já estar na cadeia”. ...

Ambos os deputados vivem mais distantes da vida partidária e do Congresso desde que conseguiram ser reeleitos em 2010, em meio ao processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). Costa Neto foi hábil ao repassar o controle efetivo sobre o PR paulista para senador Antônio Carlos Rodrigues, que pode lhe ceder espaço
novamente depois que o deputado deixar a cadeia. Já Henry foi afastado de qualquer articulação no PP da Câmara, onde participou de poucas reuniões de bancada por se sentir deixado de lado por colegas de legenda.

Costa Neto e Henry estão na lista dos sete condenados que podem ter seus mandados de prisão expedidos após a manifestação da Procuradoria-Geral da República. Eles apresentaram embargos infringentes mesmo sem ter direito a esse recurso, que dá direito a um novo julgamento para crimes em que houve pelo menos quatro votos a favor da absolvição do réu.

Henry mantém contato diário com seus advogados, buscando informações sobre a tramitação do processo do mensalão e da possibilidade de prisão imediata.

Na segunda-feira da semana passada, por exemplo, cogitou não sair de casa com medo de que a prisão fosse expedida enquanto estivesse fora e pudesse ser preso aos olhos de todos. A cada ligação, seus advogados têm reiterado uma máxima jurídica ao cliente ansioso: “Mantenha a vida normal. Vá trabalhar e faça suas atividades, pois a vida continua.”

O deputado foi condenado a 7 anos e 2 meses e multa de R$ 932 mil por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele apresentou embargos infringentes em todos os crimes e por isso ainda não foi preso como os outros 11 réus que cumprem condenação na Penitenciária da Papuda, em Brasília.

Henry apresentou documentos STF dizendo que tem filho menor de idade em Cuiabá. A intenção é ter uma progressão de pena alegando que o filho depende financeiramente dele. Médico legista, Henry também tem levantado documentos já vislumbrando a possibilidade de pedir para trabalhar na capital do Mato Grosso.

Costa Neto, condenado a 7 anos e 10 meses de prisão, tem ficado cada vez menos tempo em seu gabinete no anexo quatro da Câmara. O parlamentar tenta manter a rotina fazendo caminhadas matinais diárias no Lago Sul, região nobre da capital federal onde mora há pouco tempo – desde que deixou o apartamento funcional a que tinha direito como deputado para viver em um apart-hotel às margens do Lago Paranoá.

No restante do tempo, o deputado tem se dedicado aos contatos políticos que ainda mantém. Na Câmara, ele pediu aos funcionários do gabinete que acelerem a elaboração das emendas parlamentares no total dos R$ 14,68 milhões a que cada deputado tem direito. O receio era ser preso antes de destinar a verba para sua base eleitoral, em São Paulo.

O deputado paulista está levantando agora documentos que podem ser úteis na Papuda, onde deve cumprir prisão depois de ter mudado domicílio para Brasília. Entre os papéis estão laudos e receitas médicas. Hipertenso, Costa Neto teme dificuldades para continuar o tratamento na prisão.


Fonte: iG - 02/12/2013