quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Investigados por fraude de fundos negociam delação

Justiça ainda não ratificou acordo feito com PF e MPF por dois envolvidos no caso

Dois investigados na Operação Miqueias decidiram contar tudo o que sabem sobre o envolvimento de políticos com a organização do doleiro Fayed Traboulsi e do policial aposentado Marcelo Toledo. Os dois concordaram com a sugestão de delação premiada oferecida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Agora só falta a ratificação do acordo pelo desembargador Cândido Ribeiro, do TRF da 1ª Região. ...

Uma das pessoas envolvidas no esquema que já prestaram depoimento é a modelo Luciane Lauzimar Hoepers. A polícia, o Ministério Público e a Justiça não informaram se a modelo seria uma das duas pessoas que aceitaram a delação premiada. Segundo autoridade que acompanha a investigação, porém, a modelo teria citado o envolvimento de um governador com a organização. Num dos interrogatórios, Luciane disse que Fayed, Toledo e o economista Carlos Eduardo Lemos, o Dudu, o terceiro na hierarquia
da organização, tinham "bastantes contatos políticos" Segundo ela, Fayed e Dudu eram os mais entrosados com os políticos. "Que Dudu tinha muito contato com um tal de Braga de Roraima, com Manaus (na pessoa de Danielle), no Rio de Janeiro com a pessoa de Garotinho; que Fayed tinha muito contato com Rogério Villas Boas" indicou Luciane, conforme um dos trechos do interrogatório da modelo que deram base à renovação das ordens de prisão contra os integrantes da cúpula da organização.

Villas Boas era, até semana passada, o presidente do Instituto de Gestão Pre-videnciária do Estado do Tocantins. Pelas investigações da polícia, o instituto
foi um dos mais prejudicados até o momento pela atuação do grupo de Fayed. Homem de confiança do governador Siqueira Campos, Villas Boas foi afastado do cargo logo depois que teve seu nome vinculado ao grupo de Fayed.

O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) disse que o "Garotinho" mencionado pela modelo Luciane Hoepers não é ele. O deputado diz que vem denunciando o economista Carlos Eduardo Lemos, o Dudu, desde que dois emissários dele foram detidos no aeroporto internacional de Brasília com R$ 465 mil escondidos em cuecas, mochilas e calças em maio deste ano.

A organização de Dudu, do doleiro Fayed Traboulsi e de Marcelo Toledo é investigada por desvios de R$ 50 milhões de fundos de pensão.

Por Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo - 02/10/2013