terça-feira, 24 de setembro de 2013

Grupo usava prostitutas para cooptar prefeitos

Quadrilha é suspeita de lavar dinheiro e desviar recursos de fundos de pensão. Mulheres são ligadas a Jeany Mary Corner, pivô de escândalo que derrubou ex-ministro, dizem investigadores


Integrantes da quadrilha suspeita de lavagem de dinheiro e desvio de recursos de fundos de pensão municipais usaram prostitutas para cooptar prefeitos e gestores para o esquema criminoso.

A Folha apurou com investigadores que algumas das "pastinhas", como eram chamadas as mulheres que participavam do esquema, eram prostitutas ligadas a Jeany Mary Corner, que fez fama organizando festas na capital federal e é suspeita de
agenciar garotas. Ela nega: "Quem acusa é quem tem que provar. É tudo mentira", disse. "Brasília inteira sabe [...] eu não faço mais nada disso". ...

Jeany Mary Corner ficou conhecida no meio político após se transformar em um dos pivôs do escândalo que derrubou Antonio Palocci do Ministério da Fazenda durante o primeiro governo Lula.

No relatório da Polícia Federal, as "pastinhas" são descritas como "mulheres muito bonitas" --nem todas prostitutas. Segundo investigadores, elas procuravam políticos municipais, ofereciam "uísque" e uma ida a lugares mais aconchegantes para apresentá-los a líderes da quadrilha.

O grupo se especializou em oferecer vantagens indevidas a prefeitos e gestores de fundos de previdência municipais para garantir aplicações em investimentos arriscados e de rendimento duvidoso. Se os negócios com os prefeitos fossem fechados, as "pastinhas" ganhavam uma porcentagem sobre o contrato, de acordo com investigadores.

Na semana passada, a PF deflagrou a Operação Miqueias para desbaratar um esquema que, segundo investigadores, tinha influência no mundo político e era comandado por um doleiro e um policial aposentado de Brasília.

Entre os investigados na Miqueias está o ex-procurador-geral da Fazenda Nacional entre 2003 e 2006, período em que Palocci comandava o Ministério da Fazenda.

Segundo investigadores, Manoel Felipe do Rego Brandão atuava como lobista. Procurado pela Folha, não ligou de volta. Ele está licenciado da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional desde 2006.

Por Matheus Leitão, Fernanda Odila, Filipe Coutinho
Fonte: UOL - 24/09/2013