O bicheiro
Carlinhos Cachoeira não prestou depoimento durante a audiência desta
quarta-feira sobre o processo que investiga irregularidades no sistema de
bilhetagem eletrônica no Distrito Federal. A juíza Ana Cláudia Barreto, titular
da 5ª Vara Federal, marcou para o dia 29 de agosto uma nova audiência para
ouvir o contraventor e outros réus no processo. Os advogados de defesa pediram
para que seus clientes prestassem depoimento apenas após a oitiva de todas as
testemunhas. Ainda restam duas para serem ouvidas.
Cachoeira é
réu em processo decorrente da operação Saint-Michel, da Polícia Civil do
Distrito Federal. Além do bicheiro, outros sete réus são acusados
de tentar
controlar o sistema de bilhetagem do transporte público no DF, em uma fraude
que renderia R$ 60 milhões aos envolvidos. Eles respondem por tráfico de
influência e formação de quadrilha.
Na audiência de
hoje, quatro testemunhas prestaram depoimento. Elas são funcionários envolvidos
no sistema de transporte público do Distrito Federal. Além das testemunhas, o
assessor de Cachoeira, Gleyb Ferreira, também réu no processo, foi ouvido.
Apontado como
braço direito de Cachoeira, Gleyb pediu para falar antes, porque queria um
relaxamento de prisão. Quando ele começou a ser interrogado, três horas e meia
após o início da audiência, Cachoeira foi retirado da sala. De acordo com a
assessoria do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJ-DFT), a
retirada do bicheiro serviu para evitar coação a Gleyb.
Segundo o
advogado de Gleyb da Cruz, Douglas Messora, "não houve fraude" no
apoio a uma empresa sul-coreana que tentava participar de uma eventual disputa
para implantar sistema de bilhetes eletrônicos no DF. "Não houve edital,
não houve licitação, não houve crime. O erário não sofreu nenhum
prejuízo", disse Messora.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas
telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos
entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no
Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia
obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou
conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias
levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a
abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu
desfiliação da legenda.
Com o
vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros
políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os
governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo
(PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O
governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado.
Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como
parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal
nos últimos três anos.
Demóstenes
passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de
Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a
favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o
segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.
Com informações da Agência
Brasil