Ligações
telefônicas interceptadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Monte Carlo
indicam que o grupo liderado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira ficou
contrariado com a nomeação da delegada Mailine Alvarenga na direção da Polícia
Civil do DF.
Num dos
trechos captados em 30 de dezembro de 2010, o araponga Idalberto Matias, o
Dadá, reclama de não conhecer Mailine e de não ter acesso a ela. Desaprova a
decisão. ...
Dadá conversa
com um homem não identificado (HNI) que também lamenta a escolha feita pelo
governador Agnelo Queiroz (PT) para o comando da Polícia Civil do DF.
A PF suspeita
de que o homem não identificado seja um delegado da Polícia Civil, pelo teor da
conversa. Num dos trechos, ele diz que vai chegar em Brasília no dia 10 de
janeiro e pedir a aposentadoria. E se refere à Polícia Civil do DF, na conversa
com Dadá, como "nossa empresa".
A delegada
Mailine Alvarenga passou nove meses no comando da Polícia. Durante todo o
tempo, foi alvo de dossiês e pressões políticas para deixar o cargo.
Em maio de
2011, numa tentativa de frear o desgaste da diretora, Agnelo chegou a declarar
em entrevista ao Correio que não cederia à pressão e que manteria Mailine no
cargo.
Mailine, no
entanto, caiu em novembro de 2011. No lugar dela, assumiu o delegado Onofre de
Moraes, indicado pelo então chefe de gabinete do governador, Cláudio Monteiro,
que deixou o governo para se defender de suspeitas relacionadas à Operação
Monte Carlo.
Mailine foi
uma escolha pessoal do primeiro secretário de Segurança do DF na gestão de
Agnelo, Daniel Lorenz.
Delegado
aposentado da PF, Lorenz também não era do grupo de Cachoeira, segundo relata
Dadá nas conversas. Lorenz deixou a secretaria de Segurança Pública antes de
completar quatro meses no cargo.
Nos diálogos,
há uma preocupação do grupo de Cachoeira e de Dadá de que o novo grupo no
comando da Segurança tratasse o guardião da Polícia Civil, sistema de
interceptações telefônicas, com mão de ferro.
Em junho, o
delegado da PF Sandro Avelar assumiu a secretaria de Segurança Pública com
apoio do Ministério da Justiça. Ele, no entanto, apenas recentemente conseguiu
emplacar nos comandos da Polícia Civil e da Polícia Militar do DF pessoas de
sua confiança, respectivamente, o delegado Jorge Xavier e o coronel Suamy
Santana.
Fonte: Blog Ana Maria Campos - 02/05/2012