No centro de várias polêmicas no cenário da política local de Brasília, a deputada distrital Celina Leão (PMN) falou com exclusividade ao Jornal Alô Brasília sobre as denúncias contra ela na Câmara Legislativa e sobre o escândalo envolvendo a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN), de quem foi chefe de gabinete, coordenadora de campanha e amiga. Uma das três mulheres da oposição ao governo de Agnelo Queiroz (PT), Celina chama as denúncias contra ela de “tentativa de desmoralização”, para tirar o foco do Executivo. Confira a entrevista completa no portal Alô Brasília.
É possível ser oposição hoje Câmara Legislativa?
É uma tarefa árdua e para quem tem coragem e força.
Quando analisamos o quadro da política nacional, vemos que o PSDB, quando perdeu o poder, teve enorme dificuldade para ser oposição. Esta síndrome de quem é governo não saber ser oposição é o que afeta, hoje, os aliados do seu campo político?
O poder é tentador, vem com um aparato que se quando está na oposição não se pode contar com ele. O deputado de oposição tem que saber que representa as pessoas que não estão satisfeitas e que não acreditaram em um determinado projeto político. Ele não pode representar apenas a base dele. Tomei a decisão de estar, realmente, na oposição. Brasília precisava de alguém que tivesse coragem de apontar os defeitos e que estivesse disposta a dar as mãos quando o projeto fosse positivo para a cidade. Nós tivemos 400 mil pessoas que não votaram neste projeto político e outras 500 mil que nem foram as urnas por que não acreditavam em nenhum projeto. Essas pessoas tinham que ser representadas.
Não é complicado ser oposição sozinha? Na votação da última quinta-feira, por exemplo, tivemos a volta do rolo compressor...
A oposição sou eu, a deputada Eliana Pedrosa (DEM), que não estava na votação, e a deputada Liliane Roriz (PRTB). A Liliane ainda está aprendendo um pouco da política. A oposição tem determinados momentos que tem que marcar opinião. O projeto é bom para a cidade? Mas existem muitos outros que são bons que não estão sendo votados. Um exemplo é o meu projeto, do IPVA, que atinge diretamente o bolso do contribuinte e não é votado. Se a gente não se der o respeito, não vamos ser respeitados dentro daquela Casa. Nem como oposição, nem como nada.
O Executivo ainda quer a aprovação de sete projetos. Como vocês pretendem conciliar estas demandas do Executivo, com as do Legislativo?
Aconteceu algo muito ruim nesta votação de quinta-feira. Por que, quando nós votamos, tem que ter acordo de líderes. A pauta está trancada por vetos e só com acordo do colégio de líderes é que poderíamos votar outra pauta. Mas, como já estávamos na extraordinária, mesmo sem acordo os projetos foram votados. Estamos fazendo um requerimento à Mesa, perguntando se o regimento não foi quebrado, porque a Casa está trabalhando a necessidade do Executivo.
A Câmara estaria tirando o próprio poder agindo desta forma?
Não acho que seja a Casa, mas que o Executivo força uma posição para que a Câmara se coloque neste sentido. Existe também uma coisa diferente neste governo, eles estão testando um novo modelo de liderança, que é a liderança dividida. Não se sabe quem é o interlocutor do governo.
O que a senhora acha do presidente da Casa?
Ele assumiu em um governo muito difícil, que é subdividido, com uma aliança difícil. Que tem rupturas o tempo todo, tanto do PT quanto do PMDB. O Patrício, além de ser o presidente teve o papel de tentar ajeitar as coisas, então ficou dividido. Mas nós estamos cobrando mais dele, dizendo que ele precisa estar mais presente, por que se o presidente da Casa fica mais no Executivo, nós não vamos ter identidade. E, de todos do PT, acredito que ele seria o melhor.
Dentro da base aliada existe a base A e a base B. Quem é quem?
A base A eu acredito que sejam somente os petistas. A base do B são os outros deputados, do PMDB, da coligação e partidos mais progressistas.
Estes deputados não estão sendo atendidos pelo governo? É isso que está criando uma crise?
Não posso falar por eles, mas acho que o Agnelo fez muitas promessas para os deputados e que está com dificuldades de cumprir. Muitos dos deputados que estão na base fizeram acordos e não estão sendo atendidos e isto cria, sim, uma dificuldade. Temos 100 dias de governo, que são 100 dias de nada. Este governo ainda não achou a forma de lidar com o parlamento. No primeiro mês os deputados reclamavam que nem eram atendidos pelos secretários de Estado, depois ficou um pouco melhor. O governo vai sentir que precisa da Casa e vai começar a atender os pedidos.
O mensalão acabou ou a prática pode voltar?
Acho que esta Câmara, apesar de tudo, está madura para ver que isso não funciona. Ainda estamos vendo resíduos desse mensalão. Isso é uma questão cultural que tem que mudar. Acho que está Casa está disposta, não posso falar por todos os deputados, mas tem muita gente de bem que quer a melhoria.
Vamos falar das denúncias contra a senhora...
Quando você não tem nada para falar da pessoas você inventa. Eu nunca ouvi falar de denunciante anônimo. A minha mãe trabalhou, sim, na estrutura da casa e não é irregularidade nenhuma, pois eu não era deputada. Minha mãe é uma ex-secretária de Estado, abriu quase 200 diretórios do PMDB em Goiás, uma mulher supercompetente. Então, as denúncias foram da época que eu era chefe de gabinete da Jaqueline Roriz, diferente de alguns deputados, hoje, que têm parentes empregados no governo, sim.
Um exemplo?
O deputado Chico Vigilante. E a desculpa é de que os irmãos são competentes. Nem duvido disso, mas acho hipocrisia fazer um julgamento pretérito de quando eu não era deputada. O que eu percebi foi que, quando aconteceu o problema da deputada Jaqueline, o que foi divulgado não foi o que o Ministério Público achou de verdade, mas um dossiê apócrifo. Isso qualquer um pode fazer.
Como ficou a sua relação com o veículo que divulgou as informações, que, segundo a senhora, não são verdadeiras?
Nunca me neguei a responder. Quando a gente não tem culpa, não tem medo. Mas, em alguns momentos, mesmo dando minha versão, existiu uma tentativa de me desmoralizar. Como o veículo divulga isso sem ser notificado pelo Ministério Público? Como ficou sabendo? Tem algumas perguntas que não se consegue responder.
Essa foi uma “pauta recomendada” ao veículo?
Sim, eu diria que sim, com certeza.
O PT também estaria no meio das denúncias?
Não só o PT, mas ex-funcionários da Jaqueline, que têm interesse no mandato dela. Da forma como foi feito, tudo foi bem pensado, e eu não era o alvo. Eu sou o brinde do PT. Um amigo meu, inclusive, comentou comigo assim: o que o PT não esperava era sua reação. Eles acreditavam que você fosse ser desmoralizada, que aceitasse a mentira como verdade.
E depois da representação enviada à Mesa Diretora pelo deputado Chico Vigilante (PT), como ficou a relação dos senhores?
O deputado, apesar do tempo de Casa, precisa amadurecer um pouco. Eu sou nobre e sempre o cumprimento, discuto questões com ele. Eu sou educada com todos, mas não admito que venha com falta de educação, agressão gratuita. Em um determinado momento o deputado quis mostrar que era capaz e pensou que a agressão dele comigo fosse conseguir este espaço. No início disse que eu não tinha autoridade moral para falar do Governo Agnelo, um discurso altamente preconceituoso. Para você falar que uma pessoa não tem autoridade tem que ter justificativa.
A representação contra Vigilante, feita pela senhora, foi um troco?
Não. Eu nunca recebi tanto telefonema como agora, depois que essa briga minha e do Chico ficou pública. As pessoas começaram a ligar e reclamar. Você percebe que a pessoa tem o gênio forte e que arruma inimigos naturais. Eu parei para pensar e vi que tenho que perdoar, por que o problema dele não é comigo. É com Brasília toda, com o PT, com pessoas que trabalharam na campanha dele. O próprio PT tem dificuldade com ele, sendo líder do partido.
A senhora sabia que a campanha de Jaqueline Roriz era abastecida com recursos não oficiais?
Não. Eu era secretária de Juventude. Não sabia, não cuidava da parte financeira.
Foi um choque?
Sim, foi. Gosto muito da deputada e foi muito triste ver aquilo. E ajudei ela a construir o mandato dela, ajudei na parte política, então é muito ruim.
Mas a relação da senhora com a deputada Jaqueline se rompeu...
Eu tive problemas de campanha com a deputada. Eu estava bem afastada dela desde o pós-campanha. Mas, o problema que tenho com ela não é pessoal, é política.
Mas que problema político. A figura do Manoel Neto?
Eu acho que da vida particular dela não devemos falar. Ele tinha vontade de ser deputado, temos as nossas diferenças, batemos muitas vezes de frente.
A senhora acredita que o financiamento público de campanha pode mudar essa situação?
Vai acabar em parte com a corrupção. Em qualquer lugar, classe ou segmento, que faz a diferença é a pessoa. Precisamos mais transparência, diminuir o desvio e que o dinheiro público que vai para campanha possa ser legal e o cidadão saiba para onde está indo.
É possível ser oposição hoje Câmara Legislativa?
É uma tarefa árdua e para quem tem coragem e força.
Quando analisamos o quadro da política nacional, vemos que o PSDB, quando perdeu o poder, teve enorme dificuldade para ser oposição. Esta síndrome de quem é governo não saber ser oposição é o que afeta, hoje, os aliados do seu campo político?
O poder é tentador, vem com um aparato que se quando está na oposição não se pode contar com ele. O deputado de oposição tem que saber que representa as pessoas que não estão satisfeitas e que não acreditaram em um determinado projeto político. Ele não pode representar apenas a base dele. Tomei a decisão de estar, realmente, na oposição. Brasília precisava de alguém que tivesse coragem de apontar os defeitos e que estivesse disposta a dar as mãos quando o projeto fosse positivo para a cidade. Nós tivemos 400 mil pessoas que não votaram neste projeto político e outras 500 mil que nem foram as urnas por que não acreditavam em nenhum projeto. Essas pessoas tinham que ser representadas.
Não é complicado ser oposição sozinha? Na votação da última quinta-feira, por exemplo, tivemos a volta do rolo compressor...
A oposição sou eu, a deputada Eliana Pedrosa (DEM), que não estava na votação, e a deputada Liliane Roriz (PRTB). A Liliane ainda está aprendendo um pouco da política. A oposição tem determinados momentos que tem que marcar opinião. O projeto é bom para a cidade? Mas existem muitos outros que são bons que não estão sendo votados. Um exemplo é o meu projeto, do IPVA, que atinge diretamente o bolso do contribuinte e não é votado. Se a gente não se der o respeito, não vamos ser respeitados dentro daquela Casa. Nem como oposição, nem como nada.
O Executivo ainda quer a aprovação de sete projetos. Como vocês pretendem conciliar estas demandas do Executivo, com as do Legislativo?
Aconteceu algo muito ruim nesta votação de quinta-feira. Por que, quando nós votamos, tem que ter acordo de líderes. A pauta está trancada por vetos e só com acordo do colégio de líderes é que poderíamos votar outra pauta. Mas, como já estávamos na extraordinária, mesmo sem acordo os projetos foram votados. Estamos fazendo um requerimento à Mesa, perguntando se o regimento não foi quebrado, porque a Casa está trabalhando a necessidade do Executivo.
A Câmara estaria tirando o próprio poder agindo desta forma?
Não acho que seja a Casa, mas que o Executivo força uma posição para que a Câmara se coloque neste sentido. Existe também uma coisa diferente neste governo, eles estão testando um novo modelo de liderança, que é a liderança dividida. Não se sabe quem é o interlocutor do governo.
O que a senhora acha do presidente da Casa?
Ele assumiu em um governo muito difícil, que é subdividido, com uma aliança difícil. Que tem rupturas o tempo todo, tanto do PT quanto do PMDB. O Patrício, além de ser o presidente teve o papel de tentar ajeitar as coisas, então ficou dividido. Mas nós estamos cobrando mais dele, dizendo que ele precisa estar mais presente, por que se o presidente da Casa fica mais no Executivo, nós não vamos ter identidade. E, de todos do PT, acredito que ele seria o melhor.
Dentro da base aliada existe a base A e a base B. Quem é quem?
A base A eu acredito que sejam somente os petistas. A base do B são os outros deputados, do PMDB, da coligação e partidos mais progressistas.
Estes deputados não estão sendo atendidos pelo governo? É isso que está criando uma crise?
Não posso falar por eles, mas acho que o Agnelo fez muitas promessas para os deputados e que está com dificuldades de cumprir. Muitos dos deputados que estão na base fizeram acordos e não estão sendo atendidos e isto cria, sim, uma dificuldade. Temos 100 dias de governo, que são 100 dias de nada. Este governo ainda não achou a forma de lidar com o parlamento. No primeiro mês os deputados reclamavam que nem eram atendidos pelos secretários de Estado, depois ficou um pouco melhor. O governo vai sentir que precisa da Casa e vai começar a atender os pedidos.
O mensalão acabou ou a prática pode voltar?
Acho que esta Câmara, apesar de tudo, está madura para ver que isso não funciona. Ainda estamos vendo resíduos desse mensalão. Isso é uma questão cultural que tem que mudar. Acho que está Casa está disposta, não posso falar por todos os deputados, mas tem muita gente de bem que quer a melhoria.
Vamos falar das denúncias contra a senhora...
Quando você não tem nada para falar da pessoas você inventa. Eu nunca ouvi falar de denunciante anônimo. A minha mãe trabalhou, sim, na estrutura da casa e não é irregularidade nenhuma, pois eu não era deputada. Minha mãe é uma ex-secretária de Estado, abriu quase 200 diretórios do PMDB em Goiás, uma mulher supercompetente. Então, as denúncias foram da época que eu era chefe de gabinete da Jaqueline Roriz, diferente de alguns deputados, hoje, que têm parentes empregados no governo, sim.
Um exemplo?
O deputado Chico Vigilante. E a desculpa é de que os irmãos são competentes. Nem duvido disso, mas acho hipocrisia fazer um julgamento pretérito de quando eu não era deputada. O que eu percebi foi que, quando aconteceu o problema da deputada Jaqueline, o que foi divulgado não foi o que o Ministério Público achou de verdade, mas um dossiê apócrifo. Isso qualquer um pode fazer.
Como ficou a sua relação com o veículo que divulgou as informações, que, segundo a senhora, não são verdadeiras?
Nunca me neguei a responder. Quando a gente não tem culpa, não tem medo. Mas, em alguns momentos, mesmo dando minha versão, existiu uma tentativa de me desmoralizar. Como o veículo divulga isso sem ser notificado pelo Ministério Público? Como ficou sabendo? Tem algumas perguntas que não se consegue responder.
Essa foi uma “pauta recomendada” ao veículo?
Sim, eu diria que sim, com certeza.
O PT também estaria no meio das denúncias?
Não só o PT, mas ex-funcionários da Jaqueline, que têm interesse no mandato dela. Da forma como foi feito, tudo foi bem pensado, e eu não era o alvo. Eu sou o brinde do PT. Um amigo meu, inclusive, comentou comigo assim: o que o PT não esperava era sua reação. Eles acreditavam que você fosse ser desmoralizada, que aceitasse a mentira como verdade.
E depois da representação enviada à Mesa Diretora pelo deputado Chico Vigilante (PT), como ficou a relação dos senhores?
O deputado, apesar do tempo de Casa, precisa amadurecer um pouco. Eu sou nobre e sempre o cumprimento, discuto questões com ele. Eu sou educada com todos, mas não admito que venha com falta de educação, agressão gratuita. Em um determinado momento o deputado quis mostrar que era capaz e pensou que a agressão dele comigo fosse conseguir este espaço. No início disse que eu não tinha autoridade moral para falar do Governo Agnelo, um discurso altamente preconceituoso. Para você falar que uma pessoa não tem autoridade tem que ter justificativa.
A representação contra Vigilante, feita pela senhora, foi um troco?
Não. Eu nunca recebi tanto telefonema como agora, depois que essa briga minha e do Chico ficou pública. As pessoas começaram a ligar e reclamar. Você percebe que a pessoa tem o gênio forte e que arruma inimigos naturais. Eu parei para pensar e vi que tenho que perdoar, por que o problema dele não é comigo. É com Brasília toda, com o PT, com pessoas que trabalharam na campanha dele. O próprio PT tem dificuldade com ele, sendo líder do partido.
A senhora sabia que a campanha de Jaqueline Roriz era abastecida com recursos não oficiais?
Não. Eu era secretária de Juventude. Não sabia, não cuidava da parte financeira.
Foi um choque?
Sim, foi. Gosto muito da deputada e foi muito triste ver aquilo. E ajudei ela a construir o mandato dela, ajudei na parte política, então é muito ruim.
Mas a relação da senhora com a deputada Jaqueline se rompeu...
Eu tive problemas de campanha com a deputada. Eu estava bem afastada dela desde o pós-campanha. Mas, o problema que tenho com ela não é pessoal, é política.
Mas que problema político. A figura do Manoel Neto?
Eu acho que da vida particular dela não devemos falar. Ele tinha vontade de ser deputado, temos as nossas diferenças, batemos muitas vezes de frente.
A senhora acredita que o financiamento público de campanha pode mudar essa situação?
Vai acabar em parte com a corrupção. Em qualquer lugar, classe ou segmento, que faz a diferença é a pessoa. Precisamos mais transparência, diminuir o desvio e que o dinheiro público que vai para campanha possa ser legal e o cidadão saiba para onde está indo.