Para
proteger os documentos sigilosos já enviados pelo Supremo Tribunal Federal,
inclusive uma grande parte que ainda não foi tornada pública, um forte esquema
de segurança está sendo montado no Senado para proteger a sala da CPI do caso
Cachoeira onde será armazenada toda a documentação. Além de um grupo de 12
agentes da Polícia Legislativa que ficarão responsáveis por guardar a entrada
24 horas por dia, o local terá câmeras de segurança, e nenhum parlamentar poderá
ingressar nele com equipamentos eletrônicos. ...
O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e o relator, Odair Cunha
(PT-MG), reuniram-se ontem na "caverna" para definir as novas
adaptações físicas e tecnológicas a fim de que, só a partir de segunda-feira,
os parlamentares tenham acesso ao local e à documentação das operações Monte
Carlo e Vegas.
- Estive com o presidente do Supremo Tribunal Federal por 45 minutos, e
conversamos muito sobre o segredo de Justiça. Eu vou fazer a minha parte. No passado,
o sistema que existia levou à depreciação das garantias individuais do cidadão.
Queremos fazer um modelo de CPI que preserve as garantias individuais - disse
Vital do Rêgo, emendando que muitos dos documentos recebidos ainda não vieram a
público: - Não sei dizer quanto, mas tem muita coisa que ainda não saiu.
Preciso garantir o sigilo.
Três computadores desconectados da internet ficarão à disposição dos
integrantes da CPI, e cerca de cinco técnicos do Serviço de Processamento de
Dados (Prodasen) estarão a postos para assessorá-los na leitura e interpretação
dos documentos. Já foram requisitados também técnicos da Receita Federal e do
Tribunal de Contas da União para auxiliar a CPI.
- Os policiais guardarão a sala-cofre 24 horas por dia. Só os membros da CPI
terão acesso, e não podem entrar com celular nem copiar documentos. Os
assessores e jornalistas não terão acesso. E os parlamentares que forem
consultar os documentos terão que assinar um termo se comprometendo a manter o
sigilo - disse Vital do Rêgo, ao visitar, pela manhã, a sala.
Ontem à tarde, o presidente foi ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro
Daiello Coimbra, formalizar o convite para que os delegados que comandaram as
operações Vegas e Monte Carlo deponham na comissão na próxima semana. Segundo
Vital, Daiello teria sinalizado que eles devem comparecer. O presidente
afirmou, no entanto, que os depoimentos dos delegados poderão ser sigilosos se
essa for a escolha da maioria dos parlamentares da comissão.
O presidente nega que esteja havendo interferência da base governista para
blindar o governo, esvaziando a CPI e excluindo depoimentos de governadores e
do dono da Delta Construções, Fernando Cavendish.
Por Maria Lima
Fonte:
Jornal O Globo - 04/05/2012