sexta-feira, 4 de julho de 2014

Sem receber reajuste, rodoviários param e deixam bacia 1 sem ônibus

Aumento de 20% foi acordado entre empresas e GDF no início de junho. Secretaria diz que Piracicabana vai rodar folha à parte para quitar débito.


Ônibus parados no Terminal do Cruzeiro, em Brasília, por causa da paralisação dos rodoviários (Foto: Grazielle Mendes/G1)

Os funcionários da Viação Piracicabana, responsável por uma das cinco bacias do transporte público no Distrito Federal, cruzaram os braços nesta sexta-feira (4) para protestar contra a falta de pagamento do reajuste salarial de 20%, que havia sido acordado entre os empresários e o GDF no início de junho. Com isso, os 417 ônibus pararam de atender moradores de Sobradinho, Cruzeiro, Sudoeste, Planaltina e Asa Sul. A empresa atende 201 mil pessoas por dia.
Os rodoviários dizem que só voltam a trabalhar quando receberem o reajuste. O G1procurou a empresa, mas não conseguiu contato até a publicação desta reportagem. A Secretaria de Transportes disse, no entanto, que a companhia vai rodar uma folha separada para passar o valor aos empregados. A expectativa é de que
o secretário José Valter Vazquez se reúna novamente com os empresários nesta manhã.

O pagamento aos funcionários é feito sempre nos dias 5 de cada mês, mas, de acordo com o Sindicato dos Rodoviários, o de julho foi antecipado pela Piracicabana. “A categoria acreditou que receberia com reajuste, como combinado, mas isso não aconteceu. Enquanto não resolverem, não voltamos a rodar”, disse o diretor de imprensa da organização, João Jesus de Oliveira.
O reajuste deveria beneficiar cerca de 10 mil rodoviários, que  teriam aumento de 20% no salário, 20% no tíquete-alimentação e 40% na cesta básica. De acordo com o sindicato, o salário incial de um motorista, que é de R$ 1,6 mil, vai pra R$ 1,9 mil com o reajuste. Já o tíquete-alimentação vai subir de R$ 347 para R$ 416, e a cesta básica, de R$ 140 para R$ 196.
José Rodrigues, morador do Cruzeiro Velho que ficou sem
ônibus (Foto: Grazielle Mendes/G1)
No Cruzeiro, os rodoviários usaram os ônibus para fechar o acesso ao terminal. Havia cerca de 80 rodoviários paralisados desde 8h40 no local. Morador do Cruzeiro Velho, José Rodrigues vê a paralisação como "falta de respeito". Aguardando ônibus para ir para o trabalho, ele se queixava da falta de transporte.
"Vou voltar para casa. Não sei se vai ter ônibus para voltar", declarou Rodrigues ao G1. Ele também reclamou que os motoristas não têm respeitado o itinerário das linhas.
Já a jovem Amanda Rosa, que estava atrasada para o serviço, decidiu ligar para o pai e pedir que ele a levasse para o trabalho, na W3 Sul. "Eles deveriam avisar", reclamou. Assim como Rodrigues, ela também esperava pelo transporte no Cruzeiro.
A cuidadora de idosos Olga Sousa trabalha vê a paralisação como um "abuso" dos rodoviários. "Eles ja ganham o suficiente," disse. Sem opção, Olga pegou um transporte pirata para chegar ao serviço. Ela afirmou ao G1 que, se na volta ainda não tiver ônibus, vai ligar para o filho e pedir que ele a busque.
Sem alternativa, alguns passageiros decidiram pagar R$ 5 no ônibus executivo para chegar ao seus destinos. O coletivo faz o transporte entre o Cruzeiro e o centro de Brasília.
Passageiros do transporte público pegam ônibus executivo por causa da paralisação em Brasília (Foto: Grazielle Mendes/G1)

Os usuários da bacia 1 não contam com o metrô como alternativa – que passa por Samambaia, Ceilândia, Taguatinga, Águas Claras, Guará e Asa Sul – nem com o Expresso DF, que liga Santa Maria e Gama ao Plano Piloto.

Bacias de transporte público
O sistema de transporte público do DF foi dividido em cinco bacias. A primeira delas é de responsabilidade da Viação Piracicabana e atende o Plano Piloto, Sobradinho, Planaltina,Cruzeiro, Sobradinho II, Lago Norte, Sudoeste/Octogonal, Varjão e Fercal.
A bacia 2 conta com 640 ônibus e atende Gama, Paranoá, Santa Maria, São Sebastião, Candangolândia, Lago Sul, Jardim Botânico, Itapoã e parte do Park Way. A bacia 3 tem uma frota de 483 ônibus e atende Núcleo Bandeirante, Samambaia, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e Riacho Fundo II.
A  bacia 4 conta com 464 veículos, que atendem parte de Taguatinga, Ceilândia, Guará, Águas Claras e parte do Park Way. A bacia 5 é responsável por Brazlândia, Ceilândia, SIA, SCIA, Vicente Pires e parte de Taguatinga e terá 576 coletivos.



Fonte: G1