Aumento de 20% foi acordado entre
empresas e GDF no início de junho. Secretaria diz que Piracicabana vai rodar
folha à parte para quitar débito.
Ônibus parados no Terminal do Cruzeiro, em Brasília, por causa da paralisação dos rodoviários (Foto: Grazielle Mendes/G1) |
Os funcionários da Viação
Piracicabana, responsável por uma das cinco bacias do transporte público no Distrito Federal, cruzaram os braços
nesta sexta-feira (4) para protestar contra a falta de pagamento do reajuste
salarial de 20%, que havia sido acordado entre os empresários e o GDF no início
de junho. Com isso, os 417 ônibus pararam de atender moradores de Sobradinho,
Cruzeiro, Sudoeste, Planaltina e Asa Sul. A empresa atende 201
mil pessoas por dia.
Os rodoviários dizem que só
voltam a trabalhar quando receberem o reajuste. O G1procurou a empresa, mas não
conseguiu contato até a publicação desta reportagem. A Secretaria de
Transportes disse, no entanto, que a companhia vai rodar uma folha separada
para passar o valor aos empregados. A expectativa é de que
o secretário José
Valter Vazquez se reúna novamente com os empresários nesta manhã.
O pagamento aos funcionários é
feito sempre nos dias 5 de cada mês, mas, de acordo com o Sindicato dos
Rodoviários, o de julho foi antecipado pela Piracicabana. “A categoria
acreditou que receberia com reajuste, como combinado, mas isso não aconteceu.
Enquanto não resolverem, não voltamos a rodar”, disse o diretor de imprensa da
organização, João Jesus de Oliveira.
O reajuste deveria beneficiar
cerca de 10 mil rodoviários, que teriam aumento de 20% no salário, 20% no
tíquete-alimentação e 40% na cesta básica. De acordo com o sindicato, o salário
incial de um motorista, que é de R$ 1,6 mil, vai pra R$ 1,9 mil com o reajuste.
Já o tíquete-alimentação vai subir de R$ 347 para R$ 416, e a cesta básica, de
R$ 140 para R$ 196.
José Rodrigues, morador do Cruzeiro Velho que ficou sem ônibus (Foto: Grazielle Mendes/G1) |
No Cruzeiro, os rodoviários
usaram os ônibus para fechar o acesso ao terminal. Havia cerca de 80
rodoviários paralisados desde 8h40 no local. Morador do Cruzeiro Velho, José Rodrigues
vê a paralisação como "falta de respeito". Aguardando ônibus para ir
para o trabalho, ele se queixava da falta de transporte.
"Vou voltar para casa. Não
sei se vai ter ônibus para voltar", declarou Rodrigues ao G1. Ele também reclamou que os
motoristas não têm respeitado o itinerário das linhas.
Já a jovem Amanda Rosa, que
estava atrasada para o serviço, decidiu ligar para o pai e pedir que ele a
levasse para o trabalho, na W3 Sul. "Eles deveriam avisar", reclamou.
Assim como Rodrigues, ela também esperava pelo transporte no Cruzeiro.
A cuidadora de idosos Olga
Sousa trabalha vê a paralisação como um "abuso" dos rodoviários.
"Eles ja ganham o suficiente," disse. Sem opção, Olga pegou um
transporte pirata para chegar ao serviço. Ela afirmou ao G1 que,
se na volta ainda não tiver ônibus, vai ligar para o filho e pedir que ele a
busque.
Sem alternativa, alguns
passageiros decidiram pagar R$ 5 no ônibus executivo para chegar ao seus
destinos. O coletivo faz o transporte entre o Cruzeiro e o centro de Brasília.
Passageiros do transporte público pegam ônibus executivo por causa da paralisação em Brasília (Foto: Grazielle Mendes/G1) |
Os usuários da bacia 1 não
contam com o metrô como alternativa – que passa por Samambaia, Ceilândia,
Taguatinga, Águas Claras, Guará e Asa Sul – nem com o Expresso DF, que liga
Santa Maria e Gama ao Plano Piloto.
Bacias de transporte público
O sistema de transporte público do DF foi dividido em cinco bacias. A primeira delas é de responsabilidade da Viação Piracicabana e atende o Plano Piloto, Sobradinho, Planaltina,Cruzeiro, Sobradinho II, Lago Norte, Sudoeste/Octogonal, Varjão e Fercal.
O sistema de transporte público do DF foi dividido em cinco bacias. A primeira delas é de responsabilidade da Viação Piracicabana e atende o Plano Piloto, Sobradinho, Planaltina,Cruzeiro, Sobradinho II, Lago Norte, Sudoeste/Octogonal, Varjão e Fercal.
A bacia 2 conta com 640 ônibus
e atende Gama, Paranoá, Santa Maria, São Sebastião, Candangolândia, Lago Sul,
Jardim Botânico, Itapoã e parte do Park Way. A bacia 3 tem uma frota de 483
ônibus e atende Núcleo Bandeirante, Samambaia, Recanto das Emas, Riacho Fundo I
e Riacho Fundo II.
A bacia 4 conta com 464
veículos, que atendem parte de Taguatinga, Ceilândia, Guará, Águas Claras e
parte do Park Way. A bacia 5 é responsável por Brazlândia, Ceilândia, SIA,
SCIA, Vicente Pires e parte de Taguatinga e terá 576 coletivos.
Fonte: G1