Um dos personagens da polêmica
envolvendo a presidência da Câmara Legislativa e posteriormente da Comissão de
Assuntos Fundiários, o deputado Cristiano Araújo (PTB) disse em entrevista ao
jornal Guardião Noticias que pretende sua
reeleição e confirmou a candidatura de Gim Argelo para o Senado.
“A gente vai marchar
nesse sentido”, garantiu o parlamentar. Entre diversos assuntos tratados, o
distrital citou os projetos em tramitação como o que dispensa pardais e
semáforos depois de meia noite e a regulamentação das manifestações na
Esplanada dos Ministérios.
Assim que assumiu a
CAF, o governador Agnelo Queiroz retirou projetos relacionados a questões
fundiárias como o PPCUB e Luos. Sobre isso, o distrital se esquivou: “Não
depende de mim”. Confira os principais trechos da entrevista aqui e a completa
no portal Guardiandf.com.br
Guardião Notícias - O que o senhor quis dizer quando disse que a
Câmara Legislativa não é um puxadinho do Buriti?
Cristiano Araújo - Na verdade eu sempre defendi que os poderes legislativo e
executivo fossem autônomos e independentes, porém, possuindo relação com
a base
de governo. Quando disse isso é que a Câmara não pode ser submissa ao poder
executivo. A tradução real da população é o deputado distrital, federal, o
vice-governador, é o governador. Nem o secretário traduz o que a população quer
por que não é eleito pelo voto.
GN - Pesquisas atuais apontam uma rejeição de 75% ao governo
Agnelo. E na CLDF existem 21 deputados da base. Como o senhor analisa esta
contradição?
Araújo - Do ponto de vista de base do
governo, essa aliança Novo Caminho é um projeto novo onde foram reunidas várias
forças. E o que tem sido dito é que máquina foi encontrada muito deteriorada.
Agora, o governo lança um pacote que se chama Acelera DF que é R$ 1,9 bilhão
para obras e infraestrutura licitada e em processo de licitação. Então acho que
esses deputados que estão na base acreditam nessa demanda do projeto.
GN - A última eleição para a Mesa Diretora mostrou que a base não
estava tão sólida. Tanto é que houve divergências. Isso mostrou um racha ou
senhor acha uma disputa natural?
Araújo - Na
verdade eu não concordava com alguns outros parlamentares. Nós defendíamos que
para a saúde da aliança seria interessante a alternância dos poderes na
presidência, como acontece na Câmara, no Senado. Naturalmente nosso grupo foi
derrotado, prevaleceu o candidato do PT, Wasny de Roure. Infelizmente para
alguns setores do governo fomos mal entendidos, achando que era um bloco de
oposição. Nós não entendíamos dessa forma e não foi esse o motivo da candidatura.
GN - O que transparece é que o debate da eleição da Mesa não ficou
concluso. Tanto é que transbordou nas comissões, como na Comissão de Assuntos
Fundiários (CAF). Faltou debate lá também?
Araújo - Colocaram
que iria existir um pré-acordo. Mas o acordo quando é construído, tem ser
construído entre todos e eu não participei desse pré-acordo. Nós tentamos o
consenso, que é assim o rito da Casa, mas lembrando de que o que rege é o
Regimento Interno. Tentamos de toda maneira fazer a composição das comissões. Não
deu acordo, nós acabamos indo para o voto e eu me tornei o presidente da CAF.
Mas na verdade não digo que seja resquício da eleição da Mesa. Isso é falta de
articulação política do próprio Executivo.
GN - A CAF vai tratar de assuntos importantes como o PPCUB, Luos e
o aeroporto de cargas de Planaltina. Mas o governo retirou de pauta. Há
expectativa de se votar esses temas?
Araújo - As
pessoas me perguntam colocando esses projetos como moedas de barganha. Na
verdade eu considero temas importantes, mas lá trata de todo o Distrito
Federal. Então eu acho o seguinte: a melhor pessoa para avaliar a importância
desses projetos é o governador. Ele sabe a hora que vai mandar os projetos. Não
depende de mim.
GN - O senhor ficou praticamente dois anos a frente de duas
secretarias. Isso te afastou dos eleitores?
Araújo - Quando a
gente assume uma cadeira no Executivo, certa forma você se aasta do mandato
parlamentar. Tem uma abrangência de demandas para segmentar nas cidades em
programas das secretarias. Com esses dois anos afastados do mandato
parlamentar, as demandas ficaram um pouco paradas. O que eu tenho feito agora é
ir às cidades e conversando com a base.
GN - Existe um projeto que trata da hereditariedade dos quiosques.
Fale um pouco sobre ele.
Araújo - Essa é
uma reivindicação da categoria. O que acontece é que quando morre a pessoa que
o Estado deu a outorga, estamos querendo permitir que venha para o filho.
Muitas vezes eles crescem no quiosque e quando veem o pai ou mãe falecerem fica
sem o direito. E aquele jovem que cresceu com aquela renda fica sem nada. Então
a nossa intenção é encontrar o equilíbrio disso. Assim como defendo isso em
todas as concessões.
GN – Há um projeto para disciplinar as manifestações na Esplanada.
Como vai funcionar?
Araújo – É um
projeto de minha autoria que está nas mãos do deputado Chico Vigilante que
disciplina as manifestações na Esplanada dos Ministérios. Na verdade esse
projeto vai prever horários dessas manifestações. Já fui acusado na Câmara que
eu quero censurar. Não é nada disso. Eu quero organizar por que a categoria que
está em manifestação, que é legítimo, não pode prejudicar outras categorias que
estão trabalhando normalmente.
GN - Existe um projeto de sua autoria que é o desligamento dos
pardais e semáforos depois da meia noite. Qual o objetivo desta proposta?
Araújo - Atualmente
Brasília é onde está acontecendo mais assassinatos proporcionalmente. A ideia
do projeto é trazer segurança aos motoristas. Em vez de o sinal fechar e ele
ter que parar, ele passa e o pardal não multa. Por que naquela hora em que ele
para, o assaltante vem e faz a abordagem e o sequestro relâmpago.
GN – Qual a tendência do PTB no DF para 2014?
Araújo - Eu quero
reafirmar que o presidente do meu partido, Gim Argelo, é candidato ao Senado.
Nosso partido entende que esta vaga da esquerda é do Gim. Eu sou candidato à
reeleição. A gente vai marchar nesse sentido.
Por Elton Santos e João Zisman
Fonte: Guardian Noticias