Conselho de
Ética investigará se Carlos Lereia quebrou decoro
Mais
de um ano após a divulgação das denúncias de suposto envolvimento do deputado
tucano Carlos Leréia (GO) com o esquema de corrupção e de exploração ilegal de
jogos do bicheiro Carlinhos Cachoeira, o Conselho de Ética da Câmara instaurou
ontem um processo para investigar as relações entre os dois. Como se trata de
uma representação da Mesa Diretora da Câmara, começará um processo por quebra
de decoro contra Leréia, e o relator poderá dar andamento às investigações,
ouvir testemunhas e requisitar investigações feitas contra o parlamentar pela
Polícia Federal e pela CPI do Cachoeira.
Também ontem foram instauradas as representações sobre dois deputados do PT: a do DEM contra o deputado Devanir Ribeiro (SP), e a do PSB, contra o deputado Eudes Xavier (CE).
O novo presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar Júnior (PSD-SP), sorteou ontem os deputados do conselho que poderão relatar os três processos
e garantiu
que até o início da próxima semana apresentará os nomes dos relatores. ...Também ontem foram instauradas as representações sobre dois deputados do PT: a do DEM contra o deputado Devanir Ribeiro (SP), e a do PSB, contra o deputado Eudes Xavier (CE).
O novo presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar Júnior (PSD-SP), sorteou ontem os deputados do conselho que poderão relatar os três processos
- Faremos todo o possível para dar celeridade e garantir a prestação de contas à sociedade do que está sendo feito. O pedido nos processos é pela perda do mandato, mas os relatores podem definir penas alternativas. No caso do deputado Leréia, já começam a investigação e as oitivas de testemunhas, não há necessidade do parecer preliminar, o que já ocorreu na Corregedoria - explicou Izar.
Leréia foi investigado preliminarmente na Corregedoria da Câmara. A sindicância tomou por base diálogos e documentos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, que estavam em poder da CPI do Cachoeira, e o depoimento dos próprios acusados.
Contra Leréia, segundo o relator na Corregedoria, Jerônimo Goergen (PP-RS), pesam acusações graves: o fato de o deputado possuir um telefone Nextel pago pelo contraventor; a existência de mais de cem ligações telefônicas entre os dois; o fato de Leréia ter admitido ser sócio de Cachoeira na propriedade de um avião; ter usado um cartão de crédito do bicheiro com a autorização dele; e ter agido para demitir e nomear servidores do governo de Goiás, inclusive da polícia, a pedido de Cachoeira.
Além das gravações e da investigação da polícia, o próprio Leréia usou a tribuna da Câmara várias vezes para deixar clara sua amizade com o contraventor. Porém, Leréia garantiu ontem estar tranquilo com a nova investigação:
- Estou tranquilo. Vou fazer igualzinho fiz na CPI, seguir o rito. É mais uma oportunidade de me explicar. Na Corregedoria, o relator fez com base em notícias da imprensa e não se ateve aos autos. Sou o primeiro a pedir que acelerem a tramitação no Conselho.
Ricardo Izar irá escolher o relator do caso Leréia entre os três deputados sorteados: Ronaldo Benedet (PMDB-SC), Júlio Delgado (PSB-MG) e Missionário José Olímpio (PP-SP).
Devanir Ribeiro está sendo processado pelo DEM, que o acusa de agressão verbal e física contra o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), numa disputa que ocorreu no plenário. No caso de Eudes Xavier, o PSB o acusa de fazer acusações inverídicas contra o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), e seu irmão, o ex-ministro Ciro Gomes. Esses dois processos dependem de aprovação dos conselheiros a pareceres preliminares, que darão ou não aval ao início da investigação.
Por
Isabel Braga
Fonte: O Globo - 18/04/2013