O STF faz o Brasil se
sentir constrangido pelo seu Judiciário, pela não observância da Lei Penal e da
Jurisprudência consolidada da Corte, pelo exibicionismo dos juízes que o
compõem.
Um país em que ainda sobrevivem tantos vestígios da ditadura – o
período mais brutal da sua história – deveria ter um STF cujos membros deveriam
ter tido notável atuação na luta contra a ditadura, que tivesse (...) tido a
coragem de jogar sua (...) vida (...) na luta pela democracia.
Nada disso acontece (...). Os brasileiros não tem (...)
conhecimento de onde estavam esses senhores quando os melhores brasileiros
jogavam o melhor que tinham contra a ditadura e pela democracia.
Esses senhores acham que, se por acaso José Dirceu e Genoino quisessem
fugir, teriam necessidade de passaporte? Esses senhores que envergonham o
Brasil confirma (...) que não tem (...) ideia do que é a luta clandestina
contra a
ditadura. Certamente viviam suas vidas, enquanto outros se jogavam
contra o arbítrio, contra o Estado de terror que prendia, torturava,
assassinava a tantos brasileiros.
Podem ficar com os passaportes, senhores juízes do STF, o que
nao (...) podem tirar é a dignidade de quem lutou contra a ditadura enquanto os
senhores gozavam das suas vidas nos seus trabalhos profissionais, no recôndito
das suas famílias, do seu conforto familiar, guardando a dignidade que tivessem
nos cofres bancários.
Podem tomar lições dos que lutaram contra a ditadura com a
Presidenta Dilma, basta rever a resposta dela para o prócer da ditadura,
Agripino Maia, no Congresso. Aí poderão aprender um pouco o que é dignidade,
aprender como não é com passaportes que se defende a democracia, que se luta
contra os que foram coniventes com a ditadura, por ação ou por omissão.
Fiquem com os passaportes. A dignidade dos que lutaram contra a
ditadura, ninguém tira nem tirará jamais.
Emir Sader é sociólogo
Fonte:
Blog do Noblat