sábado, 10 de novembro de 2012

Autofagia do governo petista


A oposição pega no pé do governador Agnelo Queiroz (PT) quando consegue uma brecha. Aliados com pretensões de ocupar o Palácio do Buriti dão a sua contribuição para desgastar o governo. O PT faz o duplo papel. O fogo amigo mostra que alguns petistas tomaram gosto pela oposição. ...

O PT passou 16 anos para conseguir uma nova vitória nas urnas. Na primeira vez que comandou o GDF, com Cristovam Buarque, entre 1995 e 1999, o partido deu trabalho ao governador. Se comportou, por várias vezes, como oposição.

Cristovam enfrentou greves, como a dos professores. Uma das mais longas da história de Brasília. A paralisação é muito semelhante a que Agnelo enfrentou
recentemente. Nos anos 90, vários parlamentares do PT assinaram e divulgaram notas criticando o governo Cristovam.

O desgaste foi grande. Apesar de ter obtido 58% de aprovação (notas ótimo e bom) em pesquisa do Datafolha ao final de seu mandato – classificado como o quarto governador mais popular à época – não conseguiu a reeleição. Perdeu para Joaquim Roriz (PMDB) por pequena margem de votos.

Na quinta-feira (01), em audiência no Banco Central, o Sindicato dos Bancários, liderado pela deputada Erika Kokay (PT), se reuniu com o chefe do Departamento de Organização do Sistema Financeiro (Deorf), Adalberto Gomes da Rocha.

Esse departamento é o responsável pela avaliação dos nomes indicados para ocupar cargos diretivos nas instituições financeiras. Dessa forma, é ele quem dará a palavra final sobre a capacidade de Abdon Henrique, indicado por Agnelo para presidir o BRB.

Abdon é uma indicação pessoal do governador. É um dos assessores mais próximos e de sua extrema confiança. A escolha deve-se a nova fase que Agnelo quer implantar no GDF. Ele vai substituir Jacques Pena, um petista histórico.

A troca de comando no BRB desagradou muitos petistas. Um deles foi o deputado Chico Vigilante (PT), aliado de primeira hora do governador. Foi Vigilante que afiançou a ida de Agnelo para o PT para se tornar candidato ao Buriti. Também é amigo pessoal de Jacques Pena.

Num primeiro momento, Vigilante considerou uma facada nas costas a saída de Pena. Com os argumentos do governador, a animosidade foi controlada. Como homem de partido, Chico Vigilante colocou as mágoas de lado. O mesmo não aconteceu com Kokay.

A deputada petista foi pedir ao Banco Central que não aprove o nome indicado pelo governador petista. Segunda Kokay, Abdon, por mais “disposição e vontade de trabalhar” que tenha, conforme suas palavras, não demonstra capacidade técnica para administrar o BRB.

Esse é um exemplo do fogo amigo que Agnelo enfrenta. Nesse ponto, é muito provável que o senador Cristovam Buarque (PDT), hoje crítico do governador, esteja solidário a Agnelo.

O PT do Distrito Federal precisa aprender a deixar de ser oposição quando se é governo. E vice versa. Do contrário, arrisca ficar mais uma década e meia longe do poder. Não pode deixar que apenas nas eleições de 2016 atinja a maturidade que o PT nacional alcançou para conseguir governar unido.

É preciso deixar que a própria oposição faça oposição. E não ocupar o lugar dela.

Por: Ricardo Callado
Fonte: Blog do Callado - 10/11/2012