Para organização social, governador não deu explicações à sociedade. Porta-voz do GDF diz que as acusações estão 'mal formuladas'
O diretor do
Comitê Ficha Limpa no DF e do Movimento Adote Um Distrital Diego Ramalho
Freitas protocolou, no início da tarde desta segunda-feira (16), um pedido de
impeachment do governador Agnelo Queiroz junto à Câmara Legislativa do Distrito
Federal (CLDF).
Para Diego
Ramalho, as informações trazidas pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal,
foram determinantes para a decisão pelo pedido. O governador Agnelo Queiroz foi citado em ligações telefônicas
grampeadas pela PF que o
relacionam ao suposto esquema de corrupção do contraventor Carlinhos Cachoeira.
O governador nega que tenha relação com o bicheiro.
“Acho que a
operação [Monte Carlo] foi o maior inspirador. A gente já vinha acompanhando as
denúncias da Anvisa, do Ministério
do Esporte. E a gente sempre sente o governador muito despreparado para
responder essas denúncias. Ele nunca chegou a dar explicação convincente à
sociedade”, afirma Ramalho.
O coordenador do
“Adote um distrital” afirma que a CLDF tem sido omissa na investigação das
denúncias. “Infelizmente, a Câmara Legislativa não tem agido. A Câmara já
deveria ter convocado o governador para dar explicações, mas foi o contrário: o
governador convocou a Câmara para pedir apoio.”
“A gente espera
que a CLDF analise ao menos o mérito do nosso pedido, estamos colocando todos
os pontos que o governador não respondeu”, acrescentou Diego Ramalho.
O porta-voz do
governo do DF, Ugo Braga, informou que as acusações citadas pelo representante
do "Adote um distrital" estão "mal formuladas". "Sobre
as acusações do Ministério do Esporte, uma das testemunhas disse ter recebido
dinheiro para fazer. A acusação da Anvisa, a pessoa disse ter recebido proposta
financeira de deputadas da oposição para fazer também", afirmou.
Braga acrescentou
que as informações relacionadas à operação Monte Carlo não comprometem o GDF.
"Não há uma única evidência de qualquer irregularidade no governo do
Distrito Federal. Não tem uma nomeação feita pelo grupo, não há um contrato
suspeito, não há nada que ligue o GDF ao grupo do Carlinhos Cachoeira ou a
irregularidades em contratos. "
"Falar em
impeachment é golpismo e golpismo barato. Nesse momento, esse golpismo está a
serviço do DEM e do PSDB e do grupo Roriz, que foram derrotados na eleição
passada", diz Ugo Braga.
Segundo a
assessoria de imprensa da Câmara Legislativa, a Casa não irá se pronunciar
sobre o pedido de impeachment de Agnelo e sobre as acusações do coordenador do
“Adote um Distrital”.
Citado em gravação
O governador do Agnelo Queiroz foi citado nominalmente em conversas gravadas em abril do ano passado pela Polícia Federal. A gravação faz parte da Operação Monte Carlo, que investiga a atuação de Carlos Cachoeira, suspeito de explorar jogos de azar e subornar políticos para ter proteção e receber benefícios de governos. Cachoeira foi preso pela Polícia Federal em 29 de fevereiro.
O governador do Agnelo Queiroz foi citado nominalmente em conversas gravadas em abril do ano passado pela Polícia Federal. A gravação faz parte da Operação Monte Carlo, que investiga a atuação de Carlos Cachoeira, suspeito de explorar jogos de azar e subornar políticos para ter proteção e receber benefícios de governos. Cachoeira foi preso pela Polícia Federal em 29 de fevereiro.
Em um dos
diálogos, Marcello Lopes, ex-assessor de Agnelo, fala com Idalberto Matias de
Araújo, o Dadá, suspeito de ser um dos principais auxiliares do contraventor
Carlos Cachoeira. No áudio, Idalberto Matias, é tratado pelo codinome Chicão.
Marcello: Teve uma reunião, Chicão, entre o Agnelo;
Agnelo, o Rafael e João Monteiro, agora esses dias. E o Agnelo falou para o
João diretamente, isso foi o Cláudio me contando, pra cuidar da Delta, pra
deixar tudo, pra não dar problema nenhum no lixo.
No diálogo são
citados João Monteiro que é o ex-diretor do Serviço de Limpeza Urbana de
Brasília (SLU), exonerado na última semana; Rafael seria Rafael Barbosa, secretário de Saúde do governo do
Distrito Federal; e Cláudio seria Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no
Centro-Oeste.
O governador
Agnelo Queiroz nega qualquer relação com o grupo de Carlinhos Cachoeira e chama
de fantasiosas as tentativas de envolvê-los no escândalo.
Marcello Lopes,
ex-assessor de Agnelo Queiroz, disse que o nome dele está sendo usado para
atingir o governador. O advogado de Lopes, Jorge Amarante, informou que a
relação do seu cliente com Carlinhos Cachoeira não envolvia negócios com o
governo.
"Ele teve
contato com Carlos Cachoeira duas vezes, só por telefone, e a respeito de
questões de índole pessoal, de contratos de índole particular e antes dele ser
assessor de governo", disse Amarante.
O secretário de
saúde, Rafael Barbosa, falou que nunca se reuniu com João Monteiro e não
conhece Carlinhos Cachoeira. Afirmou ainda que é secretário de Saúde e não tem
nada a ver com lixo.
Em nota, João
Monteiro repudia a vinculação de seu nome aos fatos em apuração e colocou seus
sigilos telefônico, bancário e fiscal à disposição.
A construtora
Delta é responsável por dois terços do serviço de limpeza urbana em Brasília. A
Delta declara não ter qualquer relação imprópria com João Monteiro e afirmou
que afastou Claudio Abreu por causa das ligações com Cachoeira.