Espaços apertados acabam com privacidade de quem busca ajuda, afirmam. Secretário diz que grupo de trabalho será criado para discutir mudanças.Os conselhos tutelares do Distrito Federal sofrem com a falta de estrutura, que dificulta os atendimentos e tira a privacidade de quem procura ajuda, reclamam os conselheiros. O Secretário da Criança, Dioclécio Campos Junior, reconhece que a situação dos 33 conselhos é precária. Segundo ele, um grupo de trabalho e uma coordenação colegiada serão criados para discutir mudanças, mas providências para suprir as necessidades mais básicas serão tomadas nos próximos dias. Em Sobradinho, o espaço ocupado pelo Conselho Tutelar é emprestado e as outras salas do local ficam trancadas. Os cinco conselheiros trabalham apertados, o que prejudica os atendimentos, afirmam. "Não está havendo a privacidade de que a gente precisa para poder falar sobre os filhos, sobrinhos ou menores que a gente vem aqui para poder defender", afirma o secretário Eduardo Bahia. A alternativa é improvisar do lado de fora, mas a estrutura quebrada é um obstáculo. Perto do prédio, o mato alto atrai bichos, e uma piscina abandonada vira foco de mosquito da dengue quando chove. A chuva, aliás, aumenta os problemas, segundo o coordenador do Conselho, Cláudio Rosa. "Quando chove, a gente tem que retirar as famílias que estão esperando porque a sala onde as pessoas aguardam a gente fica com bastante água", explica ele. Na feira Em Sobradinho II, o conselho funciona dentro da feira permanente. Como o único acesso é por escada, os conselheiros têm de descer e fazer o atendimento no meio da feira quando chega alguém com dificuldade de locomoção. E mesmo nos atendimentos normais, não é possível garantir que as conversas não sejam ouvidas por outras pessoas, como alerta o conselheiro Alexandre Braga. "A gente atende casos de abuso sexual, exploração sexual, criança violentada, espancada pelos pais. O atendimento tem que ser sigiloso, e outra pessoa da comunidade tem acesso ao nosso atendimento", reclama. Outro problema são as despesas, que deveriam ser responsabilidade do governo, mas acabam sendo arcadas pelos conselheiros, como impressora e acesso à internet. Até o fornecimento de água tem problemas. Já no Recanto das Emas, os conselheiros sequer têm computador ou fax, e reclamam da falta de valorização. "Nós estamos há oito anos sem aumento salarial, praticamente pagando para trabalhar. O salário de conselheiro em alguns estados é praticamente cinco vezes maior que o nosso", alega o conselheiro Josué de Souza. |