domingo, 16 de julho de 2017

Exames iniciais apontam asfixia, diz família de motorista achado morto em cela no DF

Parentes informaram também que encontraram 'marcas de violência' no corpo da vítima; Polícia Civil nega. Motorista foi enterrado neste domingo.

Por Letícia Carvalho, G1 DF
Homem bate em carro de PM, vai preso e aparece morto em cela

A família do motorista da Caixa Econômica Federal Luis Cláudio Rodrigues, de 48 anos, informou ao G1 que o Instituto Médico Legal (IML) da Polícia Civil do Distrito Federal apontou, preliminarmente, que a vítima teria morrido por asfixia.
Em nota enviada à reportagem, a Polícia Civil disse que o IML não divulga detalhes dos laudos ainda em produção. No entanto, a corporação citou que “os peritos do local não visualizaram em Luís qualquer lesão externa, que não aquela proveniente do próprio enforcamento.”
Os parentes do motorista, contudo, afirmaram que o advogado da família, Paulo César Machado, teve acesso ao corpo da vítima, no sábado (15), e encontrou “marcas de violência acima da cintura de Luis”.
Luis Cláudio foi achado sem vida, na última sexta-feira (14), em uma cela da 13ª Delegacia de Polícia, em Sobradinho, após ter sido detido por embriaguez ao volante. O corpo da vítima foi liberado pelo IML na tarde de sábado (15). O motorista foi sepultado na manhã deste domingo (16), no Cemitério de Sobradinho.

Fachada da 13ª Delegacia de Polícia, em Sobradinho, no Distrito Federal (Foto: Google Maps/Reprodução)
Sobre o caso, a Polícia Civil informou que Corregedoria da instituição instaurou um inquérito para apurar a morte do motorista. Aos parentes, os agentes contaram que o motorista se enforcou com a camisa que estava
usando no momento da prisão. O caso foi registrado como suicídio pela polícia, mas a família não se conforma.
O advogado da vítima disse que pediu para acompanhar a perícia dentro da delegacia, mas não foi autorizado. “A gente não acredita que ele fosse capaz de ceifar a própria vida porque tinha muitos projetos.”
Os parentes vão aguardar os resultados do inquérito da Corregedoria da Polícia Civil e da perícia criminalística, que devem ser concluídos em 30 dias, para poderem “tomar todas as medidas cabíveis, inclusive jurídicas”.
Desentendimento com PM
De acordo com a polícia, Luis Cláudio teria se envolvido em um acidente com um policial militar, por volta das 15h de sexta (14). Ele foi levado à delegacia e, ao chegar à DP, fez o teste do bafômetro. O exame indicou 1,35 miligrama de álcool por litro de ar expelido – índice do acima do que é considerado crime pela Lei Seca.

Luis Cláudio Rodrigues completaria 49 anos neste sábado. A vítima era motorista da Caixa Econômica Federal (Foto: Arquivo pessoal)
Depois do resultado do teste, Luis Cláudio foi detido. Ele ficou em uma cela sozinho e, em menos de três horas, policiais e familiares o encontraram morto. “A nossa família foi chamada. Só após o pagamento da fiança, de R$ 1,2 mil, recebemos a notícia de que o meu primo teria se matado dentro da cela”, disse Eduardo Feitoza.
“Meu primo foi levado para a cela sem as medidas de segurança necessárias. Ele vestia uma camisa polo. Como uma pessoa se mata com uma camisa? Na delegacia, havia seis agentes, um escrivão e o delegado. Como ninguém impediu isso?"
Luis Cláudio Rodrigues completaria 49 anos no último sábado (15). Separado, Rodrigues deixou um filho e dois netos.


Fonte: G1