quarta-feira, 2 de maio de 2012

Saiu faísca

No mundo das redes sociais, os offs continuam sendo assuntos para fontes, mas os ons, ah, os ons, esses podem ser encontrados com facilidade no Twitter. Responsável pelas melhores declarações (no bom e no mal sentido), e de lá que vem a pérola de hoje. Ontem, uma discussão acalorada entre Diego Ramalho, do grupo Adote Um Distrital, e o ex-deputado Alberto Fraga (DEM) foi motivo de muita gente acompanhar atenta a timeline. Fraga acusou Diego de receber dinheiro de algum político. Diego não gostou e começou o bate boca, pedido de provas e mais provocações. O Twitter está cada vez mais imperdível.

Prefeito do Entorno do DF teria ganhado viagem de Cachoeira, diz PF


Gravações mostram Geraldo Messias, de Águas Lindas, agradecendo 'favor'. Prefeito nega qualquer participação nos negócios de Carlinhos Cachoeira.


As investigações da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, revelam que o bicheiro Carlos Cachoeira, preso desde o fim de fevereiro, teria recebido ajuda de policiais civis no esquema de exploração de jogos de azar em Águas Lindas, cidade no Entorno do DF. O prefeito da cidade, Geraldo Messias (PP), é citado nas escutas telefônicas.
Conversas gravadas pela Polícia Federalem abril do ano passado mostram Lenine Araújo de Souza, um dos chefes do grupo de Carlos Cachoeira, falando com o bicheiro sobre supostas trocas de favores com políticos.
Lenine: Tá em Goiânia?
Cachoeira: Tô em Goiânia. E aí?
Lenine: Tá tudo tranquilo. Vai viajar amanhã?
Cachoeira: Não, amanhã, não. Logo depois de amanhã. Por quê?
Lenine: Ah, então, acho que amanhã vou dar um pulinho aí. Uma prefeita aqui agora, né, ela tá precisando de um favor seu.
Cachoeira: Esse povo só gosta de favor, Lenine. É ela, é o Geraldo Messias, é esses daí. Não, não é só daí, não, desculpa... os do Brasil inteiro.
Lenine: Na hora que o estômago dói, né, aí procura...não, aperta.
Cachoeira: Não, e Geraldo Messias, tô aqui eu pagando, pagando hotel pra ele lá e passagem pra ele me reembolsar depois lá em Miami com Wladimir.
De acordo com a Polícia Federal, o prefeito de Águas Lindas, Geraldo Messias, teria uma relação próxima a Cachoeira. Para a PF, em um dos áudios interceptados, o prefeito liga para o bicheiro pra agradecer o pagamento de uma viagem ao exterior.
Geraldo Messias: Coronel Carlinhos, tudo bem?
Cachoeira: Bom!
Geraldo Messias: Geraldo Messias falando.
Cachoeira: Ô, Geraldo, prefeito, como é que foi lá? Foi bom?
Geraldo Messias: Bom, primeira coisa, eu quero te agradecer, que eu já falei pra você que não tem preço que paga essas coisas, né?
Cachoeira: O que é que é isso!
Geraldo Messias: Presente eu não tenho como te dar porque você já tem tudo, graças a Deus.
Cachoeira: Você é gente fina.
Geraldo Messias: A única coisa que eu posso te dar é a minha fidelidade, que eu já falei pra você, viu?
Cachoeira: E já tá bom demais, viu, agradeço demais.
Geraldo Messias: Sou fiel a você no pouco e no muito. O que você mandar fazer, você tem que pensar duas vezes, porque é ordem. Tá certo?
Cachoeira: Obrigado, viu, prefeito.
O prefeito de Águas Lindas nega qualquer participação nos negócios de Cachoeira, mas não soube explicar por que o bicheiro resolveu pagar o hotel da viagem citada. Geraldo Messias passou seis dias em férias nos Estado Unidos, acompanhado de um grupo de políticos e de Eliane Pinheiro, a então chefe de gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo.
Em uma conversa que teve com um homem identificado como Júlio, Cachoeira demonstra que teria bancado parte das despesas da viagem.
Cachoeira: Deixa eu te falar, sábado cedo vai chegar aí a Eliane, que é a secretária do Marconi, com seis pessoas - ela e mais cinco: o prefeito de Águas Lindas, a mulher do prefeito, a Eliane, a secretária do Fernando Cunha. Não, não são seis, não, são quatro pessoas. Aí, é o seguinte: aí eles vão embarcar. Eles vão chegar cedo e embarcar à noite pra, pra Las Vegas.
O esquema de exploração de jogos ilegais chefiado por Cachoeira no Entorno teria o aval do prefeito, segundo a Polícia Federal. Imagens gravadas pela PF em Águas Lindas mostram que o grupo do bicheiro teria recuperado, com auxílio de policiais civis, máquinas de caça-níqueis apreendidas em operações.
Lenine Araújo de Souza foi preso durante a operação Monte Carlo. No mês passado, Eliane Pinheiro pediu exoneração do cargo no governo de Goiás depois que seu nome apareceu nas denúncias. Ela não foi localizada pela equipe de reportagem da TV Globo.

Áudios apontam que Demóstenes recebeu R$ 3,1 milhões de Cachoeira


Desse valor, R$ 1 milhão teria sido depositado na conta do senador. Supremo liberou para CPI acesso a inquérito sobre Demóstenes Torres.



Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal revelam que o senador Demóstenes Torres (sem partido - GO) pode ter recebido até R$ 3,1 milhões do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso pela PF na Operação Monte Carlo, deflagrada para combater um esquema de exploração de jogo ilegal. Desse valor, R$ 1 milhão foi depositado na conta do senador.
Nesta sexta-feira (27), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, relator do inquérito que tramita na Corte para investigar as relações de Demóstenes com o contraventor, autorizou que três comissões do Congresso retirem cópia integral dos autos da investigação, entre elas a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) instalada nesta semana no Congresso para apurar as relações de Cachoeira com agentes públicos e privados.
No material que compõe o inquérito sobre Demóstenes, está um diálogo revelado pelo Jornal Nacional em 28 de março entre Cachoeira e Geovani Pereira da Silva, apontado na denúncia do Ministério Público Federal de Goiás (MPF-GO) como tesoureiro do grupo. O JN obteve agora o áudio da conversa - clique no vídeo acima para ouvir.
Geovani: Porque eu tô devendo pra ele aqui, 1 milhão e oitenta e seis. E, na verdade, eu só tenho os oitenta e seis.
Cachoeira: Esse um é o do Demóstenes, uai.
Em outro diálogo, Cachoeira conversa com Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, que foi afastado de seu cargo. Abreu foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal nesta semana em uma operação sobre supostas fraudes cometidas no DF, como desdobramento da Operação Monte Carlo.
Cachoeira: Cê fala quanto? Que do Demóstenes, no total, eu dei dois e ocê três e cem, não é isso?
Cláudio Abreu: Exatamente;
Cachoeira: É uai. A conta é fácil. Você deu um e quinhentos, mais seiscentos. Dois e cem. Depois, segurou mais um para mim. Três e cem. Então não tem outra conta.
Nesta sexta, o site Brasil 247 divulgou a íntegra do pedido de abertura de inquérito contra o senador Demóstenes. O documento, assinado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. diz que "em diálogo no dia 22 de março de 2011, às 11:18:00, entre Carlos Cachoeira e Cláudio Abreu, não degravado pela autoridade policial, é expressamente referido que o valor de um milhão foi depositado na conta do Senador Demóstenes e que o valor total repassado para o Parlamentar foi de R$ 3.100.000,00 (três milhões e cem mil reais)."
O advogado de Cachoeira não foi localizado para comentar as gravações.
O advogado do senador Demóstenes Torres chamou de fantasioso o relatório assinado pelo procurador geral da República. Disse ser falsa a informação de que Demóstenes teria recebido R$ 3,1 milhões do bicheiro Cachoeira, e não quis se pronunciar sobre a conversa em que Gleyb e Demóstenes combinaram a entrega de R$ 20 mil no apartamento do senador.
Marconi Perillo
Em outra conversa a qual o JN teve acesso mostra proximidade entre Demóstenes, Cachoeira e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Na quinta, o advogado de Perillo, que é o mesmo de Demóstenes, pediu ao PGR para investigar o governador.
O primeiro trecho do diálogo é entre Cachoeira e Demóstenes. Foi antes de um jantar, na casa do senador.
Cachoeira: fala, doutor!
Demóstenes: fala, professor, tá marcado lá pras oito?
Cachoeira: Ta,uai, preparadinho já.
Demóstenes: num quer levar o Cláudio [Abreu, ex-diretor da Delta] mais tarde, não? Parece que o governador gosta dele. Ele chega às oito lá que o governador ficou... chegar às oito, manda o Cláudio chegar às nove, até lá nos já conversamos fiado.
A assessoria do governador de Goiás informou que ele já tinha confirmado anteriormente a presença em um jantar na casa de Demóstenes no qual encontrou Cachoeira.

Gravações mostram ligação entre policiais do DF e GO com Cachoeira


Escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça mostram que policiais militares, civis, federais de Brasília e Goiás são suspeitos de proteger os negócios do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
De acordo com as investigações da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, PMs do DF davam cobertura para fechar bingos concorrentes de Carlos Cachoeira.
Já a delegada Deborah Menezes é chamada de amiga por Claudio Abreu, o Dadá, braço direito do bicheiro. “É igual a amiga nossa aqui lá da 8ª DP, tão mandando ela pra 20ª, no Gama. Véio, tão derrubando os amigo tudo”, afirma Dadá em uma das gravações.
Cláudio Monteiro, ex-agente da Polícia Civil e ex-chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz também é citado. Em uma das gravações, Cachoeira diz que ajudou na campanha de Monteiro, em 2010, para a Câmara Legislativa.
No estado de Goiás, a investigação aponta quase 30 PMs envolvidos com o grupo. O major Antônio Carlos da Silva, por exemplo, foi gravado aliciando policiais para fechar um bingo, a pedido de Cachoeira. Em Luziânia, a organização criminosa diz que pagava o delegado Marcelo Mauad para ele não incomodar os bingos de Cachoeira.
Procurados pela reportagem da TV Globo, Cláudio Monteiro, os delegados Deborah Menezes e Marcelo Mauad, o major Antônio Carlos da Silva e o delegado da Polícia Federal Fernando Byron não deram retorno até a publicação desta matéria.
Transferência para Papuda
O ex-diretor da Delta Construções Claudio Abreu, o vereador de Anápolis Wesley Silva (PMDB) e outras duas pessoas presas na operação Saint-Michel foram transferidos na manhã desta sexta-feira (27) do Departamento de Polícia Especializada (DPE) para a Penitenciária da Papuda, em Brasília, segundo a Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP) da Polícia Civil.
A Saint-Michel é um desdobramento da operação Monte Carlo, na qual foi preso o bicheiro Carlinhos Cachoeira, que também está na Papuda.
Os presos foram transferidos sob um forte esquema de segurança. Armados com metralhadoras, policiais civis chegaram a fechar as vias de acesso ao Departamento de Polícia Especializada (DPE), onde os quatro aguardavam transferência.
A Polícia Civul do DF cumpriu na última quarta-feira (25) mandados de prisão e de busca e apreensão nas cidades de Brasília, São Paulo, Anápolis e Goiânia. Os mandados foram autorizados pela 5ª Vara Criminal de Brasília.

Gravação mostra ligação de grupo de Cachoeira com deputados distritais


Grupo do bicheiro teria negociado votos em lei sobre postos em mercados. Emenda definiu que apenas os novos estabelecimentos podem ter postos.



Gravações feitas pela Polícia Federal na operação Monte Carlo mostram que os negócios do grupo do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, podem ter orientado o voto de deputados distritais na Câmara Legislativa.
No dia 15 de junho do ano passado, o deputado Raad Massouh (PPL) apresentou uma emenda ao projeto de lei que prevê a instalação de postos de combustíveis em supermercados e shoppings.
Pela emenda, só seria permitida a abertura de postos por empresas que conseguissem a licença depois da aprovação da lei – ficariam de fora as grandes redes que já têm postos instalados, mas que ainda não estão em funcionamento.
As investigações da PF mostram que o grupo ligado a Cachoeira teria interesse em aprovar a emenda. Em gravação feita com autorização judicial na tarde em que a emenda seria votada, José Olímpio Queiroga – apontado como um dos chefes do grupo de Cachoeira – é cobrado por um homem identificado como Ricardo Porto, que pergunta porque o deputado Agaciel Maia (PTC) não votaria a favor da emenda como teria sido combinado previamente.
Ricardo: “Rapaz, ele assinou do lado contrário à gente. Cara, cê acredita? Tô te falando cara”
José Olímpio: “Ah, mas cê tá brincando!”
Ricardo: “Tô te falando! Contra a gente! O Agaciel vai se queimar à toa, cara”
As gravações da PF mostram que, em seguida, Olímpio telefonou para o deputado distrital.
José Olímpio: “Alô, deputado, como é que tá você?”
Agaciel Maia: “Tô bem, graças a Deus. E você?”
José Olímpio: “O meu amigo Marcola, Ricardo Porto ligaram agora! Rapaz, cadê aquele seu amigo lá? Você não tá contra o Raad”
Agaciel Maia: “E não votei favorável, rapaz? (...) Eu ainda tirei um voto que era deles: o (deputado) Cristiano Araújo (PTB). (...) Agora, eu fiz aquele discurso, esculhambei com todo mundo e tal, mas votei a favor!”

O deputado Raad Massouh informou que não conhece Carlos Cachoeira e nem José Olímpio e que nunca fez qualquer acordo com os dois para a elaboração da emenda.
Por telefone, o deputado Agaciel Maia disse que nunca sofreu interferência ou fez qualquer compromisso para votar na Câmara Legislativa em favor do grupo de Cachoeira. Maia afirmou ainda que a emenda era a favor da quebra de monopólio.

O deputado Cristiano Araújo, citado no telefonema, não foi encontrado pela reportagem da TV Globo para comentar o assunto. José Olímpio Queiroga Neto foi preso durante a operação Monte Carlo e está detido no complexo penitenciário da Papuda.

Fonte: G1