Desse valor, R$ 1 milhão teria sido depositado na conta do senador. Supremo liberou para CPI acesso a inquérito sobre Demóstenes Torres.
Gravações telefônicas feitas
pela Polícia Federal revelam que o senador Demóstenes Torres (sem partido - GO)
pode ter recebido até R$ 3,1 milhões do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira,
preso pela PF na Operação Monte Carlo, deflagrada para combater um esquema de
exploração de jogo ilegal. Desse valor, R$ 1 milhão foi depositado na conta do
senador.
Nesta
sexta-feira (27), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo
Lewandowski, relator do inquérito que tramita na Corte para investigar as
relações de Demóstenes com o contraventor, autorizou que três comissões do Congresso retirem cópia integral dos
autos da
investigação, entre elas a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI)
instalada nesta semana no Congresso para apurar as relações de Cachoeira com
agentes públicos e privados.
No material
que compõe o inquérito sobre Demóstenes, está um diálogo revelado pelo Jornal
Nacional em 28 de março entre Cachoeira e Geovani Pereira da Silva, apontado na
denúncia do Ministério Público Federal de Goiás (MPF-GO) como tesoureiro do
grupo. O JN obteve agora o áudio da conversa - clique no vídeo acima para
ouvir.
Geovani: Porque eu tô devendo pra ele aqui,
1 milhão e oitenta e seis. E, na verdade, eu só tenho os oitenta e seis.
Cachoeira: Esse um é o do Demóstenes, uai.
Cachoeira: Esse um é o do Demóstenes, uai.
Em
outro diálogo, Cachoeira conversa com Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no
Centro-Oeste, que foi afastado de seu cargo. Abreu foi preso pela Polícia Civil
do Distrito Federal nesta semana em uma operação sobre supostas fraudes
cometidas no DF, como desdobramento da Operação Monte Carlo.
Cachoeira: Cê fala quanto? Que do
Demóstenes, no total, eu dei dois e ocê três e cem, não é isso?
Cláudio Abreu: Exatamente;
Cachoeira: É uai. A conta é fácil. Você deu um e quinhentos, mais seiscentos. Dois e cem. Depois, segurou mais um para mim. Três e cem. Então não tem outra conta.
Cláudio Abreu: Exatamente;
Cachoeira: É uai. A conta é fácil. Você deu um e quinhentos, mais seiscentos. Dois e cem. Depois, segurou mais um para mim. Três e cem. Então não tem outra conta.
Nesta sexta,
o site Brasil 247 divulgou a íntegra do pedido de abertura de inquérito contra
o senador Demóstenes. O documento, assinado pelo procurador-geral da República,
Roberto Gurgel. diz que "em diálogo no dia 22 de março de 2011, às
11:18:00, entre Carlos Cachoeira e Cláudio Abreu, não degravado pela autoridade
policial, é expressamente referido que o valor de um milhão foi depositado na
conta do Senador Demóstenes e que o valor total repassado para o Parlamentar
foi de R$ 3.100.000,00 (três milhões e cem mil reais)."
O advogado de
Cachoeira não foi localizado para comentar as gravações.
O advogado do
senador Demóstenes Torres chamou de fantasioso o relatório assinado pelo
procurador geral da República. Disse ser falsa a informação de que Demóstenes
teria recebido R$ 3,1 milhões do bicheiro Cachoeira, e não quis se pronunciar
sobre a conversa em que Gleyb e Demóstenes combinaram a entrega de R$ 20 mil no
apartamento do senador.
Marconi Perillo
Em outra conversa a qual o JN teve acesso mostra proximidade entre Demóstenes, Cachoeira e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Na quinta, o advogado de Perillo, que é o mesmo de Demóstenes, pediu ao PGR para investigar o governador.
Em outra conversa a qual o JN teve acesso mostra proximidade entre Demóstenes, Cachoeira e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Na quinta, o advogado de Perillo, que é o mesmo de Demóstenes, pediu ao PGR para investigar o governador.
O primeiro
trecho do diálogo é entre Cachoeira e Demóstenes. Foi antes de um jantar, na
casa do senador.
Cachoeira: fala, doutor!
Demóstenes: fala, professor, tá marcado lá pras oito?
Cachoeira: Ta,uai, preparadinho já.
Demóstenes: num quer levar o Cláudio [Abreu, ex-diretor da Delta] mais tarde, não? Parece que o governador gosta dele. Ele chega às oito lá que o governador ficou... chegar às oito, manda o Cláudio chegar às nove, até lá nos já conversamos fiado.
Demóstenes: fala, professor, tá marcado lá pras oito?
Cachoeira: Ta,uai, preparadinho já.
Demóstenes: num quer levar o Cláudio [Abreu, ex-diretor da Delta] mais tarde, não? Parece que o governador gosta dele. Ele chega às oito lá que o governador ficou... chegar às oito, manda o Cláudio chegar às nove, até lá nos já conversamos fiado.
A assessoria
do governador de Goiás informou que ele já tinha confirmado anteriormente a
presença em um jantar na casa de Demóstenes no qual encontrou Cachoeira.