quinta-feira, 19 de abril de 2012

Comissão arquiva denúncia contra ex-vice do Banco do Brasil


São Paulo - A Comissão de Ética da Presidência da República arquivou, em decisão unânime, processo que apurava "possível desvio ético" do ex-vice presidente do Banco do Brasil Allan Simões Toledo. O colegiado concluiu pela "inexistência de indícios suficientes" de conduta irregular do executivo, que dirigiu a área internacional do BB. A investigação teve início a partir de denúncia, em fevereiro passado, sobre depósitos que somaram R$ 953 mil na conta de Toledo, no ano de 2011.

O relator do processo da comissão foi Américo Lacombe, desembargador aposentado, ex-presidente do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3). "Após detido exame constata-se que, a princípio, o sr. Allan Toledo justificou e comprovou pelos documentos a origem dos depósitos recebidos, que se deram em virtude de compra e venda de imóvel pertencente à pessoa da qual é procurador legalmente constituído e herdeiro e que se encontra acometida de doença que, como é sabido, requer assistência, afastando, a priori, prática de desvio ético a ser reprovado", assinala a comissão.

A movimentação financeira rotulada de atípica na conta de Toledo foi identificada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Ele deixou o BB em dezembro, em meio a fogo cruzado de que teria interesse em desestabilizar o presidente da instituição, Aldemir Bendine.

Defendido pelos criminalistas José Roberto Batochio e Guilherme Batochio, o ex-vice do BB apresentou esclarecimentos à Comissão de Ética em 11 de abril. Ele alegou que teve seus dados bancários violados.

"A verdade prevaleceu e encerra definitivamente qualquer dúvida a respeito do meu caráter e dos meus atos", declarou Toledo. "Jamais tive desvio de conduta em meus 30 anos de BB, de onde saí de cabeça erguida, disposto realmente a migrar para a iniciativa privada após aderir ao Programa de Desligamento de Altos Executivos."

Toledo atribui as denúncias a "uma guerra de poder" dentro do BB. "Uma guerra da qual não faço parte, fui envolvido." Ele rechaça com veemência que tenha favorecido clientes. "Não existe nenhuma decisão que eu tenha tomado isoladamente. Todas as medidas são analisadas pelo colegiado do BB, com assinatura dos oito vice-presidentes e do presidente do banco."

A conclusão da Comissão de Ética não vai fazer com que Toledo desista da investigação para identificar quem violou seu sigilo. "Meu primeiro passo foi provar que não cometi ato ilícito algum, mas não abro mão dessa apuração sobre quem acessou meus dados pessoais." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) está preocupado com a vida e a segurança do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.


O empresário chegou a Brasília nesta quarta-feira, transferido do Presídio de Segurança Máxima de Mossoró, RN. “Lá, ele estava isolado, numa cela absolutamente segura, com apenas duas horas de banho de sol, sem contato com ninguém. De repente, em Brasília, o Sr. Cachoeira é colocado numa cela da Polícia Federal que ele divide com outros 22 presos. Como é possível expor uma figura tão importante a um risco tão visível?” estranha o senador Simon.
Cachoeira é pivô da mais grave crise política do país, alvo central da ‘Operação Monte Carlos’ da Polícia Federal e motivo da CPI mista que será instalada nesta quinta-feira (19) no Congresso Nacional para investigar a corrupção na administração pública.
“Quero lembrar que, no passado recente, outra figura central da corrupção no país, o Sr. Paulo César Farias, acabou morrendo em circunstâncias até hoje mal esclarecidas. Era um arquivo vivo, uma bomba ambulante, que foi assassinado sem contar tudo o que sabia. O Sr. Cachoeira é uma figura essencial para decifrar, hoje, os ramos da corrupção na administração pública brasileira. Muita gente deve estar interessada no seu silêncio. Tirar essa testemunha do mais absoluta isolamento e jogá-lo de repente num espaço superpovoado de uma prisão federal é algo que contraria a lógica e o bom senso”.
Completa o senador Pedro Simon: “A Justiça deve tomar providências urgentes para o devido isolamento do Sr. Cachoeira, às vésperas da instalação desta CPI, para assegurar sua plena integridade física. Qualquer ameaça à sua vida passa a ser, agora, responsabilidade de quem tomou essa infeliz decisão. Os brasileiros esperam ver o Sr. Cachoeira, são e salvo, contando tudo o que sabe sobre a corrupção que assombra a Nação. Para isso, ele precisa ser protegido, não ameaçado pela estranha exposição a outros 22 presos. Esse isolamento do Sr. Cachoeira deve ser efetuado já, agora, antes que seja tarde demais”.

'Deltaduto' financiava campanhas eleitorais, aponta investigação da PF


Empresa de fachada repassou verba a pessoas jurídicas doadoras em 2010; Perillo foi beneficiado
 
O rastreamento do dinheiro injetado pela Delta Construções em empresas de fachada, segundo a Polícia Federal, e ligadas ao esquema do contraventor Carlos Cachoeira, revela que a empreiteira carioca montou um “deltaduto” para irrigar campanhas eleitorais. A CPI do Cachoeira, que será instalada na quinta-feira, 19, no Congresso, vai investigar os negócios do contraventor e seus elos com a construtora e políticos.

Empresas que receberam recursos da Alberto e Pantoja Construções Ltda., cuja única fonte de renda identificada pela Polícia Federal era a Delta Construções, abasteceram cofres de campanhas em Goiás, área de influência da organização criminosa de Cachoeira. ...

Segundo as investigações da Operação Monte Carlo da PF, a construtora de fachada (a Alberto e Pantoja) registrou operações atípicas durante o ano eleitoral, período em que movimentou R$ 17,8 milhões.

Duas empresas, que embolsaram R$ 210 mil da Pantoja, doaram R$ 800 mil a candidatos. Entre eles, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o deputado federal Sandes Júnior (PP-GO), ambos citados nas investigações da PF por supostas relações com a quadrilha.

Registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, um mês depois das eleições, Perillo recebeu R$ 450 mil da Rio Vermelho Distribuidora, de Anápolis (GO). A empresa também doou R$ 30 mil para a candidata a deputado federal Mirian Garcia Sampaio Pimenta (PSDB).

A Rio Vermelho é citada em laudos da PF que mostram, a partir da quebra de sigilo bancário, transferências feitas pela Alberto e Pantoja em 2010 e 2011. O atacadista recebeu R$ 60 mil da empresa, que tem como procurador Geovani Pereira, homem de confiança de Cachoeira.

De acordo com a Rio Vermelho, a doação para Marconi foi legal e está registrada no TSE. Com relação ao repasse da Alberto e Pantoja, a empresa afirma que o valor é referente à venda de um carro para Cachoeira.

Marconi Perillo. Este não é o primeiro elo entre o governador de Goiás e as investigações da Monte Carlo. A então chefe de gabinete de Perillo, Eliane Pinheiro, pediu demissão depois que escutas telefônicas mostraram a servidora passando informações sigilosas sobre as operações policiais que tinham como alvo o esquema do contraventor. Perillo, que já confirmou ter se encontrado com Cachoeira, também é citado em conversas de integrantes da quadrilha que mostram a influência do grupo em seu governo, incluindo nomeações para cargos-chave.

Doadora de R$ 300 mil para a campanha do deputado federal Sandes Júnior (PP), a Midway International recebeu R$ 150 mil da construtora investigada pela PF. A empresa de suplementos alimentares transferiu o dinheiro em duas parcelas de mesmo valor (R$ 150 mil) em 22 e 28 de setembro de 2010.

Sandes Júnior também é citado em grampos da Monte Carlo. A Midway doou ainda R$ 20 mil para o ex-senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO).

Wilton Batos Colle, da Midway, informou que pediu um empréstimo para uma empresa de Anápolis para fazer a doação. “Queria doar dinheiro para um grande amigo nosso, o deputado Sandes Júnior, mas estávamos sem dinheiro no caixa naquela época.” Segundo o empresário, a empresa escolhida para a operação foi a Libra Factoring, de um irmão de Cachoeira, também investigada no inquérito da PF. “Foi uma operação legal e declarada. Só não sabíamos que quem estava fazendo o negócio era essa Pantoja”, argumentou.

Alana Rizzo, de O Estado de S. Paulo


Fonte: Jornal Estado de São Paulo - 19/04/2012

Empresa abastecida por Cachoeira fez doação para governador tucano


Empresas que financiaram as campanhas do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) em 2010 receberam recursos repassados por uma empresa de fachada do grupo do empresário Carlos Cachoeira, informa reportagem de Breno Costa, Rubens Valente e Catia Seabra, publicada na Folha desta quinta-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Segundo a Polícia Federal, a origem do dinheiro é a construtora Delta, a empreiteira que mais verbas recebe do governo federal atualmente.
Além de Perillo e Demóstenes, o deputado federal Sandes Júnior (PP-GO) também recebeu recursos com essa mesma origem, segundo a PF.
OUTRO LADO
Políticos que receberam recursos repassados pelo empresário Carlos Cachoeira na campanha de 2010 disseram que não há nada irregular nas contribuições recebidas.
O governador Marconi Perillo disse que "estabelecer relação entre a doação feita pela Rio Vermelho (...) com negócios entre ela e outras empresas não passa de uma ilação descabida e indevida".
Leia a reportagem completa na Folha desta quinta-feira, que já está nas bancas.

Senado votará dia 25 o fim de privilégio histórico de 14º e 15º salários


A Mesa Diretora do Senado Federal aprovou por unanimidade, na tarde de ontem, o fim do 14º e do 15º salários pagos a senadores e deputados federais. A matéria deve ir a plenário para votação na próxima quarta-feira, dia 25. Intocável desde a Constituição de 1946, a extinção da regalia bancada com o dinheiro do contribuinte só entrou na ordem do dia um ano depois de a então senadora e chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, apresentar o projeto. Mesmo com relatório favorável, repousava por todo esse tempo na gaveta da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Há um mês, os integrantes da CAE aprovaram a proposta. Nos oito anos de mandato, o custo com o pagamento dos extras no Senado é de R$ 34,6 milhões. A Câmara dos Deputados gasta, em quatro anos, R$ 109,6 milhões.

Ontem, o clima entre os senadores era de que o corte da benesse deve ser aprovado por ampla maioria no plenário. A estratégia é tentar passar uma imagem de austeridade diante das últimas denúncias de corrupção envolvendo o Congresso Nacional. Como o projeto prevê a abolição dos extras nas duas Casas, se aprovado, será encaminhado à Câmara dos Deputados. Depois, retornará ao Senado para promulgação.