quinta-feira, 19 de abril de 2012

PMDB quer Romero Jucá para presidir CPI do Cachoeira, já PT não se entende


Enquanto o PMDB define sua estratégia para perturbar o governo na CPI Mista que investigará os negócios do bicheiro Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados, o PT não se entende sequer para escolher o relator da comissão. O PMDB deve indicar o senador Romero Jucá (RR), ex-líder do governo na Casa, para presidir a Comissão e o atual líder, Eduardo Braga (AM), para desincumbir o partido da tarefa de defender no Planalto. Já na Câmara, o clima de tensão entre as diversas correntes do PT, adormecido desde a escolha do líder da bancada em fevereiro, voltou a aflorar nos bastidores da Casa. O partido não consegue definir se o relator será Cândido Vaccarezza (PT-SP) ou Odair Cunha (PT-MG).

Jucá será o vetor político de atuação do grupo ligado ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e Renan Calheiros (PMDB-AL). Particularmente, ele resiste à ideia de presidir a comissão. Mas o partido sonha com isso e, para não parecer uma afronta tão grande ao Planalto, alega que Jucá tem “bom conhecimento de leis, é estudioso e não vai se enrolar em uma CPI que pode transformar-se em guerra”. E mais: os peemedebistas indicaram Eduardo Braga, justamente o substituto de Jucá, para a CPI. Como líder do governo, ele tem assento automático na comissão, mas não tem poder de voto. “Vai que alguém resolve convocar um ministro para depor? Braga só poderia discursar contra, agora ele vai também poder votar”, ironizou um peemedebista.


Embaixada do Irã atribui mal-entendido a suposto caso de abuso sexual



A Embaixada do Irã reagiu às denúncias de abuso sexual, atribuídas a um diplomata, de 51 anos, do país. Em nota divulgada nessa quarta-feira (18/4) à noite, a representação diplomática informou que houve um “mal-entendido” na interpretação dos fatos devido às “diferenças culturais” entre iranianos e brasileiros. Também condenou a imprensa nacional por considerá-la tendenciosa e discriminatória no que se refere ao Irã.

“Essa missão diplomática declara que a acusação levantada contra o diplomata iraniano é exclusivamente um mal-entendido decorrente das diferenças nos comportamentos culturais [entre iranianos e brasileiros]”, diz a nota. Desde que as acusações foram feitas, no último dia 14, esta foi a primeira manifestação da representação diplomática.

“Nesse sentido também expressamos energicamente o nosso protesto e indignação relativo ao tratamento e à maneira como a mídia, geralmente tendenciosa, trata as coisas relativas a alguns países, entre eles o Irã”, diz ainda o comunicado. “[A reação da midia brasileira] demonstra nitidamente um comportamento intencional, propositado e imparcial”, acrescenta.

Nessa quarta-feira (18/4), o Ministério das Relações Exteriores recebeu informações da Polícia Civil do Distrito Federal sobre as acusações envolvendo o diplomata iraniano e decidiu notificar oficialmente a Embaixada do Irã no Brasil. Mas, antes, serão conduzidas investigações em relação ao caso. O iraniano dispõe de imunidade diplomática e não pode ser investigado nem incriminado como os cidadãos comuns.

Parentes das crianças estiveram no Itamaraty para pedir ao governo federal providências em relação ao caso. O diplomata iraniano é acusado de ter assediado sexualmente crianças e adolescentes de 9 a 14 anos na piscina de um clube da capital federal, localizado em área nobre da cidade.

Segundo relato das famílias e dos salva-vidas do clube, o homem acariciou as partes íntimas das crianças quando mergulhava na piscina, no sábado passado (14/4). Pais e mães das crianças e adolescentes fizeram um boletim de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia Civil. O diplomata foi ouvido e liberado em seguida.

De acordo com a Convenção de Viena, um diplomata não pode ser processado ou preso no Brasil. Nesses casos, pode sofrer punições somente se o país de origem retirar a imunidade diplomática ou for declarado persona non grata pelo governo brasileiro, sendo expulso do território e impedido de ingressar. No entanto, o diplomata não está isento de ser alvo de processo em sua terra natal.

No Irã, crimes sexuais são julgados de acordo com a Sharia – códido de conduta e moral regido pelo Alcorão, livro sagrado do islamismo. Desde a revolução islâmica em 1979, o país é uma república orientada pelos preceitos da religião.

Em troca de cargos, Agnelo reúne aliados e consegue adiar CPI da Arapongagem no Distrito Federal


Após intensa negociação, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), conseguiu impedir ontem a criação de uma CPI destinada a investigar grampos ilegais supostamente feitos pelo seu governo. A oposição vai tentar agora instalar a comissão parlamentar de inquérito na próxima terça-feira. Até lá, será negociado um novo texto, ampliando o período de investigação. Em vez de se restringir ao atual governo, a apuração deverá começar a partir de 2002, como exigiu o governador em reuniões com os parlamentares aliados.
Os governistas também exigiram que sejam excluídos do requerimento de criação da comissão os nomes de Agnelo Queiroz, de Carlos Cachoeira e do chefe da Casa Militar, tenente-coronel Rogério Leão, acusado de ser o responsável por quebrar o sigilo de adversários do governador. Ex-integrantes do governo de Agnelo também são acusados de ter relação com o suposto esquema de Cachoeira.
A sessão para criar a CPI estava marcada para ontem à tarde. Mas uma reunião na residência oficial do governador com os deputados foi estendida até as 17h, exatamente o horário em que a sessão da Câmara Legislativa foi encerrada por falta de quórum. Agnelo, segundo parlamentares, ofereceu cargos e tentou convencer os aliados de que não houve espionagem.
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Por Reinaldo Azevedo

Especialistas alertam para que cortes de juros não fiquem só no marketing



A presidente Dilma Rousseff venceu a queda de braço com os bancos privados. Ontem, depois de duas semanas de ofensiva do governo federal para que as instituições reduzam os custos dos empréstimos, Itaú Unibanco e Bradesco, os dois maiores bancos sem participação governamental, anunciaram corte nas taxas de juros cobradas de empresas e consumidores. Eles foram os últimos do setor a seguir o exemplo dado pelos estatais, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, que publicaram novas tabelas no início do mês.

O Santander, que na terça-feira havia divulgado novos índices para empresas, também anunciou ontem uma nova opção de conta-corrente, com juros de cheque especial a partir de 4%. O Banco de Brasília aproveitou a oportunidade e cortou em até 50% as taxas para empresas, depois de reduzir, na semana passada, os custos para pessoas físicas.

Em meio ao embate, Dilma chegou a considerar a redução dos spreads — diferença entre o que os bancos pagam aos investidores e o que cobram dos devedores — uma questão de honra. Agora, apesar da vitória, analistas ressaltam que os clientes devem pressionar as instituições para que as novas tabelas sejam cumpridas e não se resumam a uma grande estratégia de marketing. “O problema é o consumidor se entusiasmar, mudar de banco e, depois que chegar lá, perceber que as novas taxas não são para ele”, alertou Fábio Gallo Garcia, professor da Escola de Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Após queda da taxa, Brasil não é mais o campeão mundial dos juros altos

Diante da necessidade de fazer o país crescer ao menos 4% neste ano — número considerado improvável pelo mercado, que estima avanço abaixo de 3% —, o Banco Central jogou, ontem, mais combustível na atividade econômica. Como prometido ao Palácio do Planalto, o presidente da instituição, Alexandre Tombini, conseguiu o apoio unânime de todos os seus colegas de diretoria e sacramentou o corte de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros, de 9,75% para 9% ao ano. Foi a sexta queda consecutiva desde agosto do ano passado — no total, a redução chega a de 3,5 pontos. Com isso, o Brasil deixou para trás o nada lisonjeiro título de campeão mundial dos juros altos, com taxa real (descontada a inflação) de 3,4%, fato que não se via desde janeiro de 2010. O país foi superado pela Rússia, com 4,2%.

Apesar de um comunicado simples, o Copom sinalizou a possibilidade de pelo menos mais uma baixa da Selic na reunião de maio, de 0,25 ponto, para 8,75% anuais. A porta aberta foi indicada pela visão de que os riscos de inflação, “neste momento, permanecem limitados”. Também ressaltou que, “dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionaria”. Ou seja, o recuo das cotações da commodities (produtos básicos com cotação internacional) tem ajudado a aliviar o custo de vida no Brasil, sobretudo os preços dos alimentos.