terça-feira, 22 de março de 2011

Mesa da Câmara decide esperar

Do Correio Braziliense: A Mesa Diretora da Câmara decidiu, em reunião na noite desta segunda-feira (21), aguardar informações do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e do Ministério Público de Contas (MPC) sobre as denúncias contra a deputada distrital Celina Leão (PMN), para só então dar andamento à investigação na Casa. Enquanto isso, a representação contra a deputada, protocolada hoje pelo colega Chico Vigilante (PT), não será encaminhada para investigação na Corregedoria da Câmara Legislativa.
O presidente da CLDF, Patrício (PT), disse que não há condições de abrir tal processo sem uma fundamentação com base em provas materiais ou testemunhas. “Estamos acompanhando o noticiário, mas não podemos nos basear em denúncias feitas no anonimato”, afirmou ele, citando a reportagem do Correio publicada no domingo (20).
Ainda nesta segunda (21), Patrício pediu aos órgãos fiscalizadores que encaminhem à Casa dados do processo aberto contra Celina. O deputado também pediu que os autores da denúncia procurem a Corregedoria para prestar mais informações.
O presidente esclareceu que Celina, atual presidente da Comissão de Ética da Câmara, terá que deixar o cargo caso o órgão receba representação contra ela. O art. 22 do Código de Ética estabelece que o parlamentar deve renunciar à presidência da Comissão quando é alvo de denúncia.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Jaqueline Roriz é notificada via 'Diário Oficial' a apresentar defesa em 5 dias

Deputada federal foi flagrada em vídeo recebendo maço de dinheiros.
Parlamentar alegou que recursos foram usados em campanha eleitoral.
A deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) foi notificada nesta segunda-feira (21), por meio do "Diário Oficial da União", a apresentar defesa em 5 dias úteis à Câmara, no processo que investiga o recebimento de maço de dinheiro de Durval Barbosa, pivô do escândalo de corrupção que ficou conhecido como mensalão do DEM de Brasília.
A intimação saiu na publicação porque a parlamentar não foi encontrada por três vezes pela Corregedoria da Câmara.
Jaqueline Roriz foi flagrada em vídeo (veja acima), ao lado do marido, Manoel Neto, recebendo um pacote de dinheiro. Ela alega que os recursos teriam custeado a campanha para deputada distrital, em 2006, e não teriam sido registrados na prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral.
Conselho de Ética
Na primeira reunião do ano, o Conselho de Ética da Câmara recebeu no dia 16 de março representação para investigar a possível quebra de decoro parlamentar praticada por Roriz. O presidente do órgão, José Carlos Araújo (PDT-BA), deve escolher nesta semana o relator do caso. A partir de então, o Conselho terá 90 dias para analisar o processo.
A pena máxima prevista é a perda do mandato. Jaqueline também pode receber apenas uma advertência, afastamento temporário das funções ou ainda sofrer censura pública ou censura escrita.
Com a abertura do processo no Conselho, Roriz poderá até renunciar ao mandato, mas não escapará de ser investigada pelos deputados.
A representação que pede a cassação da deputada do Distrito Federal foi apresentada pelo PSOL. “Estou aqui para trazer uma representação contra a deputada federal Jaqueline Roriz, que mereceu confiança do povo de Brasília para exercer esse honroso mandato, mas que não ofereceu ao povo a oportunidade de saber o que ela negou com veemência, de uma suposta participação no esquema de corrupção de Brasília”, afirmou o líder do PSOL na Câmara, deputado Chico Alencar (RJ).
Alegando problemas de pressão, Jaqueline se licenciou na última segunda-feira das atividades da Câmara por cinco dias.
Durval Barbosa
Um dos suplentes do conselho, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) defendeu a realização de uma audiência pública com o delator do escândalo de corrupção, Durval Barbosa. O tucano defendeu o envio de um convite a Durval, já que o Conselho de Ética não tem poder de convocação.
“Devemos convidá-lo e, se ele não comparecer, devemos enviar convite ao procurador-geral da República, ao delegado da Polícia Federal que coordena as investigações e ao ministro do Superior Tribunal de Justiça que coordena o inquérito”, disse Francischini.
O presidente do Conselho afirmou que Francischini estava um pouco “afobado”, já que logo no primeiro encontro do colegiado falou em convidar Barbosa para comparecer ao conselho. Araújo, no entanto, concordou com a proposta do deputado e concordou em examinar a ideia no decorrer dos trabalhos.
PGR e STF
No dia 15, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu que os resultados do inquérito que investiga a deputada no Supremo Tribunal Federal sejam compartilhados com a Câmara.

O pedido está sendo analisado pelo relator do caso, ministro Joaquim Barbosa. No dia 14, ele autorizou a abertura de inquérito no STF para apurar as acusações contra Roriz.

Em nota, Celina reclama de denuncismo

A deputada Celina Leão (PMN) divulgou nota em resposta às denúncias divulgadas neste domingo pelo Correio Braziliense. Para a distrital, Brasília está sob uma onda de denuncismo. Confira o comunicado:
Venho por intermédio desta destacar a onda de denuncismo que se instalou em Brasília e que de forma covarde tenta levar meu nome e minha integridade para o foco de histórias sem nenhuma verdade.
Não tenho nem nunca tive envolvimento com a empresa Entec Engenharia e Consultoria LTDA. Não sou proprietária nem sócia da Entec, não sendo assim, responsável por qualquer ação da empresa.
Ressalto ainda que desde que assumi o mandato como deputada distrital, não tenho em meu gabinete nenhum parente nomeado assim como nenhum servidor que não exerça as funções para qual tenha sido contratado.
Por fim, a tentativa de desqualificar e calar meu discurso não surtirão efeitos. Meus eleitores podem ter a certeza de que quanto mais agredida, mais duramente defenderei os princípios éticos que me fizeram chegar à Câmara Legislativa do Distrito Federal.”

quinta-feira, 17 de março de 2011

Celina Leão diz ter sido abadonada em sua campanha para distrital pelo grupo Roriz e comenta os videos da sua colega Jaqueline roriz

Depois de Liliane Roriz (PRTB), nesta quinta-feira (17) foi a vez deputada distrital Celina Leão (PMN) fazer seu pronunciamento sobre as denúncias divulgadas contra sua ex-chefe, amiga e correligionária, a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN). No discurso, Celina afirmou que não negaria seu passado e que sempre esteve ao lado da família Roriz, inclusive quando muitos debandaram durante a campanha de Weslian. Mas declarou que foi abandonada ao longo de sua campanha para distrital. E que, apesar de ter sido coordenadora política de Jaqueline em seu mandato na Câmara Legislativa, nunca recebeu nem um centavo de Durval Barbosa.
A distrital questionou ainda o tratamento que vem sendo dispensado pela mídia e pelos políticos da cidade a Jaqueline. “O financiamento de campanha de Jaqueline Roriz foi gravado. E os que não foram gravados?”. E pediu o fim da ameaça constante de revelação de novas gravações. “Chega de falar em vídeos de parlamentares e até do governador. Precisamos fazer com que Brasília ande”, declarou.

Esquema teria ajudado líderes do DEM

Da Veja Online: José Roberto Arruda foi expulso do DEM, perdeu o mandato de governador e passou dois meses encarcerado na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, depois de realizada a Operação Caixa de Pandora, que descobriu uma esquema de arrecadação e distribuição de propina na capital do país. Filmado recebendo 50 mil reais de Durval Barbosa, o operador que gravou os vídeos de corrupção, Arruda admite que errou gravemente, mas pondera que nada fez de diferente da maioria dos políticos brasileiros: “Dancei a música que tocava no baile”.
Em entrevista a VEJA, o ex-governador parte para o contra-ataque contra ex-colegas de partido. Acusa-os de receber recursos da quadrilha que atuava no DF. E sugere que o dinheiro era ilegal. Entre os beneficiários estariam o atual presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), e o líder da legenda no Senado, Demóstenes Torres (GO). A seguir, os principais trechos da entrevista:
O senhor é corrupto?
Infelizmente, joguei o jogo da política brasileira. As empresas e os lobistas ajudam nas campanhas para terem retorno, por meio de facilidades na obtenção de contratos com o governo ou outros negócios vantajosos. Ninguém se elege pela força de suas ideias, mas pelo tamanho do bolso. É preciso de muito dinheiro para aparecer bem no programa de TV. E as campanhas se reduziram a isso.
O senhor ajudou políticos do seu ex-partido, o DEM?
Assim que veio a público o meu caso, as mesmas pessoas que me bajulavam e recebiam a minha ajuda foram à imprensa dar declarações me enxovalhando. Não quiseram nem me ouvir. Pessoas que se beneficiaram largamente do meu mandato. Grande parte dos que receberam ajuda minha comportaram-se como vestais paridas. Foram desleais comigo.
Como o senhor ajudou o partido?
Eu era o único governador do DEM. Recebia pedidos de todos os estados. Todos os pedidos eu procurei atender. E atendi dos pequenos favores aos financiamentos de campanha. Ajudei todos.
O que senhor quer dizer com “pequenos favores”?
Nomear afilhados políticos, conseguir avião para viagens, pagar programas de TV, receber empresários.
E o financiamento?
Deixo claro: todas as ajudas foram para o partido, com financiamento de campanha ou propaganda de TV. Tudo sempre feito com o aval do deputado Rodrigo Maia (então presidente do DEM).
De que modo o senhor conseguia o dinheiro?
Como governador, tinha um excelente relacionamento com os grandes empresários. Usei essa influência para ajudar meu partido, nunca em proveito próprio. Pedia ajuda a esses empresários: “Dizia: ‘Olha, você sabe que eu nunca pedi propina, mas preciso de tal favor para o partido’”. Eles sempre ajudaram. Fiz o que todas as lideranças políticas fazem. Era minha obrigação como único governador eleito do DEM.
Esse dinheiro era declarado?
Isso somente o presidente do partido pode responder. Se era oficialmente ou não, é um problema do DEM. Eu não entrava em minúcias. Não acompanhava os detalhes, não pegava em dinheiro. Encaminhava à liderança que havia feito o pedido.
Quais líderes do partido foram hipócritas no seu caso?
A maioria. Os senadores Demóstenes Torres e José Agripino Maia, por exemplo, não hesitaram em me esculhambar. Via aquilo na TV e achava engraçado: até outro dia batiam à minha porta pedindo ajuda! Em 2008, o senador Agripino veio à minha casa pedir 150 mil reais para a campanha da sua candidata à prefeitura de Natal, Micarla de Sousa (PV). Eu ajudei, e até a Micarla veio aqui me agradecer depois de eleita. O senador Demóstenes me procurou certa vez, pedindo que eu contratasse no governo uma empresa de cobrança de contas atrasadas. O deputado Ronaldo Caiado, outro que foi implacável comigo, levou-me um empresário do setor de transportes, que queria conseguir linhas em Brasília.
O senhor ajudou mais algum deputado?
O próprio Rodrigo Maia, claro. Consegui recursos para a candidata à prefeita dele e do Cesar Maia no Rio, em 2008. Também obtive doações para a candidatura de ACM Neto à prefeitura de Salvador.
Mais algum?
Foram muitos, não me lembro de cabeça. Os que eu não ajudei, o Kassab (prefeito de São Paulo, também do DEM) ajudou. É assim que funciona. Esse é o problema da lógica financeira das campanhas, que afeta todos os políticos, sejam honestos ou não.
Por exemplo?
Ajudei dois dos políticos mais decentes que conheço. No final de 2009, fui convidado para um jantar na casa do senador Marco Maciel. Estávamos eu, o ex-ministro da Fazenda Gustavo Krause e o Kassab. Krause explicou que, para fazer a pré-campanha de Marco Maciel, era preciso 150 mil reais por mês. Eu e Kassab, portanto, nos comprometemos a conseguir, cada um, 75 mil reais por mês. Alguém duvida da honestidade do Marco Maciel? Claro que não. Mas ele precisa se eleger. O senador Cristovam Buarque, do PDT, que eu conheço há décadas, um dos homens mais honestos do Brasil, saiu de sua campanha presidencial, em 2006, com dívidas enormes. Ele pediu e eu ajudei.
Então o senhor também ajudou políticos de outros partidos?
Claro. Por amizade e laços antigos, como no caso do PSDB, partido no qual fui líder do Congresso no governo FHC, e por conveniências regionais, como no caso do PT de Goiás, que me apoiava no entorno de Brasília. No caso do PSDB, a ajuda também foi nacional. Ajudei o PSDB sempre que o senador Sérgio Guerra, presidente do partido, me pediu. E também por meio de Eduardo Jorge, com quem tenho boas relações. Fazia de coração, com a melhor das intenções