terça-feira, 2 de abril de 2013

Multas contra desrespeito à faixa caem e mortes dobram

Detran. Infrações registradas por agentes de trânsito diminuíram de 3,3 mil para 1,8 mil em 2012. Fiscalização frouxa leva ao mau comportamento

Depois de quase ter sido atropelado, Antônio Marcos de
Sousa reclama | RICARDO MARQUES/METRO BRASÍLIA

Ao usar uma das faixas de pedestres próximas à Universidade Católica para atravessar o Pistão Sul, o DJ Antônio Marcos de Sousa, 36, levou um susto. Já no final da travessia foi surpreendido por um terceiro carro que transitava pelo acostamento e não respeitou o ‘sinal de vida’.

“Não sou de confiar, mas, desta vez, achei que poderia atravessar, porque os outros carros já tinham parado”, conta Sousa, que, como muitos brasilienses, anda ressabiado em relação ao dispositivo de segurança que já foi considerado como um símbolo de civilidade do DF.

De 2011 para 2012, o número de motoristas multados por desrespeitar a faixa caiu 45,4%. Há dois anos, foram emitidas 3.350 multas por
esse tipo de infração. No ano passado, apenas 1831. Até 28 de fevereiro último, 163 motoristas foram flagrados desrespeitando a faixa em 2013. ...

Ao contrário das multas, as mortes sobre as faixas de pedestre têm aumentado. Em 2012, foram oito. No ano anterior, quatro.

Quando foram definidas como política fundamental de combate à violência no trânsito, há 16 anos, as faixas de pedestres tinham agentes de trânsito ou policiais militares que ficavam ao lado delas, marcando posição em favor do respeito. Hoje, com deficit de pessoal, o Detran tem priorizado as blitzen contra o consumo de álcool. As faixas, então, ficaram com a fiscalização descorbeta.

“A falta de fiscalização incentiva a imprudência. Ajuda a reproduzir o ciclo de impunidade”, afirma o professor Paulo César Marques, da UnB. “O reforço ao bom comportamento precisa ser contínuo. Caso contrário, as pessoas, esquecem.”

O diretor do Detran, José Alves Bezerra, afirma que o orgão investiu em educação. “Fizemos ações educativas de respeito à faixa que alcançaram pelo menos 15 mil pessoas.”



Por Érica Montenegro

 

Fonte: Jornal Metro Brasília - 02/04/2013