Haras da família
de ex-distrital acusado de ser o responsável pela criação de 14 condomínios é
palco de festa ilegal e revolta moradores. No sábado, evento promovido no
local, próximo ao Residencial RK, incomodou vizinhos
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Uma
festa de arromba promovida no último sábado em um haras que faz limite com o
Residencial RK, em Sobradinho, agitou pelo menos mil convidados do lado de
dentro da balada e deixou outros 10 mil moradores revoltados com a farra sem
limite de idade, volume de som, número de participantes, horário para
encerramento ou qualquer tipo de autorização do poder público. O endereço de
onde ocorreu o evento está em posse da família Passos, em que integrantes são
apontados pelo Ministério Público como responsáveis pelo parcelamento de 14
condomínios, entre eles o RK, cuja a propriedade é discutida judicialmente.
Passava das 22h quando uma movimentação atípica na área, próximo à Torre Digital, chamou a atenção de quem
vive no local. Em pouco mais de uma hora, a
fila de carros na única pista que dá acesso à entrada do residencial, a DF-
440, causou um congestionamento de mais de um quilômetro, que reteve o trânsito
por uma hora e meia. ...Passava das 22h quando uma movimentação atípica na área, próximo à Torre Digital, chamou a atenção de quem
Nos carros, jovens a caminho da Chácara nº 7 do Residencial RK, endereço fornecido pela organização da festa, com entrada livre para mulheres e ingressos a R$ 10 para homens. Embora identificado como parte do condomínio, o local em questão está fora da Poligonal do RK e pertence à área rural do DF. Mas o único acesso para se chegar ao haras, cuja posse está em nome de Walmar Passos, filho de Márcio Passos, um dos irmãos do ex-deputado distrital Pedro Passos, é pela portaria do parcelamento. Assim, a noite do último sábado, segundo relatos de vários moradores que denunciaram a festa sem alvará da Administração de Sobradinho, foi um “inferno”.
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Bagunça e drogas
Moradora do RK há seis anos, a professora Mônica Aviani ficou estarrecida com o evento na rua vizinha de onde vive com os dois filhos, Emanuel, 15 anos, e Tiago, 2. Ela conta que se assustou com a movimentação de carros e saiu de casa para ver o que estava acontecendo. “Não era uma festa, foi uma orgia. Gente bêbada, meninas que não tinham nem 13 anos, consumo de drogas, vestígio de sexo”. No dia seguinte à balada, moradores encontram garrafas, latas de bebidas e camisinhas nas proximidades do haras.
A versão de Mônica foi repetida com detalhes por outros vizinhos que, próximos ou nem tanto do haras, ouviram barulho durante a noite toda. “A gente não conseguia ver tevê, conversar e muito menos dormir. Foi uma coisa absurda, uma falta de respeito com as famílias, disse a aposentada Sônia Marília. Ela e o marido, Mário Siqueira, moram no condomínio desde 2003 e, segundo contam, foi a festa mais retumbante que já testemunharam nas imediações. Impressão que o comerciante Josivan Lopes Ribeiro confirma. Ele é um dos pioneiros do local que se consolidou na última década. “Nunca havia ocorrido um engarrafamento como o do último sábado. A gente paga o condomínio para ter segurança, mas o que houve foi uma festa sem controle, com a participação de crianças, drogas ilícitas, uma bagunça sem precedentes”, contou Josivan.
Sem conseguir conter os carros e as pessoas que entravam no condomínio para ter
acesso ao haras da família Passos, os administradores do residencial chamaram a
polícia já na madrugada de domingo. Os PMs impediram que uma parte dos veículos
entrasse, mas, a essa altura, centenas dos convidados já estavam na festa. Os
organizadores do evento divulgaram uma nova edição para amanhã, onde convidam,
via Facebook, os “tequileiros e tequileiras” para uma festa que vai durar “a
noite toda” com “som automotivo, segurança especializada e a presença do rapper
Chilli Abase”. Na propaganda está especificado que é “permitida a entrada com
bebidas”.
Desde 1995, com a CPI da Grilagem, é conhecida a suspeita de que os empreendedores do Condomínio RK são os irmãos Passos. Assim, moradores que compraram seus terrenos em área irregular nascida pelas mãos da família, hoje se incomodam com a interferência dos próprios mentores desse residencial. Inusitado.
Ações
Na Justiça local, tramita uma ação civil pública para a desconstituição do RK. A propriedade da área é reclamada pela Terracap. Corre ainda na 3ª Vara Federal, desde 2001, uma ação de improbidade administrativa movida contra integrantes da família Passos, da Terracap, além do ex-governador Joaquim Roriz.
Memória
Segurança preocupa
A preocupação com a segurança em danceterias e casas de festa da capital, assim como em todo o país, cresceu depois da tragédia Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Passados 10 dias, o Corpo de Bombeiros visitou 24 boates nas diferentes regiões administrativas à procura de irregularidades nos sistemas de combate a incêndio. Todas apresentavam algum tipo de problema e foram notificadas pelos militares, sendo que duas acabaram interditadas. Além disso, quase um em cada quatro bares e restaurantes vistoriados pela Agência de Fiscalização do DF (Agefis) não tinha licença para funcionar e também precisou fechar as portas.
As falhas encontradas pelos bombeiros nos estabelecimentos vão desde a instalação de extintores em locais inadequados até a falta de saídas de emergência, como verificado em um local no Gama e em outro na Asa Norte, ambos interditados. O trabalho dos militares ressalta a importância de que esses locais sejam inspecionados constantemente para garantir a segurança dos frequentadores. No caso do haras da família Passos, a propriedade não conta com qualquer amparo legal para promover festas, expondo ainda mais as pessoas que participam das baladas ilegais.
Desde 1995, com a CPI da Grilagem, é conhecida a suspeita de que os empreendedores do Condomínio RK são os irmãos Passos. Assim, moradores que compraram seus terrenos em área irregular nascida pelas mãos da família, hoje se incomodam com a interferência dos próprios mentores desse residencial. Inusitado.
Ações
Na Justiça local, tramita uma ação civil pública para a desconstituição do RK. A propriedade da área é reclamada pela Terracap. Corre ainda na 3ª Vara Federal, desde 2001, uma ação de improbidade administrativa movida contra integrantes da família Passos, da Terracap, além do ex-governador Joaquim Roriz.
Memória
Segurança preocupa
A preocupação com a segurança em danceterias e casas de festa da capital, assim como em todo o país, cresceu depois da tragédia Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Passados 10 dias, o Corpo de Bombeiros visitou 24 boates nas diferentes regiões administrativas à procura de irregularidades nos sistemas de combate a incêndio. Todas apresentavam algum tipo de problema e foram notificadas pelos militares, sendo que duas acabaram interditadas. Além disso, quase um em cada quatro bares e restaurantes vistoriados pela Agência de Fiscalização do DF (Agefis) não tinha licença para funcionar e também precisou fechar as portas.
As falhas encontradas pelos bombeiros nos estabelecimentos vão desde a instalação de extintores em locais inadequados até a falta de saídas de emergência, como verificado em um local no Gama e em outro na Asa Norte, ambos interditados. O trabalho dos militares ressalta a importância de que esses locais sejam inspecionados constantemente para garantir a segurança dos frequentadores. No caso do haras da família Passos, a propriedade não conta com qualquer amparo legal para promover festas, expondo ainda mais as pessoas que participam das baladas ilegais.
Por
Lilian Tahan
Fonte:
Correio Braziliense - 08/02/2013