Depois
das derrotas da última semana, no Congresso, tsunami preconizado pelo
presidente Jair Bolsonaro pode ser a volta da estrutura vigente na
administração de Michel Temer. Parlamentares já se movimentam para indicar
nomes para as pastas
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Como a promessa de campanha era reduzir as pastas a 15, voltar ao número da gestão anterior tiraria a credibilidade do governo(foto: Breno Fortes/CB/D.A Press ) |
Ao prever um “tsunami” rumo à administração
pública, o presidente Jair Bolsonaro fez referência à possibilidade de
recolocar na Esplanada os 29 ministérios de Michel Temer, e o Congresso já se
movimenta para indicar nomes de possíveis ministros. Durante a campanha, Bolsonaro
prometeu cortar a pompa do governo. Voltar à máquina inchada, no meio de um
início turbulento de gestão, soará como uma decisão impopular para os
brasileiros, dizem técnicos palacianos. Para eles, o povo quer ver o
enxugamento mais contundente da administração pública — uma maneira de
facilitar, inclusive, o discurso sobre “corte de privilégios” na reforma da
Previdência.
“Estamos governando. Alguns problemas? Sim, talvez tenha um tsunami semana que vem (nesta semana). Mas a gente vence esse obstáculo aí com toda certeza”, disse Bolsonaro na última sexta-feira. Se a reformulação ocorrer de fato, por causa da expiração da Medida Provisória 870, em 3 de junho, o novo desafio do Planalto será a distribuição de cargos, que poderá ocorrer, ou não, com apoio do Congresso. Parlamentares esperam ganhar seu quinhão, e o governo terá, novamente, que descolar essas negociações da “velha política”, mecanismo que o presidente combate sem apresentar uma solução para o que seria a “nova política”.
“Aumentar o número de ministérios era algo que traria certa dificuldade, mas um rearranjo desse nível enfraquece até o discurso do presidente. Ele disse que até 15 ministérios eram suficientes. Terminou optando por colocar 22. Se aumentar, será ruim para o governo”, diz o professor de ciência política da Universidade Estadual de Goiás Felippo Madeira. Ao falar sobre a estrutura da Esplanada, o especialista afirma que “não dá para querer cortar gordura de um lado (na Previdência) e arranjar apoio para essa medida inflando o governo — que precisa de um equilíbrio nas contas e é o motivo principal dessa mudança”.