quarta-feira, 2 de maio de 2012

Integrante da quadrilha de bicheiro se dizia empregado de Demóstenes Torres

Araponga representava senador em encontros com ex-presidente da Infraero

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BRASÍLIA. O sargento Idalberto Matias, o Dadá, apontado como um dos chefes do serviço de espionagem do bicheiro Carlinhos Cachoeira, era mais que um simples interlocutor do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Numa entrevista ao GLOBO, quinta-feira, o ex-presidente da Infraero brigadeiro José Carlos Pereira disse que Dadá se apresentava como empregado de Demóstenes. Os dois, o brigadeiro e Dadá, tiveram aproximadamente 20 encontros do final de 2008 a 2011.

ÁUDIO: Ouça trechos das gravações da PF de conversas de Demóstenes

Dadá está preso desde 29 de fevereiro. Ele é apontado pela Polícia Federal como um dos principais integrantes da quadrilha supostamente chefiada por Cachoeira. Dadá é suspeito também de encomendar até a interceptação de e-mails do deputado Fernando Francischini (PSDB-PR).

— O Dadá me dizia que trabalhava para o Demóstenes — disse Pereira.

Segundo ele, os dois começaram a se encontrar durante a CPI do Apagão Aéreo, entre 2007 e 2008. O brigadeiro deixou a presidência da Infraero em agosto de 2007, mas manteve conhecimento e certa influência no setor, onde trabalhou por muitos anos.

Nos primeiros encontros, o preposto do senador fazia perguntas sobre casos de corrupção dentro da Infraero, a estatal responsável pela administração dos aeroportos no país e que fora alvo da CPI. Depois começou a se interessar especialmente sobre contratos e licitações na área de informática.

O brigadeiro disse que percebeu o "perigo" e mandou o sargento dizer a Demóstenes que não teria licitação alguma para compra de equipamentos ou contratação de serviços de informática na estatal.

— Eu disse ao Dadá: "diga ao Demóstenes que não vai ter licitação na Infraero". A Infraero já tinha muita gente nessa área, produz seus softwares, não precisava de mais nada — afirmou Pereira.

Numa das investigações sobre a exploração ilegal de caça-níqueis e jogo do bicho em Goiás, a Polícia Federal flagrou conversas de Demóstenes e Cachoeira sobre um nebuloso negócio na Infraero, conforme revelou o GLOBO na sexta-feira da semana passada.

Numa dos diálogos, interceptados no dia 4 de abril de 2009, Demóstenes e Cachoeira falam em código sobre a estatal e sobre os encontros do sargento espião, Dadá, com o brigadeiro numa padaria da Asa Sul, em Brasília. Aparentemente, Dadá foi escalado para negociar com Pereira, mas não estava tendo sucesso na empreitada. O bicheiro ordena, então, que o senador assuma o comando da transação

Numa das investigações sobre a exploração ilegal de jogos por Cachoeira, a Polícia Federal gravou conversas de Demóstenes com Dadá. Em uma delas, os dois tramam a produção de uma polêmica no Senado.

Procurado quinta-feira para falar das declarações do brigadeiro sobre a relação de Demóstenes com Dadá, o advogado do senador, Antonio Carlos de Almeida Castro, não retornou.

CPMI do Cachoeira pode definir hoje as primeiras audiências


Já foram apresentados 167 requerimentos. Além de Carlinhos Cachoeira e do senador Demóstenes Torres, os parlamentares querem ouvir os governadores Marconi Perillo (GO) e Agnelo Queiroz (DF), cujos nomes foram citados em gravações telefônicas.


A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira se reúne hoje, às 14h30, e pode definir suas primeiras audiências. O relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), vai apresentar um plano de trabalho para as próximas semanas. Os parlamentares também devem eleger o vice-presidente da comissão.

Até sexta-feira (27), já haviam sido apresentados 167 requerimentos com pedidos de documentos sigilosos, de convocação de depoentes e de quebra de sigilos bancário e fiscal de suspeitos.

Acesse a relação completa dos 167 requerimentos apresentados.

Entre os depoimentos solicitados pelos parlamentares estão o do próprio Carlinhos Cachoeira e do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Também estão na lista o sócio majoritário da Delta Construções, Fernando Cavendish; o engenheiro Cláudio Abreu, ex-diretor regional da Delta; o contador Geovani Pereira da Silva, apontado como tesoureiro do esquema de Cachoeira; os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT); o procurador-geral da República, Roberto Gurgel; e até o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
São muitos também os pedidos de quebra de sigilos bancário e fiscal. Estão no alvo dos parlamentares, além de nomes indicados pela Polícia Federal (PF) com algum tipo de ligação com Cachoeira, a Delta Construções e a Alberto & Pantoja Construções e Transportes Ltda, considerada pela polícia uma empresa de fachada, criada exclusivamente para receber dinheiro “sujo” da Delta.

Até agora, a CPMI aprovou apenas um requerimento, em sua primeira reunião, na terça-feira (24), com pedido de informações ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Ministério Público Federal e à PF sobre as operações Vegas e Monte Carlo. O STF decidiu, nesta sexta-feira (27), compartilhar os dados do inquérito com a CPMI.

Sub-relatorias
O presidente da Câmara, Marco Maia, disse na semana passada que considera correta a ideia de a CPMI não ter sub-relatorias. Segundo ele, a existência de sub-relatorias dilui o trabalho e há perda de foco. “Não ter sub-relatorias melhora o trabalho do próprio relator.”

Marco Maia, que relatou a CPI da Crise Aérea, acha que o relator deve tratar de todos os assuntos da comissão.

Questionado sobre a legitimidade do relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), por ser do PT, Marco Maia respondeu que o partido tem maioria na casa, mas que o relator não representa um partido e que, portanto, é legítimo. “A composição da Câmara se dá pela representatividade, e o mesmo acontece para cada comissão do Congresso.”

O presidente completou que a CPMI não pode existir apenas para o debate e deve produzir o que a sociedade almeja, o esclarecimento do fato. “A CPMI tem que ter foco e necessita de análise técnica, de uma linha condutora nas investigações.”

Autoridades da Colômbia exigem que Farc libertem jornalista francês


O ministro da Defesa da Colômbia, Juan Carlos Pinzón, exigiu nessa terça-feira (1º/5) que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) libertem o jornalista francês Roméo Langlois. Segundo ele, os guerrilheiros devem respeitar o direito dos jornalistas de trabalhar nos lugares mais perigosos.

Langlois foi visto pela última vez há quatro dias, quando filmava soldados colombianos em uma operação de destruição de laboratórios de cocaína no Sul da Colômbia. Ontem, uma mulher que se identificou como integrante das Farc disse que o grupo está mantendo o jornalista como prisioneiro de guerra.

Na segunda-feira (30/4), o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, alertou que o mundo está atento ao sequestro de Langlois e o que ocorrer com ele “será de total responsabilidade das Farc”. Santos lembrou que no mês passado os guerrilheiros prometeram suspender os sequestros. "As Farc prometeram, há algumas semanas, ao país e ao mundo que iriam parar os sequestros. Nós recebemos essa notícia, o aviso prévio, com satisfação. Dissemos que era um gesto em direção certa para a paz ", disse o presidente colombiano.

Prefeito de Águas Lindas ganhou viagem ao exterior de Cachoeira


As investigações da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, revelam que o bicheiro Carlos Cachoeira, preso desde o fim de fevereiro, teria recebido ajuda de policiais civis no esquema de exploração de jogos de azar em Águas Lindas, cidade no Entorno do DF. O prefeito da cidade, Geraldo Messias (PP), é citado nas escutas telefônicas.

Conversas gravadas pela Polícia Federal em abril do ano passado mostram Lenine Araújo de Souza, um dos chefes do grupo de Carlos Cachoeira, falando com o bicheiro sobre supostas trocas de favores com políticos.

Lenine: Tá em Goiânia?
Cachoeira: Tô em Goiânia. E aí?
Lenine: Tá tudo tranquilo. Vai viajar amanhã?
Cachoeira: Não, amanhã, não. Logo depois de amanhã. Por quê?
Lenine: Ah, então, acho que amanhã vou dar um pulinho aí. Uma prefeita aqui agora, né, ela tá precisando de um favor seu.
Cachoeira: Esse povo só gosta de favor, Lenine. É ela, é o Geraldo Messias, é esses daí. Não, não é só daí, não, desculpa... os do Brasil inteiro.
Lenine: Na hora que o estômago dói, né, aí procura...não, aperta.
Cachoeira: Não, e Geraldo Messias, tô aqui eu pagando, pagando hotel pra ele lá e passagem pra ele me reembolsar depois lá em Miami com Wladimir.


De acordo com a Polícia Federal, o prefeito de Águas Lindas, Geraldo Messias, teria uma relação próxima a Cachoeira. Para a PF, em um dos áudios interceptados, o prefeito liga para o bicheiro pra agradecer o pagamento de uma viagem ao exterior.

Geraldo Messias: Coronel Carlinhos, tudo bem?
Cachoeira: Bom!
Geraldo Messias: Geraldo Messias falando.
Cachoeira: Ô, Geraldo, prefeito, como é que foi lá? Foi bom?
Geraldo Messias: Bom, primeira coisa, eu quero te agradecer, que eu já falei pra você que não tem preço que paga essas coisas, né?
Cachoeira: O que é que é isso!
Geraldo Messias: Presente eu não tenho como te dar porque você já tem tudo, graças a Deus.
Cachoeira: Você é gente fina.
Geraldo Messias: A única coisa que eu posso te dar é a minha fidelidade, que eu já falei pra você, viu?
Cachoeira: E já tá bom demais, viu, agradeço demais.
Geraldo Messias: Sou fiel a você no pouco e no muito. O que você mandar fazer, você tem que pensar duas vezes, porque é ordem. Tá certo?
Cachoeira: Obrigado, viu, prefeito.


O prefeito de Águas Lindas nega qualquer participação nos negócios de Cachoeira, mas não soube explicar por que o bicheiro resolveu pagar o hotel da viagem citada. Geraldo Messias passou seis dias em férias nos Estado Unidos, acompanhado de um grupo de políticos e de Eliane Pinheiro, a então chefe de gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo.

Em uma conversa que teve com um homem identificado como Júlio, Cachoeira demonstra que teria bancado parte das despesas da viagem.

Cachoeira: Deixa eu te falar, sábado cedo vai chegar aí a Eliane, que é a secretária do Marconi, com seis pessoas - ela e mais cinco: o prefeito de Águas Lindas, a mulher do prefeito, a Eliane, a secretária do Fernando Cunha. Não, não são seis, não, são quatro pessoas. Aí, é o seguinte: aí eles vão embarcar. Eles vão chegar cedo e embarcar à noite pra, pra Las Vegas.

O esquema de exploração de jogos ilegais chefiado por Cachoeira no Entorno teria o aval do prefeito, segundo a Polícia Federal. Imagens gravadas pela PF em Águas Lindas mostram que o grupo do bicheiro teria recuperado, com auxílio de policiais civis, máquinas de caça-níqueis apreendidas em operações.

Lenine Araújo de Souza foi preso durante a operação Monte Carlo. No mês passado, Eliane Pinheiro pediu exoneração do cargo no governo de Goiás depois que seu nome apareceu nas denúncias. Ela não foi localizada pela equipe de reportagem da TV Globo.

Fonte: Do G1 DF, com informações do BDDF

Professores do DF podem encerrar a greve nesta quarta


Categoria vai analisar proposta do governo para finalizar paralisação que já dura 52 dias
Os professores devem decidir nesta quarta-feira (2) se encerram a greve, que chega a 52 dias, após proposta de negociação do GDF (Governo do Distrito Federal). A categoria se reúne em assembléia, a partir das 9h30, em frente ao Palácio do Buriti. 

Em reunião na tarde de segunda-feira (30), o GDF autorizou a comissão de parlamentares e representantes de entidades civis, que atua nas negociações com os professores da rede pública de ensino, a apresentar uma nova proposta à categoria.


Na segunda, o Sinpro-DF (Sindicato dos Professores do Distrito Federal) havia sinalizado para uma possibilidade de fim da greve, caso o governo apresentasse uma promessa de cumprimento do acordo feito em 2011 com a categoria. 

De acordo com a diretoria do Sinpro, a nova proposta não avançou muito em relação às anteriores. O governo ofereceu auxílio-saúde de R$ 210 - R$ 100 a mais que o valor anterior -, citou que pode haver a convocação de professores concursados, sem especificar a quantidade, e não tratou de reajuste salarial.

Fonte: R7