Por Gleisson Coutinho
A instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os descontos indevidos em benefícios do INSS tinha tudo para ser um momento histórico de reparação. Afinal, estamos falando de um escândalo que atingiu diretamente aposentados e pensionistas, justamente os mais vulneráveis do sistema de seguridade social. Mas, antes mesmo de começar a engrenar, a investigação já sofre o peso do jogo político, revelando que a busca pela verdade não é prioridade de todos os lados.
O ponto mais polêmico: a resistência da base governista em convocar Frei Chico, irmão do presidente Lula e vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). Citado em relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre possíveis fraudes, Frei Chico deveria ser um dos primeiros nomes a prestar esclarecimentos. Mas não é. A base petista atua para blindá-lo, evitando que seu nome seja colocado em votação em bloco ao lado de outros alvos. A manobra permite que a eventual convocação dele dependa de votação individual, abrindo espaço para articulações de bastidores que garantam sua proteção.