Elas estão levando os ciclistas a lugares estranhos
As ciclovias e ciclofaixas
do Distrito Federal já viraram piada nas redes sociais, com suas interrupções,
erros de sinalização, falta de acabamento e até poste no meio do caminho devido
ao mau planejamento e problemas na estrutura. De acordo com o presidente da
Organização Não Governamental Rodas da Paz, Jonas Bertucci, as ciclovias do DF
apresentam descontinuidade nos trajetos, falta de sinalização, em grande parte
não têm iluminação. “Essas falhas ameaçam a segurança da população”. ...
Segundo o coordenador do
Fórum de Mobilidade por Bicicleta no DF, Paulo Alexandre Passos, o projeto das
ciclovias foi licitado no governo passado a partir de uma pesquisa que foi
feita na cidade pelo Departamento de Estradas de
Rodagem (DER) para saber de
onde elas saíam e chegavam, usando a bicicleta.
Moderação - Segundo o
presidente da Rodas da Paz, o objetivo do planejamento das ciclovias deve ser a
redução de acidentes e mortes, e o aumento do número de usuários de bicicleta.
Ele diz que no DF, elas não foram feitas para garantir a preferência e
continuidade dos ciclistas nas travessias com segurança, conforme orienta o
código de trânsito brasileiro.
“Para isso, é fundamental
medidas de moderação de tráfego com redução de limites de velocidade e
planejamento das rotas cicloviárias a partir de estudos e contagem de ciclistas
e avaliação dos locais com maior ocorrência de atropelamentos e colisões, onde
a instalação de infraestrutura cicloviária deveria ser prioridade, o que não
ocorre hoje”, afirma Bertucci.
Estranhezas - Uma das
fotos publicada no Facebook causa estranheza ao mostrar um poste no meio da
ciclovia na Universidade de Brasília (UnB). Outra foto mostra defeitos na
estrutura de uma ciclovia do Sudoeste (DF). Já uma ciclovia no Plano Piloto
cruza uma via de baixa velocidade sem semáforo. O sinal de PARE deveria estar
voltado para os motoristas e não para o ciclista.
Outra das imagens
publicadas nas redes sociais que foi campeã em piadas e indignação mostra uma
ciclovia que termina em nada. A explicação dada pelo coordenador do Fórum de
Mobilidade por Bicicleta, Alexandre Passos, é que há trechos que ainda não
estão terminados. “As ciclovias que não dão em nada são dois trechos, um pode
estar executado e o outro não. Se você olhar o projeto no computador, isso
não acontece. Parece que está desconectada, mas é porque não está pronta.
Precisamos ver isso. Se a ciclovia já está terminada, é uma questão. Se está em
obra é outra questão”, justifica.
Ciclistas também denunciam
que algumas ciclovias são interrompidas por estacionamento, como em alguns
pontos da W5, na Asa Norte. Uma foto mostra ainda a ciclovia interrompida por
carros estacionados irregularmente, no Sudoeste.
Na W5 Norte, a ciclovia é
interrompida por um estacionamento. “Às vezes essa questão de estacionamento é
a última etapa para a conclusão das obra, porque precisa se resolver a
retirada, e precisa uma inserção mais forte do governo para fazer aquela
retirada e garantir que a ciclovia passe. Até o momento, eu desconheço uma
ciclovia que tenha isso, mas pode ter, porque como são 600 km , eu não estou
vistoriando cada ponto da ciclovia”, explicou Alexandre Passos.
Outra foto mostra o erro
de sinalização da ciclovia, cujas pinturas dos dois lados da pista indicam o
mesmo sentido. Há ainda uma “rampa” no Sudoeste, que, segundo o presidente da
ONG Rodas da Paz, foi causada por erro de cálculo de dilatação do concreto. “O
material é de baixa qualidade, já havendo rachaduras antes mesmo da pintura.
Também há trepidação excessiva”, disse.
Fiscalização - Para
Bertucci, é necessário aumentar a fiscalização para estabelecer uma cultura de
convivência, respeito e compartilhamento dos espaços, garantido a prioridade e
fluidez dos ciclistas.— Além disso, não há previsão de campanhas educativas de
massa para orientar motoristas, ciclistas e pedestres, nem de fiscalização em
relação aos abusos recorrentes de motoristas infratores como a invasão e
bloqueio da ciclovia por carros e as ultrapassagens perigosas em alta
velocidade e sem manter a distância adequada de 1,5 m .
Alexandre Passos afirmou
que para resolver os problemas, o GDF vai desenvolver um aplicativo de celular
em que os usuários poderão comunicar os defeitos das ciclovias. A ferramenta
será parecida com o aplicativo Waze (que serve para mapear blitzen) e
será lançado ainda no
início do ano. “Após concluídas as obras, e à medida que as pessoas usem, a
gente vai poder avaliar o que foi acertado e os erros das ciclovias, para
corrigir o que for preciso”.
Fonte:
Daniela Novais-portal Câmara em Pauta - 08/01/2014