Investigação durou três meses
e analisou fraude no vale-transporte. Esquema envolveria a autarquia, empresas fantasmas e concessionárias.
O sistema permite que você
tenha filtros em que você identifique o que está acontecendo e travas. Dá erro
lá, cancela, tira do sistema o cartão ou a empresa que está agindo de forma
irregular. O que foi percebido foi levado para as autoridades da área de polícia
para que se iniciasse a investigação"
Uma auditoria feita pela
Controladoria Geral do governo do Distrito Federal aponta indícios
de desvio de R$ 30 milhões do sistema de bilhetagem automática do DFTrans.
Segundo a denúncia, o esquema envolve empresas fantasmas, concessionárias do
transporte público e a própria autarquia. As irregularidades teriam ocorrido
entre 2008 e 2014. O diretor do órgão, Jair Tedeschi, diz que já foram adotadas
providências.
“O sistema permite que você
tenha filtros em que você identifique o que está acontecendo e travas",
explicou Tedeschi. "Dá erro lá, cancela, tira do sistema
o cartão ou a
empresa que está agindo de forma irregular. O que foi percebido foi levado para
as autoridades da área de polícia para que se iniciasse a investigação."
A apuração começou em maio
deste ano e terminou no fim de agosto. O relatório tem 50 páginas e traz uma
possível fraude nos cartões de vale-transporte, que são distribuídos pelas
empresas para os funcionários que usam coletivos. O esquema envolveria o
DFTrans, empresas de ônibus e quatro empresas fantasmas. Uma delas foi criada
com o nome e endereço de um departamento da própria autarquia – a Assessoria
Jurídica Legislativa.
De acordo com os auditores,
as empresas fantasmas fechavam contrato com o DFTrans, mas não pagavam o valor
das passagens para o órgão, como é determinado por lei. Ainda assim, a
autarquia liberava os créditos para os cartões que deveriam ser usados por
funcionários dessas empresas fantasmas.
A investigação apontou que os
cartões foram usados milhares de vezes de forma irregular, não sendo usados por
passageiros nos ônibus do sistema de transporte público. Quando o crédito dos
cartões terminava, o DFTrans repassava o valor equivalente às concessionárias
que participavam da fraude. O dinheiro, então, segundo a auditoria, era
dividido entre os envolvidos no esquema.
O relatório apontou ainda que
os cartões dos usuários eram abastecidos com valores altos e usados várias
vezes, acima do limite permitido em lei e em curtos espaços de tempo. Um único
documento chegou a fazer mais de mil viagens por dia. Em 2 de março, foram
1.045 transações, no valor de R$ 3.135. Em 26 de março, o cartão foi usado
outras 1.041 vezes e gastou R$ 3.123. No dia 12 de agosto, 1.024 vezes, com
ônus de R$ 2.355,20.
Ainda de acordo com o
relatório, outro cartão foi usado 35 vezes em 88 segundos. Os auditores
constataram ainda ausência de relatórios mensais de atividades e de medição
para comprovar os serviços prestados.
O diretor do DFTrans, que
assumiu o cargo em maio, disse que já afastou funcionários suspeitos de
envolvimento na fraude. O caso também é investigado pela Polícia Civil.
Fonte:
G1