Jacqueline
dos Santos Pereira, 39 anos, é a 10ª vítima de feminicídio em 2019. Segundo a
polícia, o ex-marido é o autor das facadas que tirou a vida dela. Jacqueline
deixa três filhos órfãos, dois deles, menores de 18 anos
Jaqueline Pereira dos Santos, de 39 anos, foi morta pelo ex-marido em Santa Maria, no Distrito Federal — Foto: Foto: Polícia Civil/Divulgação |
Uma mulher foi assassinada a facadas na tarde desta segunda-feira (6), na Quadra Central 01, de Santa Maria, no Distrito Federal. Segundo a Polícia Civil, o autor do crime é o ex-marido, que fugiu do local e cometeu suicídio pouco depois.
O homem foi identificado como Maciel Luiz
Coutinho da Silva, de 41 anos. Segundo o delegado Alberto Rodrigues, da 33ª DP,
de Santa Maria, Jaqueline Pereira dos Santos, de 39 anos, já havia denunciado
Silva por agressão.
Eles foram casados por 25 anos anos. Há 2
meses, de acordo com parentes, o relacionamento chegou ao fim.
Amigos de Jaqueline contaram que na manhã dessa
segunda-feira Silva foi até o trabalho da ex-mulher, que era gari, e a ameaçou.
Segundo vizinhos, por volta das 16h, ele pulou o muro da casa onde Jaqueline
morava, no centro de Santa Maria.
De acordo com as testemunhas, a mulher gritou
por socorro e, poucos minutos depois, Silva saiu em uma motocicleta. Vizinhos
encontraram Jaqueline sem vida.
A polícia acredita que o motivo do crime foi
ciúmes. Maciel Luiz Coutinho da Silva não aceitava um novo relacionamento da
ex-mulher. O casal tinha três filhos.
Medida
protetiva
No dia 5 de março, o Juizado de Violência
Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Santa Maria concedeu uma medida
protetiva para Jaqueline. Na decisão, o plantão judicial determinou o
afastamento de Silva da casa da vítima.
Ele foi proibido de manter contato com
Jaqueline, por qualquer meio e modo. O ex-marido deveria ainda ficar a, pelo
menos, 300 metros de distância da ex-mulher.
No entanto, no dia 13 de março, o mesmo juizado
revogou a medida protetiva, a pedido de Jaqueline.
Segundo o delegado-chefe da 33ª DP, Rodrigo
Têlho, no dia 26 de abril, a mulher foi até a delegacia e pediu uma nova medida
protetiva. O pedido foi concedido, afirma Têlho.
"Ele foi intimado na última quinta-feira
(2). Foi ouvido na sexta-feira (3) e não teve mandado de prisão expedido.
Infelizmente aconteceu isso."
O que dizem a Justiça e o Ministério Público
Questionado sobre o pedido de revogação da
medida protetiva para a Justiça, o Ministério Público do DF disse em nota
ao G1, que Jaqueline compareceu espontaneamente à Justiça e informou que
as respectivas medidas protetivas de urgência não eram necessárias.
O MP explicou que acatou a vontade da vítima,
mas pediu a designação de audiência de justificação para melhor avaliar a
situação de risco.
Segundo a promotoria, havia medidas protetivas
de urgência, que estavam em vigor. O MP disse que não houve pedido de prisão
porque os processos tratavam apenas de medida protetiva de urgência.
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal
(TJDF) disse que, em depoimento na delegacia, no dia 26 de abril, Jaqueline
negou que estivesse sofrendo agressões. "Maciel em nenhum momento a
xingou, ameaçou ou agrediu. Não havendo flagrante, agressão, descumprimento de
medida protetiva ou outro fato que justificasse prisão preventiva",
afirmou o TJ.
De acordo com a Justiça, para a segurança e
proteção da vítima, o juiz plantonista concedeu a medida protetiva que estava
em vigor.
Veja quem foram as vítimas de feminicídio em
2019 no DF
Desde o inicio do ano, o G1 vem
acompanhado os casos de feminicídio no Distrito Federal. A morte de Jaqueline
Pereira dos Santo é o 10ª caso de feminicídio em 2019.
Outros casos
De março de 2015 até março deste ano, mais
de 60 mulheres foram vítimas de feminicídio no Distrito Federal. Os dados
são da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), que divulgou um estudo
traçando o perfil dos agressores e das vítimas. Dos 68 autores, 11 cometeram
suicídio e 18 foram condenados.
Fonte: Correio Braziliense/G1