quinta-feira, 24 de março de 2016

CCJ analisa projetos que restringem pesquisas perto das eleições

Matérias tramitam em regime de prioridade e, em caso de aprovação na CCJ, seguem para o Plenário da Câmara

Restrições à pesquisa de intenção de votos às vésperas de eleição geram polêmica na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Há parecer pela rejeição da proposta, no colegiado, e voto em separado defendendo a aprovação.
A CCJ analisa duas propostas (PLs 2/15 e 674/15) que alteram a Lei Eleitoral (9.504/97) e, na prática, só permitem a divulgação de pesquisas eleitorais até 15 dias antes da eleição. Autor da proposta apresentada logo no início da legislatura, em 2015, o deputado Ricardo Barros, do PP do Paraná, afirma que foi influenciado por levantamentos que mostram a influência das pesquisas sobre a decisão dos eleitores.
"Há um grupo de eleitores que não querem perder o voto, querem votar em quem vai ganhar. Então, se uma pesquisa, equivocadamente, coloca um candidato à frente, ele acaba recebendo 2% a 3% de votos a mais daqueles que não querem perder o voto e isso pode mudar o resultado da eleição. E como as pesquisas têm errado muito e descaradamente no Brasil, o fato é que houve
a indução do eleitor. A pesquisa que é divulgada no sábado à noite – e a votação começa, no domingo, às 8h da manhã – é fatal na indução do voto."
A outra proposta é do deputado Adelson Barreto, do PR de Sergipe, que cita erros grosseiros em pesquisas eleitorais e lembra que, nas eleições municipais de 2012, foram constatadas divergências graves em pesquisas realizadas por institutos renomados. Barros e Barreto argumentam que esses erros são ainda mais graves diante de disputas acirradas, decididas por décimos percentuais.
O relator na CCJ, deputado Veneziano Vital do Rêgo, do PMDB da Paraíba, apresentou parecer pela rejeição das duas propostas, lembrando que o Supremo Tribunal Federal já se manifestou contra restrições à divulgação de pesquisas eleitorais, sob o argumento de riscos ao direito à informação livre e plural.
Por outro lado, o deputado Marcos Rogério, do Democratas de Rondônia, apresentou um voto em separado em que sugere um texto alternativo (substitutivo) para permitir a divulgação das pesquisas até três dias antes da eleição. O deputado Ricardo Barros admite que o tema é polêmico, mas não abre mão da restrição às pesquisas de intenção de votos.
"A questão das pesquisas tem outro caráter, que é o conflito com a liberdade de informação. Mas, de fato, não há como permitir a indução do eleitor por pesquisas equivocadas. É isso que queremos combater com esse projeto."
Não há prazo para a Comissão de Constituição e Justiça decidir a polêmica. A CCJ é a única comissão que vai se pronunciar tanto em relação à constitucionalidade quanto ao mérito dessas duas propostas. Elas tramitam em regime de prioridade e, em caso de aprovação na CCJ, também serão votadas no Plenário da Câmara.

Reportagem – José Carlos Oliveira