A CPI da Petrobras abriu outra frente para tentar
obter o conteúdo da delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da estatal
Paulo Roberto Costa
Paulo Roberto Costa: depoimentos como tema do
debate de ontem
As denúncias
de corrupção na Petrobras voltaram a ser motivo de trocas de acusações no
debate de ontem. A presidente Dilma Rousseff (PT) citou depoimento do
ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa em que ele revela ao
Ministério Público Federal ter repassado propina ao ex-presidente do PSDB
Sérgio Guerra para que ajudasse a esvaziar uma CPI criada para investigar a
empresa em 2009. A petista afirmou que será importante saber como ocorreu esse
repasse e para quem esse dinheiro foi destinado. O candidato do PSDB, senador
Aécio Neves, rebateu dizendo que a denúncia deve ser apurada independentemente
do partido envolvido.
“Para mim,
não importa de qual partido seja o denunciado, a investigação tem que ir a
fundo, e, pela primeira vez, pelo menos, há algo positivo aqui. A senhora dá
credibilidade às denúncias do senhor Paulo Roberto”, disse o tucano. ...
Sérgio
Guerra, que na época era senador por Pernambuco e integrava a CPI, morreu em
março deste ano, aos 66 anos, vítima de um câncer no
pulmão. Ele foi
substituído por Aécio na presidência do PSDB. Segundo reportagem do jornal
Folha de S.Paulo, pessoas envolvidas na investigação da Operação Lava-Jato
confirmaram que o dirigente tucano foi citado em depoimentos que Costa prestou
após decidir colaborar com as autoridades.
O ex-diretor
contou que tomou providências para que o dinheiro chegasse ao senador do PSDB,
que na época fazia oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas
disse não saber se ele recebeu os recursos. Costa informou que empresas que
prestam serviços à Petrobras tinham como objetivo nessa época encerrar logo as
investigações da CPI, porque a comissão era uma ameaça a seus negócios com a
estatal. Em nota, o PSDB disse defender que todas as acusações feitas por Paulo
Roberto Costa sejam investigadas.
Mudança na
legislação
Por EDUARDO
MILITÃO
A CPI da
Petrobras abriu outra frente para tentar obter o conteúdo da delação premiada
do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. Nos depoimentos,
guardados sob sigilo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o engenheiro mecânico
acusa uma série de políticos de receber propinas de um esquema de obras
superfaturadas por cartel de empreiteiras. A comissão fez um projeto que muda
justamente o trecho da Lei das Organizações Criminosas, usado pelo ministro
Teori Zavascki para negar acesso dos parlamentares ao conteúdo das declarações
de Paulo Roberto Costa.
A proposta
foi apresentada pelo presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). A
ideia é que as comissões parlamentares de inquérito obtenham cópias de
depoimentos sigilosos como os do ex-diretor e se responsabilizem por manter o
segredo deles. A lei atual diz que as oitivas tornam-se públicas após a
denúncia do Ministério Público. Por isso, Teori decidiu que a delação deve se
manter sigilosa.
A CPI havia
ingressado com um mandado de segurança no próprio Supremo afirmando que o
ministro “feriu” o direito do colegiado de investigar. Mas ontem o relator do
recurso, Roberto Barroso, decidiu pedir informações a Teori e ao
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, antes de liberar ou negar os
documentos.
Fonte: Correio
Braziliense. Por EDUARDO MILITÃO. FotoCarlos Moura/CB/D.A Press - 17/9/14