terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Legião põe Guadalupe, o vilão, no ringue de Faroeste Caboclo

A Legião Urbana Produções Artísticas está ajuizando ação de indenização por danos materiais e morais contra o marqueteiro político Pedro Guadalupe, ex-assessor do petista Patrus Ananias, mas atualmente trabalhando para o candidato tucano Aécio Neves, do PSDB.

Ele usou de má fé ao se apropriar de patrimônio intelectual alheio e criar um vídeo com paródia da música “Faroeste Caboclo”, da banda Legião Urbana, contando a vida do apresentador Sílvio Santos. O vídeo foi veiculado em um canal de humor. Não é o primeiro incidente envolvendo Guadalupe e a obra do artista. Meses atrás, outra paródia, desta vez atacando Lula e Dilma Rousseff, foi retirada do ar.

O vídeo foi retirado do ar pelo Youtube, a pedido da Legião Urbana Produções , que representa os interesses do legado de Renato Russo. Após a
polêmica ter ganhado colunas e jornais do País, o mineiro ameaça fazer outra paródia e ataca, de maneira debochada, a memória e a obra de Russo. ...

Guadalupe vai além. Ameaçou claramente em sua página no facebook, usando de ironia ao comentar a proibição do vídeo: “Estou fazendo um novo Faroeste, só que agora sobre a vida do Renato Russo. O final já ta pronto: E eu espero que o filho do Renato/Não resolva novamente, essa musica censurar/Por que seu pai com certeza gostaria/Que as suas melodias não parassem de tocar”.

Para o jornalista Luiz Fernando Artigas, amigo de Renato Russo e que também foi produtor nos primórdios da carreira do cantor e da Legião Urbana , trata-se de um caso de oportunismo.

- É um oportunismo de quem carece de talento. Ele deveria deixar a memória de Renato Russo em paz, o cara já é reincidente. Parece-me que ele quer aparecer, e faturar à custa de uma obra tão completa e única. É uma afronta esta adulteração, disse.

A mãe de Renato Russo, Maria do Carmo Manfredini, não quis se manifestar. Mas, através de sua filha Carmem Tereza, se disse magoada com a usurpação e a insistência em se confundir o legado que seu filho deixou para as futuras gerações, aviltando as letras.

Já Giuliano, filho de Renato, guardião da obra, não aceita que se mexa no principal: as letras. Elas não devem ser usadas para exaltar e nem depreciar ninguém. A empresa Legião Urbana Produções Artísticas informou, através da assessoria que “a obra de Renato não precisa de nada que não seja sua própria difusão”.

O músico Ronaldo Pereira, egresso da mesma turma e geração de Renato em Brasília, foi baterista da banda Finis Africae e é contra o uso indevido. “Acho um absurdo essas paródias sem autorizações e com terceiras intenções. Acompanhei a carreira do Renato e da Legião de perto e sou totalmente contra a canibalização da obra do Renato”, afirmou.

Para o guitarrista Kadu Lambach, um dos fundadores da Legião Urbana, este assunto nem deveria estar em pauta. “Onde Renato estiver, deve estar se revirando. Se tinha uma coisa que ele primava era por suas letras. Levava muito à sério tudo isso e não admitia brincadeiras deste tipo, de gosto e objetivos duvidosos!”, ressalta, indignado.

A produtora cinematográfica, Bianca de Filippes, que trabalhou em Faroeste Caboclo (e outros longas respeitados, como Carlota Joaquina) foi autorizada a usar a obra de Renato Russo e teve liberdade poética para cuidar do roteiro. Tratou a obra com respeito.

- A produção foi realizada ao longo de muitos anos, com todo cuidado e respeito ao autor, à família e aos fãs - que também somos e, por isso, quisemos contar essa história, disse a Notibras. “Tivemos total liberdade para adaptar a obra e uma enorme parceria durante toda filmagem, que foi acompanhada de perto pelo Giuliano, filho do Renato, o que foi um respaldo enorme para nós”.

Bianca concorda que é sempre difícil adaptar uma obra, ainda mais de tamanha envergadura. “Trabalhamos utilizando a essência da música, um trabalho artístico sobre a obra de outro artista. Foi um roteiro bem difícil de fazer, exatamente porque nunca será possível transpor a experiência de 9 minutos de uma música para 100 minutos de um filme! É preciso contar uma história que faça sentido, são experiências diferentes. O filme é considerado ‘inspirado’ na música de Renato Russo exatamente por acreditar que surgiu uma obra independente. E isso se comprova na enorme repercussão, e que a história contada emociona”, conclui a produtora.

Quem faz coro com ela é o protagonista do filme, o ator Fabrício Boliveira.

- É muito delicado usar o trabalho de um artista e poeta de tamanha importância para o Brasil, como foi Renato Russo, com fins políticos ou relacionados de forma deturpada com a imagem original que ele queria passar, acredita Boliveira, que viveu o João do Santo Cristo nas telonas.

Procurado por Notibras, Guadalupe disparou: “Decidi usar a melodia de Faroeste Caboclo na homenagem que fiz a meu ídolo Sílvio Santos. Na minha adolescência, quem sabia cantar, por inteiro e sem errar, a música Faroeste Caboclo era meio que ídolo na turma”, ironiza.

- Lamento a atitude tomada pela Legião Urbana Produções Artísticas e pelo filho do Renato, atacou o parodeiro político. E ainda desafiou: “Existem duas paródias com base em Faroeste Caboclo no Youtube. Por que elas não foram censuradas? É uma com o filme Rei Leão e outra com Dragon Quest”.

Em cima de toda essa polêmica, a Legião Urbana divulgou a seguinte nota:

Nos cabe esclarecer:

Vídeo com montagem ilegal da música “Faroeste Cabloco”, de Renato Russo, realizada pelo indivíduo Pedro Guadalupe, foi retirada do ar pelo Youtube atendendo solicitação dos advogados da Legião Urbana Produções Artísticas.

O indivíduo mencionado é reincidente. Já fez utilização da mesma música para fins políticos. E sempre sem autorização, fora da lei, desrespeitosamente. Nossos advogados estudam a possibilidade de processá-lo por danos morais e materiais devido a tão reprovável comportamento; Sempre autorizaremos, de muito bom grado, a utilização das músicas que compõe a bela e vasta obra de Renato Russo, excetuando-se propagandas de tabaco, bebidas alcóolicas, finalidades políticas ou as que julgarmos inconvenientes e/ou incompatíveis;

A consagrada obra poética de Renato Russo, admirada por milhões de pessoas no Brasil e no mundo, não pode ser violentada pela utilização sem critérios, oportunista e criminosa de quem quer que seja. Para isso, quando ocorrido, a Justiça será o nosso caminho.

Assessoria de Comunicação da Legião Urbana Produções Artísticas Ltda.



Fonte: Sucursal do Rio - Notibras - 03/12/2013