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ABRML/DIVULGAÇÃO |
À QUEIMA-ROUPA
João
Pitaluga
Presidente da Associação Brasiliense de Medicina Legal (AbrML)
Presidente da Associação Brasiliense de Medicina Legal (AbrML)
“Agentes
penitenciários, advogados, funcionários terceirizados e juízes visitam os
presídios diariamente e podem contaminar e serem contaminados se não agirmos
logo”
Hoje
o surto de coronavírus está restrito a pessoas que chegaram de viagens
internacionais. Mas sabemos que a transmissão comunitária é questão de tempo. O
que pode acontecer se o novo vírus chegar à população carcerária?
Infelizmente, a contaminação comunitária
é uma questão de tempo. Hoje surgiu a informação dos primeiros casos no DF, no
entanto, a SES não confirmou a informação. Na contaminação comunitária, não é
possível identificar a trajetória do vírus e esse é mais um motivo para termos
todo o cuidado com as populações vulneráveis e a população carcerária é uma
delas pela própria aglomeração e pouca ventilação que a condição carcerária
impõe. Isso põe em risco a saúde pública, mas também a segurança pública.
Há
como evitar que se alastre se um preso for infectado?
Só há uma forma de evitarmos o
alastramento da Covid-19 nos presídios, através de um plano de contingência
entre a Secretaria de Segurança, Secretaria do Sistema Penitenciário e
Secretaria de Saúde. Tenho certeza absoluta de que essas secretarias já estão
se articulando e traçando estratégias de enfrentamento dessa infecção, com a
preservação da saúde e da segurança de todos. A ABrML é formada de peritos
médico-legistas que possuem conhecimento técnico em saúde e segurança, uma vez
que somos médicos e policiais civis e, assim, é fundamental o nosso
envolvimento nessas estratégias. E estamos à disposição para contribuir para o
êxito desse plano de contingência.
Um
surto dentro do presídio pode colocar servidores, policiais, juízes e
visitantes sob risco. Como evitar que isso ocorra?
Como falei, apenas uma ação integrada
entre essas secretarias pode mitigar o risco de vivenciarmos uma tragédia nos
presídios do DF. Agentes penitenciários, advogados, funcionários terceirizados
e juízes visitam os presídios diariamente e podem contaminar e serem
contaminados se não agirmos logo.
Como
tem sido em outros países?
Os Estados Unidos já traçaram estratégias
de enfrentamento para os presídios federais. Já o Irã vê sua população de
presos completamente adoecida e cogita inclusive soltar parte desses, o que
compromete demais a segurança de todos.
Há
uma expectativa de número de infecções no DF?
Não há como prevermos o cenário no DF.
Acredito que mais importante que prevermos o futuro é agirmos agora com
cidadania, respeitando as determinações das autoridades públicas e evitando
aglomerações. Nós, médicos legistas, estamos prontos para enfrentar esse
desafio junto com toda a Polícia Civil do Distrito Federal e os demais
servidores públicos.
O
senhor aprova as medidas adotadas até agora pelo governador Ibaneis?
Muito se criticou o governador quando ele
decretou as primeiras medidas, como a suspensão de escolas e de shows, mas
sabemos que o melhor remédio para esse vírus é evitarmos aglomerações, então o
governador foi prudente e está correto. Mas ainda assim precisamos seguir e
novas medidas precisam ser tomadas como o plano de contingência da Covid-19
para a população carcerária.
Fonte:
Correio Braziliense