Conforme a portaria, quem vai substituir
Mendes é Marlon Carvalho Cambraia
O
secretário de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional,
Glauco Rogério de Araújo Mendes, foi demitido do cargo nesta terça-feira, 28. A
portaria de exoneração, assinada pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha,
foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) após o Estado questionar o
governo sobre a ligação do secretário com uma empresa suspeita de pagar
propinas e de lavar dinheiro para a Andrade Gutierrez no esquema de corrupção
investigado na Operação Lava Jato.
O
Estado revelou nesta terça-feira que, entre 2006 e 2012, a empreiteira repassou
ao menos R$ 19,8 milhões para a Arquieng Arquitetura e Engenharia, que está em
nome da mãe e da irmã de Mendes. ... Os dados sobre as transações constam
de laudo da Polícia Federal juntado ao inquérito que apura o pagamento de
propinas pela Andrade, em troca de contratos no governo federal.
Conforme
a portaria, quem vai substituir Mendes é Marlon Carvalho Cambraia,
ex-vice-prefeito de Fortaleza (PMDB-CE), aliado do ministro da Integração
Nacional, Helder Barbalho (PMDB-PA).
Mendes
foi nomeado secretário da Integração em abril deste ano pela presidente
afastada Dilma Rousseff. Com a saída da petista para responder ao processo de
impeachment, ele se manteve no cargo. Antes disso, ocupou a Coordenação de
Obras e a Diretoria de Infraestrutura Hídrica do Departamento Nacional
de Obras
Contra as Secas (Dnocs), órgão vinculado à pasta, ao qual chegou em outubro de
2012, pela caneta do então ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).
Conforme
o documento da PF, os recursos transferidos pela Andrade à Arquieng vieram de
obras do governo federal, entre elas a implantação do Perímetro de Irrigação
Tabuleiro de Russas, no Ceará, tocado pelo Dnocs.
Nos
registros do Dnocs, a Arquieng consta como subcontratada da Andrade para a obra
de irrigação. A Lava Jato apura se a empresa efetivamente prestou serviços à
empreiteira ou foi usada apenas como “veículo” para a distribuição de propinas.
No laudo, a PF a lista entre um grupo de 13 pessoas jurídicas suspeitas de
“operacionalizarem pagamentos indevidos e lavagem de capitais”.
As
quebras de sigilo bancário da Arquieng mostraram que, dos R$ 19,8 milhões
recebidos da Andrade entre 2006 e 2012, R$ 775 mil foram repassados em seguida
à conta pessoal de Mendes. No entanto, a maior parte dos recursos da empresa
(R$ 12,5 milhões) foi paga por meio de saques em espécie ou cheques descontados
na boca do caixa, o que reforça as suspeitas de corrupção.
Fonte: Estadão