Assunto
foi tema de um seminário realizado na Câmara dos Deputados na manhã desta
quarta-feira
Economistas e deputados defenderam mais
investimentos em infraestrutura e também a redução da máquina pública como
forma de impulsionar o crescimento econômico do Brasil. O assunto foi tema de
um seminário realizado na Câmara dos Deputados na manhã desta quarta-feira (6).
Durante o evento, promovido pela CBIC, a Câmara
Brasileira da Indústria da Construção, em parceria com o Senai, os economistas
Gil Castello Branco, Cláudio Frischtak e Raul Velloso apresentaram estudos
sobre o gasto público no Brasil e o PAC, o Programa de Aceleração do
Crescimento do governo federal.
O estudo da Associação Contas Abertas, elaborado
por Gil Castello Branco, indica que o PAC se tornou objeto de ajuste fiscal,
com investimentos sendo reduzidos. A participação do programa no PIB, o Produto
Interno Bruto, segundo
a análise, caiu de 5,28% no período 2011-2014 para 4,26%
no ano passado.
Na mesma linha, Cláudio Frischtak, da Inter.B
Consultoria, afirmou que o Brasil ainda investe muito pouco em infraestrutura,
uma média de 2,28% do PIB nos últimos anos. O ideal, segundo ele, seria
investir pelo menos 3%.
"Para modernizarmos nossa infraestrutura, nós
precisamos de duas décadas de investimento entre 5% e 6% do PIB. Ou seja, no
mínimo duas vezes e meia mais do que nós estamos investindo hoje. Essa é mais
ou menos a brecha. É possível? É possível, porque outros países
conseguiram."
Para Raul Velloso, o grande obstáculo ao
crescimento do País é o tamanho da folha de pagamento do governo federal,
equivalente a 74% dos gastos da União. Segundo ele, se a economia não crescer a
3,5%, 4% ao ano, não haverá recurso para pagar essa conta. O resultado é uma
crise fiscal.
Raul Velloso e outros participantes do seminário,
como o presidente da Cbic, José Carlos Martins, defenderam parcerias entre os setores
público e privado como possível solução para o problema do crescimento. Martins
argumentou que o setor privado é mais eficiente do que o público e que as
parcerias atrairiam mais capital para a infraestrutura.
Relator do Orçamento da União de 2016 e apoiador do
seminário, o deputado Ricardo Barros, do PP do Paraná, defendeu uma maior
previsão orçamentária para o setor de infraestrutura.
"Temos que ter controle sobre o crescimento da
despesa. É isso o que nós estamos propondo: desindexação e desvinculação total
do orçamento para que nós possamos controlar a despesa. E, ao controlar, ter
recursos para pagar os investimentos e os juros da dívida, que há três anos o
governo não paga."
O deputado governista Enio Verri, do PT do Paraná,
não participou do seminário, mas defendeu o PAC.
"Com o advento do PAC, no Brasil, o setor de
infraestrutura cresceu muito. A iniciativa privada teve grandes vantagens sobre
isso. A sua margem de lucros aumentou. O número de obras que eles pegaram do
governo foi muito grande, muito grande mesmo. Se você fizer uma pesquisa sobre
o número de empregos gerados por conta do PAC e o crescimento da receita das
grandes empreiteiras no País, nós estamos falando de 100, 200, 300% de
crescimento."
Na opinião de Verri, dizer que a máquina pública é
grande é relativo. Para ele, é o Estado que impulsiona o desenvolvimento
econômico. O parlamentar disse ainda que a crise política atual é que paralisa
a economia.
Reportagem
— Noéli Nobre
Fonte:
RADIOAGÊNCIA