quinta-feira, 10 de março de 2016

União cobra mais de R$ 700 milhões desviados por Luiz Estevão

Senador cassado é levado para o Centro de Detenção Provisória para cumprir pena por desvio de verba na construção do TRT de São Paulo. Mas ele ainda precisa quitar o débito que tem


Carro com Luiz Estevão (no banco traseiro) segue em direção à Papuda: empresário ficará na mesma cela de envolvidos com o esquema do mensalão, como Henrique Pizzolato e Ramon Hollerbach

O senador cassado Luiz Estevão já está no Complexo Penitenciário da Papuda, onde vai cumprir a pena de 25 anos de cadeia. Na manhã de ontem, ele foi transferido do Departamento de Polícia Especializada da Polícia Civil para o Centro de Detenção Provisória (CDP). O empresário vai dividir a cela com Henrique Pizzolato e Ramon Hollerbach, condenados por envolvimento no mensalão. Mas a punição criminal não encerra as 
contas de Estevão com a Justiça. Ele ainda é alvo de ações na área cível, em que o Ministério Público cobra o ressarcimento do dinheiro desviado das obras do Fórum Trabalhista de São Paulo. Há quatro anos, o senador cassado fez um acordo com a União para devolver parte desses recursos. Nesse período, ele já repassou R$ 235 milhões ao governo federal. Mas, desde dezembro do ano passado, as empresas de Luiz Estevão não depositam a prestação devida. Isso porque o empresário questiona na Justiça os termos do acordo firmado com a Advocacia-Geral da União.

Em 2012, a AGU calculou em R$ 1 bilhão a dívida do ex-senador com o erário. Em valores atuais, esse débito é ainda maior. No acordo firmado com o governo federal, Estevão reconheceu apenas um débito de R$ 468 milhões. À época, ele se comprometeu a devolver esse montante com o depósito de R$ 80 milhões à vista. O restante seria parcelado em oito anos, ou seja, o empresário 
deve depositar mensalmente cerca de R$ 4 milhões para a União. Pelo acerto com a AGU, o governo mantém a penhora de 1,2 mil imóveis do empresário, no valor total de 150% da dívida.

Os R$ 532 milhões que não foram incluídos no acerto são cobrados pelo governo na Justiça. O acordo teve o aval do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo e do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU). Mas, no ano passado, Estevão recorreu à Justiça questionando os termos da negociação. O empresário solicitou a adesão ao Programa de Recuperação Fiscal (Refis), que prevê a expressiva redução de juros e multas devidos e a possibilidade de pagamento em até 180 meses.


Em primeira instância, a Justiça deferiu liminar permitindo o enquadramento da dívida de Luiz Estevão no Refis. O Departamento de Patrimônio e Probidade da Procuradoria-Geral da União, órgão vinculado à AGU que acompanha o cumprimento do acordo com o empresário, recorreu. O caso está no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. A AGU entende que a dívida do ex-senador não é tributária e, portanto, não se enquadra no Refis.


Fonte: Correio Braziliense