O debate foi
organizado pela CUT em parceria com o Centro de Estudos da Mídia Alternativa
Barão de Itararé. Também estiveram presentes os jornalistas Raimundo Pereira e
Altamiro Borges, o advogado Adriano Pilatti, professor da PUC-Rio, e Fernanda
Carísio, integrante da Executiva do PT-RJ e ex-presidente do Sindicato dos
Bancários do Rio.
Mas quero começar
destacando alguns trechos da excelente fala da jornalista Hildegard Angel, que
também esteve lá:
"Venho, como
cidadã, como jornalista, que há mais de 40 anos milita na imprensa de meu país,
e como vítima direta do Estado Brasileiro em seu último período de
exceção,
quando me roubou três familiares, manifestar publicamente minha indignação e
sobretudo minha decepção, meu constrangimento, meu desconforto, minha tristeza,
perante o lamentável espetáculo que nosso Supremo Tribunal Federal ofereceu ao
país e ao mundo, durante o julgamento da Ação Penal 470, apelidada de Mensalão,
que eu pessoalmente chamo de Mentirão."
“Vimos aquele show
de deduções, de indícios, de ausências de provas, de contorcionismos jurídicos,
jurisprudências pós-modernas, criatividades inéditas nunca dantes aplicadas
serem retiradas de sob as capas e utilizadas para as condenações.”
“A grande maioria
dos que conheço não pensa como eu. Os que leem minhas colunas sociais não
pensam como eu. Os que eu frequento as festas também não pensam. Mas eles estão
bem protegidos. Importa-me os que não conheço e não me conhecem, o grande
Brasil, o que está completamente fragilizado e exposto à manipulação de uma
mídia voraz, impiedosa e que só vê seus próprios interesses. Grandes e
poderosos. E que para isso não mede limites. Esta mídia que manipula, oprime,
seduz, conduz, coopta, esta não me encanta. E é ela que manda.”
Ofensiva da direita
No debate, eu
chamei atenção para a importância de levarmos adiante a luta política, não
apenas pelas condenações sem provas impostas pelo STF, mas também porque ela se
dá em uma escala mais ampla. É uma ofensiva conservadora e midiática contra o
PT, contra o ex-presidente Lula e contra o nosso governo.
Destaco abaixo
alguns trechos da minha fala no debate:
"A necessidade
dessa luta política não é apenas pelo julgamento. É enfrentar a ofensiva que está
havendo contra o companheiro Lula e contra o governo da presidenta Dilma. É
preciso enfrentar a ofensiva que a direita está fazendo no país contra o nosso
projeto político."
"Sempre que
digo para ir às ruas, dizem que é uma afronta à democracia e ao STF. Pelo
contrário, é um serviço que fazemos à democracia e à Suprema Corte. Temos que
fazer a disputa do que foi o julgamento, o julgamento do julgamento. Temos que
fazer uma anticampanha. Foi feito uma campanha para criar as condições para que
o julgamento se desse como se deu.”
"Onde estão os
nossos? Quando o procurador da República diz que vai enviar para os
procuradores de primeira instância as denúncias do Marcos Valério sobre as
relações com o presidente Lula, quem é que foi para a tribuna denunciar isso?"
"Sofri uma
devassa da Receita por três anos, de 2006 a 2009. Recebi um atestado de honestidade.
Mas toda a imprensa divulga como se eu tivesse me enriquecido no governo e no
mensalão. Há uma campanha de tentar nos desmoralizar."
"O julgamento
teve quatro meses e parou de julgar toda a sua pauta, por algo que era
transmitido por TV aberta. Algo que não existe. Sendo assim, se transformou num
julgamento de exceção. Perdemos essa batalha. Foi a primeira derrota que
tivemos desde 2002.”
E deixei claro mais
uma vez que vou lutar até que a verdade seja provada:
"Pode ser
regime fechado, pode ser segurança máxima, pode ser solitária. Não vão me
calar. Eu vou lutar."
“Eu optei por
lutar, apesar do linchamento e da violência da imprensa. Sabia que era um
julgamento do governo Lula, do PT e do nosso projeto.”
“Vou percorrer todo
o Brasil. É uma luta longa que só está começando.”
"Quem fala em
nome da nação é o Congresso Nacional, o parlamento brasileiro. Ministro do
Supremo não fala em nome da nação."
Eu também falei
sobre o temor que os meios de comunicação tem da regulamentação da mídia, algo
que já existe em diversos outros países democráticos, mas que aqui é atacado
violentamente. Aí a imprensa parte para a ofensiva de desmoralizar os políticos
para impedir esse debate:
"É o caminho
das ditaduras, uma tentativa de desmoralizar a política, os políticos e o
Congresso."
"No dia em que
o Congresso não tiver medo da Globo, da mídia, faz a regulação."
"É uma batalha
dificílima contra o monopólio dos meios de comunicação. Há uma perda de
qualidade e conteúdo nos jornais, porque passaram a partidarizar qualquer
análise econômica, com campanhas de sabotagem sobre a própria economia do país.”
“Se existisse
democracia nos meios de comunicação não estaríamos aqui. Seriamos absolvidos.”
Ainda vou tratar
mais desse encontro nos próximos posts, com vídeos e importantes trechos de
outros participantes também. Mas já queria compartilhar com vocês como foi um
pouco desse evento no Rio.
Fonte: Coletivizando