Comissão criada para investigar
bicheiro acabou com relatório de 2 páginas. Gastos se concentraram em diárias,
passagens aéreas e hospedagem.
Criada para apurar o elo de
políticos e empresários com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, a comissão
parlamentar mista de inquérito conhecida como CPI do Cachoeira custou aos
cofres públicos R$ 167.101,16, segundo dados oficiais obtidos pelo G1 na
Diretoria Geral do Senado.
A comissão
durou oito meses, mas os trabalhos se concentraram no
primeiro semestre do ano
passado. Depois do recesso de julho, as eleições levaram à suspensão dos
trabalhos até o fim de outubro. Em novembro e dezembro, as atenções se
concentraram para votar o relatório final com as conclusões.
Ao final dos
trabalhos, a CPI consumiu menos recursos do que inicialmente previsto. O
requerimento de criação da comissão fixava em R$ 200 mil o limite das despesas
a serem realizadas no trabalho de investigação.
Dos 167 mil
dispendidos, a maior parte, R$ 130.642,06, foi usada para pagamento de diárias.
Para
pagamento de passagens áreas domésticas, o Congresso desembolsou no período de
funcionamento da comissão outros R$ 33.619,20. O restante, R$ 2.839,9, foi
usado para pagamento de hospedagem em Brasília, que cobrem custos especialmente
de pessoas chamadas a depor.
Das 35
pessoas convocadas ou convidadas para falar à CPI, somente 16 aceitaram dar
informações; as outras 19 permaneceram caladas.
Relatório
A CPI do Cachoeira teve fim no dia 18 de dezembro com a rejeição do relatório final elaborado pelo deputado Odair Cunha (PT-MG), escalado para conduzir a investigação. Sem consenso, o texto do relator, com mais de 4 mil páginas, deu lugar a um "parecer alternativo" de duas páginas que encaminhava ao Ministério Público todo o material recolhido na apuração.
Este documento, redigido pelo deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) e que acabou aprovado como relatório final, não sugere o indiciamento de nenhum dos suspeitos de envolvimento com o esquema de Cachoeira.
A CPI do Cachoeira teve fim no dia 18 de dezembro com a rejeição do relatório final elaborado pelo deputado Odair Cunha (PT-MG), escalado para conduzir a investigação. Sem consenso, o texto do relator, com mais de 4 mil páginas, deu lugar a um "parecer alternativo" de duas páginas que encaminhava ao Ministério Público todo o material recolhido na apuração.
Este documento, redigido pelo deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) e que acabou aprovado como relatório final, não sugere o indiciamento de nenhum dos suspeitos de envolvimento com o esquema de Cachoeira.
O líder do
PSDB, senador Alvaro Dias (PR), que integrou a CPI, disse acreditar que a
comissão não "cumpriu o seu papel", pois deixou de apurar desvios de
dinheiro público em licitações e a suposta relação da construtora Delta com
empresas fantasma.
"A CPI
deixou a desejar, não cumpriu o seu papel. Ela escondeu mais do que revelou,
ficou adstrita ao que a Polícia Federal tinha revelado. A CPI tinha que chegar
ao desvio de dinheiro público através de licitações fraudadas, esquema de
empresas laranjas com a participação da Delta e remessas ao exterior",
afirmou o tucano.
Ele explicou
que a maioria comissão rejeitou o relatório de Odair Cunha por considerar que
houve "blindagem" à construtora Delta. "O relatório foi
dirigido, por isso o rejeitamos. Na verdade isso que deveríamos ter investigado
a Polícia Federal não investigou nem o Ministério Público".
Já para o
deputado Paulo Teixeira (PT-SP), vice-presidente da CPI, os mais de R$ 167 mil
gastos "valeram a pena". Ele destacou que o relatório de Odair Cunha,
apesar de não ter sido aprovado pela maioria, foi entregue ao Ministério
Público Federal, a quem caberá iniciar novas investigações ou anexar os dados
aos inquéritos já abertos.
Para o
petista, o parecer do relator trouxe elementos novos que devem auxiliar as
apurações do MPF e da Polícia Federal. "Acho que o gasto se justificou.
Todo o relatório do deputado Odair Cunha vai ao Ministério Público Federal e é
um documento muito importante, completo. Os dados constantes do relatório falam
por si, então o gasto valeu a pena", disse.
Fonte: G1
