Após ter carro arrombado, motorista acusa PMs de
espancamento em posto policial
Raquel Martins Ribeiro
Especial para o Jornal de Brasília
Para o motorista executivo Carlos Augusto, de 48
anos, a volta do Carnaval não terminou nada bem. Por volta das 23h do último
domingo ele e sua esposa encontraram o carro da família arrombado, quando saíam
do bloco Raparigueiros, na Asa Sul. De acordo com o motorista, ao tentar dar
queixa do ocorrido no posto da Polícia Militar, na Rodoviária do Plano Piloto,
ele e sua esposa foram agredidos por agentes que estavam no local.
Segundo Carlos, a confusão começou quando ele foi
tratado mal por um policial do posto – identificado como Sargento Trindade –,
que o orientou a registrar a ocorrência na 5ª DP. “Perguntei onde ficava a
delegacia e ele
mandou que eu me virasse. Eu respondi que não deveria ter de me
virar, já que o trabalho dele seria atender os cidadãos. Ele me xingou e eu,
nervoso, revidei o xingamento”, afirma.
Batalhão
“Nós já estávamos chegando na escada rolante,
quando ele avistou um batalhão. Me pegou de surpresa por trás e os outros
policiais – que nem sabiam o que estava acontecendo – ajudaram o sargento a me
levar até a sala do posto”.
Ainda segundo Carlos Augusto, dentro da sala do
posto, os agentes se revezavam durante a sessão de espancamento, que resultou
em uma fratura no braço, pontos na cabeça e perto dos olhos, além de diversas
escoriações pelo corpo. “Pedi a eles que parassem, mas tudo que sentia eram
pancadas na cabeça. Queriam me matar”, acredita.
Conforme relato da esposa Sandra Maria da Silva,
servidora pública, 48, as agressões só cessaram quando ela informou que ligaria
para um advogado. “Nada justifica o que fizeram. Ele poderia ter detido meu
marido por desacato, se fosse o caso. Mas nunca essa barbárie”, considera.
Corregedoria diz que não sabia do caso
Ao ser liberado, Carlos teria sido acompanhado de
volta ao carro, ainda muito debilitado. Saindo do local, foi até o Hospital de
Base e, logo em seguida, registrou boletim de ocorrência por lesão corporal e
danos morais na 5ª Delegacia de Polícia (Setor de Grandes Áreas Norte).
Procurada pelo JBr., a Corregedoria de Polícia
Militar do DF diz só ter conhecimento do caso pela imprensa. “Pedimos a suposta
vítima que compareça à Corregedoria da PMDF para apurarmos se houve indícios de
crime ou transgressão por parte dos policiais. Esse tipo de atitude não faz
parte das nossas ações, que devem ser pautadas com profissionalismo e
cordialidade ao cidadão”, informa.
Ameaças
Carlos Augusto se queixa ainda de ter perdido R$
180, que estariam em sua carteira. Ele e sua esposa afirmam que sofreram
ameaças após sua filha publicar o ocorrido em uma rede social. “Estou com muito
medo, principalmente pela minha família. Mas vou até a última instância buscar
por justiça”, ressalta a vítima, que irá levar a cópia do B.O. até a
Corregedoria da PMDF hoje.
Memória
Em junho de 2014, o Jornal de Brasília noticiou a
morte do auxiliar de serviços gerais Antônio Pereira de Araújo. Ele desapareceu
no dia 26 de maio de 2013, depois de uma abordagem policial em Planaltina.
Em novembro do mesmo ano, um caminhoneiro de
Planaltina afirmou ter sido agredido por cinco agentes, do 14º Batalhão da PM.
A vítima procurou a Promotoria de Justiça para denunciar a conduta dos
militares.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília